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Professor aplica coluna de Jéssica Senra em prova de escola na Bahia

Em entrevista ao iBahia, o professor Felipe Lisonjeado explicou como usou as reflexões da jornalista para falar sobre machismo com os alunos

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Iamany Santos

10/11/2023 às 18:50 - há XX semanas
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O professor de uma escola particular de Feira de Santana, cidade localizada a cerca de 100 km de Salvador, surpreendeu os alunos ao utilizar um trecho da coluna 'O Olhar Dela', escrita pela jornalista Jéssica Senra, no portal iBahia, em uma das provas da disciplina de Artes.


				
					Professor aplica coluna de Jéssica Senra em prova de escola na Bahia
Felipe Lisonjeado, professor de artes no Colégio Limite, em Feira de Santana. Foto: Arquivo pessoal

Graduando em Letras pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Felipe Lisonjeado leciona artes para o 1º ano do ensino médio do Colégio Limite, uma das instituições de ensino privado da cidade. Acostumado a acompanhar os comentários e reflexões colocados por Jéssica Senra durante o Bahia Meio Dia, telejornal da TV Bahia, o professor viu a possibilidade usar as falas da jornalista para discutir temas sociais importantes em sala de aula.

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"Para mim, [as reflexões dela] sempre foram uma grande aula dentro do jornal. Eu, enquanto professor em formação, sempre observei quando ela discutia sobre feminismo, questões de gênero, racismo [e] homofobia. Isso sempre me chamou atenção no [jornalismo] que ela faz", relata o professor, em entrevista ao iBahia.

Foi a partir desta análise, que Felipe decidiu juntar a literatura e o jornalismo para falar sobre machismo na sociedade. "Nessa disciplina de arte, nós estamos trabalhando o livro de contos 'Olhos D'Água', da autora Conceição Evaristo, e selecionei alguns contos para trabalhar com os alunos uma formação leitora e artística", conta Felipe.


				
					Professor aplica coluna de Jéssica Senra em prova de escola na Bahia
Trecho da coluna "Guarde seu chicote que eu quero conversar", escrita pela jornalista Jéssica Senra, foi utilizado em uma das questões da prova. Foto: Arquivo pessoal

Através da reflexão de um dos contos presentes na coletânea de Conceição, o professor decidiu usar o que Jéssica Senra propôs na coluna "Guarde seu chicote que eu quero conversar" na prova interpretativa da disciplina.

"No momento da confecção com a prova, um dos contos que eu trabalhei [que foi] 'O Cooper de Cida' [falava] muito sobre essa questão da mulher e dessa cobrança [sob] a mulher. Então, eu lembrei da coluna de Jéssica e me deu uma lamparina na hora", relata Felipe.

Trazer Jéssica como referência foi, segundo Felipe, uma forma de conectar o assunto com a realidade. "Eu acredito muito que o jornalismo e as redes sociais são meios de chegar a palavra para aqueles alunos. Então pensei: 'porque não colocar um trecho dessa coluna e linkar com o conto, para que ele possam [entender] o tema'", pontuou ele.

Identificação e transformação

O choque da turma ao reconhecer "a moça do jornal" na prova foi grande e, de acordo com o professor, positivo. As alunas, em sua maioria, já tinham demonstrado uma grande identificação com as palavras de Conceição Evaristo.

"Muitas alunas disseram que se sentiram representadas com a literatura de Evaristo, principalmente este conto [O Cooper de Cida] que falava muito desse chicote, dessa cobrança sob a mulher."


				
					Professor aplica coluna de Jéssica Senra em prova de escola na Bahia
Felipe leciona artes para uma turma do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Limite. Foto: Arquivo pessoal

Buscando explorar essa conexão, Felipe resolveu apresentar o tema através da ótica de Jéssica Senra, uma das jornalistas mais conhecidas na Bahia. Para o professor, a imagem da jornalista faz parte da rotina dos alunos, uma vez que eles sempre a veem no horário que chegam em casa. Essa proximidade simbólica fez efeito e, através da prova, muitos alunos procuraram se conectar mais com o tema lendo as reflexões da jornalista.

"Quando eu coloquei a foto dela na prova, os meninos tomaram um susto e falaram: 'Olha, a moça do jornal!'. E, a partir da prova, muitos vieram me dizer que leram o texto completo da coluna, era um tema que eles ainda não tinham contato", conta o professor.

Para o professor, essa função também educadora e reflexiva deve fazer parte do jornalismo e contribui para a aproximação de jovens a temáticas sociais importantes.

"Eu acredito que Jéssica falar [sobre o tema] tanto na coluna, quanto no jornal, é essencial para que hajam esses debates", finaliza ele.

*Sob supervisão da editora Mayra Lopes

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