O casarão que desabou no bairro do Comércio, em Salvador, passará por uma nova demolição. Segundo informações da Defesa Civil da capital baiana (Codesal), o segundo andar da estrutura está comprometido e terá que ser retirado manualmente para não afetar os imóveis ao lado. A decisão foi tomada após uma vistoria e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) executará o serviço.
Ainda não há data para a demolição. No entanto, o casarão apresenta sinais de abandono e degradação. Imagens divulgadas pela TV Bahia nesta sexta-feira (23) evidenciam que o espaço está com muito lixo e vem sendo utilizado como banheiro público.
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O imóvel, que até já foi citado na obra "O Sumiço da Santa", do escritor baiano Jorge Amado, foi interditado pela Defesa Civil um dia antes do desabamento. A estrutura abrigou o Restaurante Colon por 107 anos e por não passar por manutenção apresentou indícios e riscos de desabamento. Na ocasião, a Codesal explicou que o prédio foi evacuado em setembro de 2020 pelo mesmo motivo.
A interdição seguiria vigente até que o risco fosse sanado, com a realização de serviços de recuperação e reforço estrutural das partes instáveis do imóvel. Mas o espaço não reabriu. No dia 24 de janeiro, a Codesal fez uma nova vistoria e interditou também a área do entorno por precaução. Na prática, o prédio desabou no dia 25 de janeiro. Depois do ocorrido, os escombros só foram retirados totalmente no dia 29 de janeiro.
O que dizem os responsáveis pelo casarão?
A defesa do proprietário do imóvel informou que eles não foram notificados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) nem pela Prefeitura de Salvador. Além disso, em nota, eles explicaram que não puderam tomar nenhuma atitude em relação ao casarão porque o mesmo estava alugado e o antigo inquilino não devolveu as chaves. No momento, eles aguardam uma decisão da Justiça para poder tomar as medidas cabíveis.
Já o inquilino informou que o proprietário foi notificado sim e que a defesa dele será acionado para análise dessa situação. Já o IPHAN disse que o caso está em apuração.
Interdição da área
Por causa do risco de desabamento, parte da Praça Conde dos Arcos, localizada na rua da Holanda, também foi isolada. Segundo a Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador), o local segue fechado até o final da operação de demolição, que ainda não há prazo para ser concluída.
De janeiro até esta sexta (23), são 30 dias de área bloqueada. Enquanto o acesso ao local está interditado, a opção de tráfego, segundo Transalvador, é seguir pela contramão, na rua Alvares Cabral.
Problemas estruturais
Por falta de manutenção, o casarão tinha apresentado problemas estruturais. Segundo a Codesal, os primeiros indícios foram constatados em uma vistoria realizada em 28 de setembro de 2020, quando o espaço foi evacuado pela Defesa Civil.
O responsável pelo estabelecimento foi notificado para suspender as atividades comerciais até que o risco fosse sanado, com a realização de serviços de recuperação e reforço estrutural das partes instáveis, principalmente nos dois últimos pavimentos superiores, sob a supervisão de profissional habilitado junto ao CREA/CAU.
Ainda segundo a Codesal, a solicitação de inspeção predial foi encaminhada, então, à Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) para a interdição do restaurante e imóvel. Na época, o prédio apresentou desprendimento de reboco da fachada lateral.
O prédio é histórico e abrigou por mais de 100 anos o famoso restaurante Colon. Um dos mais tradicionais de Salvador, o restaurante fechou as portas em 2021, após mais de 100 anos de fundação.
Fechamento do restaurante
O Restaurante Colon fechou as portas em novembro de 2021. Fundado em 1914 por José Maria Orge, que saiu da Galícia, na Espanha, para fugir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o restaurante já recebeu a presença de personalidades como Jorge Amado, Carlinhos Brown, Neuza Borges, Tatti Moreno, Nelson Rufino, entre outros.
A decisão de fechar o local ocorreu após a pandemia da Covid-19. O último dia foi marcado por um sentimento de tristeza para clientes e funcionários. No entanto, os donos do restaurante decidiram reabrir o estabelecimento em outro imóvel, localizado na rua Conselheiro Saraiva, também no bairro do Comércio, mas o local não está mais em funcionamento.
O acidente
Parte do prédio histórico desabou na tarde do dia 25 de janeiro. Por volta do meio-dia, técnicos da Codesal ampliavam a área de isolamento do imóvel e o barulho chamou atenção. Todos correram e o volume de poeira assustou as pessoas que estavam na região.
Segundo o engenheiro da Codesal, que conduzia o trabalho no momento do desabamento, o prédio faz parte de um contexto de proteção do Iphan, mas é uma propriedade privada.
Em nota, o Iphan informou que realizava investigações desde 2022 para encontrar os donos do imóvel e responsáveis por sua manutenção. Recentemente, o instituto identificou o proprietário e ele será atualizado e notificado da situação. Até o fim da tarde da quinta (25) toda a área ficou isolada.
Mayra Lopes
Mayra Lopes
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