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Com compra de seguidores é possível criar uma 'celebridade'

Venda de ‘curtidas’ pode influenciar eleições e destruir reputações

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Redação iBahia

18/07/2017 às 17:00 • Atualizada em 01/09/2022 às 2:18 - há XX semanas
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A internet está cheia de celebridades, que usam a influência sobre seguidores para lançar tendências e promover produtos, mas alguns, na sede pela fama virtual, podem acelerar esse processo. Um relatório produzido pela empresa de segurança Trend Micro mostra que com US$ 2.600, cerca de R$ 8.200, é possível comprar 300 mil seguidores e enganar os algoritmos de redes sociais.

— Esse mercado tem um impacto no algoritmo. As contas com mais seguidores são apresentadas como de maior relevância. 300 mil seguidores é volume suficiente para uma conta ser notada pelo algoritmo e ter sua influência ampliada — comenta André Alves, conselheiro técnico da Trend Micro Brasil.

Foto: Reprodução


E esse comércio não está nos mercados ilegais da deep web, elas acontecem livremente. No Brasil, basta procurar no Google por “vendo curtidas” que aparecerão até empresas anunciantes. Numa das ofertas, no Mercado Livre, o vendedor oferece 500 seguidores no Instagram por R$ 14,90, sendo que o “lote”, com cem mil seguidores, sai por R$ 2 mil. Ou seja, 300 mil seguidores custam R$ 6 mil.

— As vendas acontecem livremente na internet. É uma área cinza, não existem leis que proíbam esse tipo de manipulação — explica o especialista.

Na China, o serviço Higym diz ser capaz de burlar o GPS, o Wi-Fi e a localização da base para controlar, de um escritório, 10 mil aparelhos celulares. A “fazenda de cliques” é capaz de fazer praticamente tudo, desde seguir uma determinada conta, a curtir publicações e publicar comentários. Tudo controlado por um script.

O uso publicitário desses serviços pode ser questionável, mas não é ilegal. Contudo, a manipulação de algoritmos pode ter outras consequências, desde a destruição da reputação de uma pessoa à vitória numa eleição. No relatório, a empresa de segurança estima que é possível desacreditar um jornalista com campanhas em redes sociais com cerca de US$ 50 mil.

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Os pesquisadores exemplificam com um jornalista popular, com 50 mil seguidores no Twitter, 10 mil amigos no Facebook e um blog que publique três artigos semanais, com média de 200 comentários em cada texto. Em uma campanha de quatro semanas é possível manchar a reputação desse profissional, usando uma mescla de serviços que inclui notícias falsas e compra de seguidores e curtidas. É possível até comprar comentários, para criar uma ilusão de credibilidade.

O primeiro passo é criar uma conta e dar a ela aparência de real, com muitos seguidores, curtidas e comentários comprados. Feito isso, o ataque é iniciado, com exércitos de contas falsas comentando e compartilhando notícias mentirosas contra o jornalista e nos textos do profissional, tanto no Twitter como no Facebook.

"Fazenda de cliques" na Tailândia (Foto: Reprodução)


“O resultado? Por cerca de US$ 55 mil, um internauta que lê, assiste ou faz outras buscas sobre o conteúdo falso da campanha pode ser levado a ter uma impressão fragmentada e negativa do jornalista”, diz o relatório.

Eleições, acordos comerciais e referendos

Outro ponto abordado no estudo foi o impacto no processo decisório, “de eleições, acordos comerciais e referendos até decisões financeiras pessoais”. Numa campanha, os pesquisadores da Trend Micro sugerem que um operador por comprar alguns sites na região alvo, que fazem referência um ao outro para conferir credibilidade. No início, o ideal é que notícias reais sejam publicadas, e distribuídas pelas redes sociais, para conquistar uma presença on-line.

Quando o momento decisório se aproximar, esses sites são usados para publicar notícias falsas, que são amplificadas por redes de bots e contas reais infladas com seguidores comprados.

“Uma campanha de 12 meses com orçamento de US$ 400 mil deve ser capaz de ao menos atrair uma multidão de pessoas com percepção e crenças aliadas com a da agenda da campanha”, aponta o relatório. “O fator decisivo para o sucesso da campanha é, entretanto, o timing, ou quão rápido o conteúdo falso pode se espalhar antes de a decisão ser tomada”.

Essa prática, classificada como “ciclo da opinião pública” no relatório, tem se difundido nos últimos processos decisórios em todo o mundo, e alertado os defensores do sistema democrático. Nos EUA, a eleição do presidente, Donald Trump, foi marcado pelas fábricas de notícias falsas, o mesmo aconteceu no Brexit. No Brasil, a campanha presidencial e o processo de impeachment de Dilma Rousseff foram marcados pela presença de redes de bots nas redes sociais.

— Existe a tendência de pensar que a manipulação de uma eleição acontece nas urnas, nas máquinas de voto, mas hackear essas máquinas é muito difícil. Não existe notícia de que isso tenha acontecido no mundo — afirma Alves. — Mas podemos dizer que sim, uma eleição pode ser hackeada.

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