Urbanidade vinda dos morros cariocas; regionalidade nas raízes nordestinas e na carga genética e emocional do pai e do avô; indignação social construída em senso de cidadania e consciência política; carisma, romantismo e leveza herdada da mãe, cantora da noite. Desse caldeirão de características surgiu um dos maiores personagens da música brasileira em todos os tempos: Luiz Gonzaga Júnior, eternamente chamado e acarinhado pelo público como Gonzaguinha.
Nascido no Rio de Janeiro, mas com “um quê” de mineiro, pelos muitos anos vividos em Belo Horizonte, Gonzaguinha desde cedo mostrou uma personalidade muito forte, inclusive artística, quando escolheu e seguiu caminhos bem diferentes do seu pai. Ele é filho de um dos maiores ídolos do país e referência em um ritmo que definitivamente virou uma das células fundamentais da nossa música e cultura: o Rei do Baião, Luiz Gonzaga.
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A poesia de Gonzaguinha, imortalizada em letras e canções, mostra sua beleza e força tanto nas coisas do amor e de outros sentimentos do coração, como na crítica social, além da crença num Brasil sempre desejado, com igualdade e democracia verdadeira.
Seu talento nos deu maravilhosas joias como “Explode Coração”, “Grito de Alerta”, “Comportamento Geral”, “O Que é o Que é”, “Semente do Amanhã”, “Sangrando”, “É”, “Lindo Lago do Amor”, “E Vamos à luta”, “Começaria tudo outra vez” e muitas outras. A lista é longa e notável.
Gonzaguinha partiu aos 45 anos, em um acidente de carro no dia 29 de abril de 1991. Ele deixava a cidade de Pato Branco (PR). onde havia realizado um show. Suas canções enriqueceram os repertórios de muitos artistas e ganharam beleza e dimensão nas vozes de Maria Bethânia, Simone, Zizi Possi, Erasmo Carlos, Alcione e tantos outros. Elas também deixam em todos os ouvintes momentos de paz, romantismo, reflexão e a certeza de que somos privilegiados em ter na nossa música alguém como Gonzaguinha.