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Dez anos sem Emílio Santiago: relembre a trajetória do artista

Intérprete despontou após apresentação em programa de calouros e se tornou um dos maiores da MPB

Paulo César Gomes • 20/03/2023 às 15:20 - há XX semanas

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					Dez anos sem Emílio Santiago: relembre a trajetória do artista
Divulgação

Em uma época em que os programas de TV, sobretudo os do chamado “horário nobre”, comandados por comunicadores como Chacrinha, Silvio Santos, Carlos Imperial e Flávio Cavalcanti, brigavam pela audiência e caprichavam em suas atrações musicais, muitos talentos tiveram suas primeiras oportunidades, que quando bem aproveitadas, se tornavam o passaporte para o sucesso definitivo. Foi assim com o carioca Emílio Vitalino Santiago.

O jovem de 27 anos deixou embevecido o exigente corpo de jurados do prestigiado e concorrido quadro “A grande chance”, do “Programa Flávio Cavalcanti”, da Rede Tupi de Televisão. Entre os jurados estava a sambista Beth Carvalho, que também começava a despontar para o estrelato na música brasileira. O próprio Flávio, ranzinza e perfeccionista, ficou de “queixo caído” com a voz, o swing e a maneira leve do rapaz, quase semelhante à de um veterano. Era 1973, e naquele mesmo ano, Emílio realizou o grande sonho de todo artista da música: a gravação do seu primeiro disco, um compacto pela gravadora Polydor com as músicas “Transa de Amor” e “Saravá Nega”.

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O primeiro LP saiu dois anos depois, pela gravadora CID. O trabalho reuniu músicas esquecidas ou que não fizeram tanto sucesso de grandes compositores como Chico Buarque, Ivan Lins, João Donato, Gilberto Gil, João Nogueira e outros. A partir daí, Emílio, com uma notável capacidade de colocar nas interpretações sua marca, caracterizada pela sua voz limpa, grave e ao mesmo tempo suave e gostosa de se ouvir, se tornou um dos mais respeitados intérpretes da música brasileira. De 1975 a 2011 foram 31 discos, onde gravou a nata do cancioneiro nacional: dos grandes sucessos e clássicos do samba ao repertório romântico, onde a sua bonita voz se encaixava perfeitamente. Impossível contar a história da MPB e não citar seus sucessos e interpretações marcantes, como “Nego John”, “Nega”, “Pelo Amor de Deus”, “Saigon” e “Verdade Chinesa”. Sem contar as suas releituras de clássicos como “Flor de Lis”, “Amigo é Pra Essas Coisas”, “Canto de Ossanha, “Vai Passar” e “Trocando em Miúdos”.

Um momento especial da carreira de Emílio foi quando ele defendeu a música “Elis, Elis”, uma homenagem dos compositores Marcelo Simões e Ana Estevam a Elis Regina (1945-1982) no ‘Festival dos Festivais’ da Rede Globo, em 1985. Na ocasião, ele ganhou o prêmio de melhor intérprete.

Emílio morreu no Rio de Janeiro, em 20 de março de 2013 aos 66 anos, 13 dias depois de sofrer um acidente vascular cerebral. No imaginário “dicionário histórico da MPB”, obrigatoriamente na letra “E” estará o ‘verbete’ Emílio, detentor de uma linda obra e dono de uma privilegiada voz, uma das mais perfeitas da nossa música.

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