Se estivesse vivo, Sérgio Sampaio faria 76 anos nesta quinta-feira (13). O cantor e compositor tornou-se notável por sua poética elaborada e sua capacidade de criar composições em diversos gêneros, tendo como maior sucesso a canção "Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua", de 1973. A trajetória de Sampaio, no entanto, vai muito além do seu maior hit e é repleta de altos e baixos. Por sua dificuldade de se relacionar com gravadoras, o artista acabou por entrar no rol dos "malditos" da MPB.
Sampaio começou a carreira como radialista em sua cidade natal, Cachoeiro de Itapemirim (ES), e depois mudou-se para o Rio de Janeiro, onde chegou a trabalhar em algumas emissoras. Logo ele abandonou o rádio para seguir a carreira artística. Em 1970, conheceu Raul Seixas, que à época era produtor da gravadora CBS. Pela companhia, gravou seus primeiros compactos e participou do emblemático LP "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez", ao lado de Raul, Edy Star e Miriam Batucada. O trabalho de 1971, por sinal, é uma anárquica ópera-rock que merece ser redescoberta.
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No ano seguinte, Sampaio inscreveu e apresentou “Eu quero é botar meu bloco na rua” no Festival Internacional da Canção do Rio. A faixa não chegou a vencer a competição, mas conquistou o público, o que levou a gravadora Philips a contratar o artista para gravar o primeiro álbum da carreira. O LP de 1973, que leva o mesmo nome da canção, traz outras pérolas além do maior hit, a exemplo de "Odete" e "Cala a Boca, Zebedeu".
O álbum, no entanto, foi um fracasso comercial. Boa parte disso tinha a ver com o comportamento do próprio artista, que descumpria compromissos de divulgação do trabalho em programas de rádio e TV, além de se desentender constantemente com executivos e produtores da indústria fonográfica. Com diversos problemas pessoais, o artista se afastou do cenário artístico e só voltou a gravar em 1976, quando lançou "Tem que Acontecer". Entretanto, Sampaio repetiu o ciclo de não honrar os compromissos de divulgação.
Ao longo de sua trajetória, Sérgio Sampaio ainda lançou mais um álbum, intitulado "Sinceramente" (1982), e teve diversos problemas com alcoolismo e depressão. Nos últimos anos de vida, chegou a ensaiar um retorno para a música, mas acabou por falecer aos 47 anos, em 1994. Antes de morrer, ele deixou registrada uma seleção musical para um novo disco, que seria lançado pelo selo Baratos Afins. As gravações só foram divulgadas em 2006, com produção de Zeca Baleiro, e deram origem ao álbum Cruel.
Relembre canções do artista:
Todo Mundo Está Feliz
Filme de Terror
Cala a Boca, Zebedeu
Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua
Que Loucura