A pandemia do novo coronavírus elevou os índices de desemprego no Brasil. Segundo dados do IBGE, a média anual de desemprego em 2020 ficou em 13,4 milhões de brasileiros. Diante desse cenário, Bianca Câncio, Jéssica Duarte e Letícia Pazos decidiram abrir seus próprios negócios ao invés de investir no mercado formal. E elas não são as únicas. De acordo com dados do Portal do Empreendedor, foram quase 2 milhões de novos microempreendedores individuais (MEIs) no país, no ano passado.
Bianca transformou o gosto por testar receitas novas com o namorado, para compartilhar nas redes sociais, na Grano Doce. A empresa comercializa unidades de cookies com e sem receio e tortas de cookies por meio de encomendas através do WhatsApp.
Jéssica, que já estava se planejando para ter seu próprio negócio antes mesmo da pandemia, abriu um ateliê de flores e desidratas (flores secas), localizado na Villa San Luigi, na Pituba. A Savana oferece várias opções de arranjos e a aquisição pode ser feita na loja diretamente ou por meio de encomenda pelo WhatsApp da loja.
Letícia, que é formada em nutrição e tem restrições alimentares, enxergou na sua dificuldade em encontrar produtos saborosos que não causassem desconforto ou alergias a oportunidade de lançar a Prana Soul Food. A marca de culinária inclusiva comercializa bolos, tortas, brownies, cookies, trufas, pães e bebidas (todos sem glúten, leite, refinados e conservantes) por meio de encomenda pelo WhatsApp.
Como começar um negócio
Mesmo com segmentos de negócio diferentes, as três seguiram os pilares essenciais para empreender: pesquisaram o mercado, planejaram todos os detalhes, observaram a resposta do público aos produtos e estão sempre se renovando.
De acordo com Rogério Teixeira, gerente da Unidade Regional do Sebrae em Salvador, para criar e manter um negócio, é preciso entender o mercado em que deseja atuar e ficar atento as necessidades das pessoas, principalmente na pandemia, em que os hábitos de compras on-line estão ganhado cada vez mais espaço. Um meio de pagamento digital e a presença nas redes sociais se tornaram pontos imprescindíveis para o crescimento.
"Não existe uma fórmula mágica para o sucesso do negócio, o que existe são técnicas e ferramentas que aumentam a probabilidade do negócio dar certo. Antes de colocar a empresa no mercado, é preciso fazer um plano de negócios (espécie de guia que reúne planilhas e projeções para direcionar todas as atividades da empresa) e de um canvas (representação visual do negócio para definir se vai ser capaz de produzir, capturar e entregar valor para clientes e acionistas, vale para negócios novos ou existentes)", orientou o gerente do Sebrae.
Com essas ferramentas citadas, o empreendedor identifica quem é a persona do seu negócio (personagem fictício que representa o cliente ideal), os concorrentes (o que eles oferecem, seus diferenciais e suas falhas), os fornecedores e os investimentos que precisa fazer.
A partir disso, é possível traçar estratégias do que o empresário vai oferecer de diferencial, de inovação para o mercado e de como vai estruturar o negócio, desde a produção até as transações de vendas.
Além disso, é importante ter um conceito bem definido, objetivos, uma identidade visual e metas dentro de prazos específicos.
Ao iBahia, Rogério Teixeira também garantiu que o ditado popular “em time que está ganhando não se mexe” não se aplica no ramo dos negócios. "Tem que se capacitar e ficar atento as novidades. É preciso ser inquieto para manter o negócio no topo".
Empreender também é um ato de amor
Para além de decidir um ramo para empreender, fazer planejamentos e executar estratégias, é importante acreditar no negócio. Em entrevista ao portal, as três empreendedoras reforçaram muito o amor ao que fazem e o quanto é gratificante ver suas ideias tomando formas.
"Empreender em qualquer lugar é muito difícil. É preciso ter dedicação, focar no que acredita, se atualizar e ser criativo a todo momento. Para mim, uma vantagem de ter um negócio próprio é a possibilidade de seguir o que a gente acredita", afirmou Bianca, que já tem planos de colocar seus produtos para vender em restaurantes locais e até comercializar nacionalmente.
Jéssica, que se divide nas demandas da Savana com o marido, Gabriel, e a florista Ana Paula, também recomendam empreender no que ama e fazer sentido com o seu propósito.
"Empreender com flores é prazeroso por si só. Ter flores conosco a todo instante é terapêutico e isso se estende para quem as recebe. As flores têm diminuído a distância necessária nesse momento e ajudado as pessoas a expressarem seu apoio, presença e afeto", contou Jéssica sobre sua experiência. Ela já vislumbra aumentar as opções de produtos para os clientes, poder fazer eventos e aumentar a equipe.
Letícia explicou que sempre quis juntar a nutrição comportamental, a terapia alternativa e a gastronomia para ter seu próprio negócio.
"Sempre foi o sonho da minha vida criar essa empresa e eu sabia como eu queria fazer. A Prana é o resumo da minha vida, passei por isso [dificuldade de achar produtos que atendam quem sofre com restrições alimentares], e poder criar produtos que atendem minhas necessidades e de outras pessoas é gratificante".
Como anda o mercado de micro e pequenas empresas
Segundo o gerente do Sebrae, atualmente, Salvador conta com aproximadamente 280 mil micro e pequenos negócios. "Esse número representa 97% dos negócios de Salvador e emprega cerca e 140 mil pessoas", acrescentou, que a todo momento sinalizou para a importância desses empreendedores para a sociedade como um todo, principalmente quando o assunto é geração de renda e emprego.
Para quem não sabe por onde começar, Rogério Teixeira garante que os setores mais buscados para abrir negócios são os de primeira necessidade de consumo, que inclui alimentos, belezas e cosméticos.
"Esses setores têm relação com as necessidades essenciais das pessoas e estão mais próximos de uma média de capacidade de investimento que o empreendedor possui. Além disso, muitos negócios nesses setores começam dentro de casa mesmo, com base no que a pessoa sabe fazer de melhor, e depois que expande", detalhou.
Além disso, é importante ter em mente que as dificuldades vão fazer parte do processo. Vale fazer pesquisas de mercado, buscar capacitações on-line no ramo de negócio escolhido e em gestão e até buscar um serviço de consultoria, para aprender como precificar os produtos, escolher as embalagens, aprender formas mais práticas de armazenar o produto, entre outros.
Com base nas orientações do especialista e na experiência das empreendedoras, tenha em mente ainda a necessidade de ter mais de um fornecedor, seja por dificuldade de achar os insumos para produção ou mesmo como uma reserva em casos de imprevistos com a entrega.
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Redação iBahia
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