"Meu pai costumava dizer que ele não tinha medo de morrer, mas que tinha medo de ser esquecido e isso, com certeza, ele não foi". Filha caçula de Raul Seixas, Vivi Seixas está certa. O pai dela está imortalizado na música, na arte e na história do Brasil.
No dia 28 de junho de 2025, Raul Seixas completaria 80 anos e, mesmo 36 anos após sua morte, o músico baiano segue mais presente do que nunca. Ainda hoje o público de shows de Rock gritam "Toca Raul!", pedindo para ouvir os sucessos do Maluco Beleza.
Leia também:
Raul Santos Seixas nasceu em Salvador no ano de 1945, e foi por aqui, que o cantor começou a criar o próprio universo. Fã de rock e Elvis Presley, ainda jovem, Raul fundou um grupo chamado "Elvis Rock Club" com os amigos e formou a banda Os Panteras, com quem lançou o primeiro disco da carreira, em 1968.
A fama, no entanto, veio nos anos 70, quando assumiu a própria identidade musical no álbum "Krig-ha, Bandolo!" (1973). Foi com este projeto que ele se tornou a "mosca na sopa que nem o DDT pode exterminar", como diz a música "Mosca Na Sopa". Ali, Raul apresentou ao mundo a versão filosófica e crítica do roqueiro, unindo temas como a busca pela liberdade do ser, com crítica social, misticismo e existencialismo.
Neste período, Raul criou a "Sociedade Alternativa" ao lado de Paulo Coelho, um movimento baseado nas ideias do ocultista inglês Aleister Crowley, que defendia a liberdade individual e a busca por experiências transcendentes.
A parceria com Paulo Coelho durou muitos anos e trouxe ao mundo clássicos da música como "Gita", "As Profecias", "Medo da Chuva", "Sociedade Alternativa" e "Tente Outra Vez", canção que inspirou a dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó a seguir com a carreira.
Após o sucesso dos anos 1970 e o auge da parceria com Paulo Coelho, Raul se afastou do amigo, entrando numa nova fase da carreira. Nessa época, Raul se manteve mais distante dos grandes palcos, enfrentando problemas de saúde e dificuldades pessoais.
Ainda assim, o roqueiro buscou novas formas de se conectar com o público e manter o laço com a música, incluindo sua participação em programas infantis como o "Plunct Plact Zuum", da TV Globo, mantendo o espírito criativo e rebelde em novos formatos.
Último momentos de Raul Seixas
Mesmo lutando contra problemas de saúde como pancreatite, alcoolismo, diabetes e depressão, Raul Seixas não abandonava a música. Em 1988 lançou o 30º disco, "A Pedra do Gênesis", prometendo ser a retomada da carreira. "Este disco novo marca a retomada da Sociedade Alternativa, onde cada homem é embaixador do seu país, e fim de papo", disse o cantor em entrevista ao Jornal O Globo na época.
No ano seguinte, 1989, o cantor viajou o Brasil com uma série de 50 shows ao lado de Marcelo Nova, ex-vocalista do Camisa de Vênus. A turnê resultou no disco "A Panela do Diabo" (1989), também em parceria com Marcelo.
O álbum foi a despedida musical de um artista que nunca se calou para o autoritarismo. Raul foi encontrado morto em seu apartamento, vítima de uma pancreatite aguda. Ainda assim, no ano que marca os 80 anos de seu nascimento, Raul Seixas segue como um dos nomes mais citados, reverenciados e ouvidos da música brasileira.
O Mundo GFM celebra 80 anos do Maluco Beleza
O Mundo GFM lança uma série de reportagens para homenagear os 80 anos de Raul Seixas começando por este panorama da vida e legado do Maluco Beleza que encantou o Brasil e o mundo.
Na próxima reportagem, o Mundo GFM vai revelar um Raul mais íntimo e familiar, a partir de entrevistas exclusivas com Vivi Seixas e Scarlet Seixas, filhas do músico. "A fama não o definia; na verdade, ele era mais ele mesmo", disse Scarlet.
Ao longo da série, o público vai mergulhar em músicas que, segundo as filhas de Raul, foram subestimadas pelo público e mostram a genialidade do roqueiro filósofo. Também foram entrevistados fãs do cantor que transformaram a admiração por Raul em arte, mostrando como o Maluco Beleza segue vivo inspirando novos artistas.
