Começou na última quarta-feira (13), a nova reforma de requalificação do Elevador Lacerda, um dos principais pontos turísticos de Salvador e meio de transporte da capital para ligar as cidades Baixa e Alta.
A quinta reforma do Elevador acontece com o objetivo de resgatar as características originais do equipamento, com melhorias estruturais nos saguões das quatro cabines de elevadores, além de climatização, pintura, revestimentos de paredes e soluções para otimização de fluxo de passageiros.
Leia também:
Em conversa com o iBahia, o secretário de Mobilidade de Salvador, Fabrizzio Muller, detalhou como o ascensor vai ser mantido em funcionamento ao longo da reforma e outras possíveis mudanças após a conclusão do projeto.
Segundo o gestor, o trabalho de reforma vai ser realizado sempre em duas cabines. Ou seja, durante o período em que os elevadores estejam sendo revitalizados, dois estarão em funcionamento e outros dois parados para uma parcela da obra. Ao todo são quatro elevadores, dois em cada torre.
"A ideia é a gente estar trabalhando sempre em duas cabine ao mesmo tempo e deixando duas livres. Esse é, a princípio, nosso planejamento. Vamos estar alinhando agora com a empresa que vai fazer a obra civil, justamente para coordenar essa intervenção, esse plano de ataque do Elevador, para gerar o menor impacto possível na estrutura [do Elevador], para que as pessoas não tenham a paralização do serviço", afirmou.
O secretário salientou, no entanto, que não descarta a possibilidade de interrupção da circulação de passageiros no prédio, mas garante que será estruturado um esquema para que quem utiliza o serviço seja avisado com antecedência.
"Em algum momento pode ser necessário uma breve paralisação por questões técnicas e de segurança. [...] Uma obra de grande volume, grande complexidade, pode ser que em algum momento seja necessário", disse o secretário, afirmando ainda que o uso dos Planos Inclinados podem ser utilizados como uma possível saída para uma situação como essa.
Outra questão levantada tem relação com o aumento de passagens, que atualmente custa R$0,15. Mesmo com a reforma, Fabrizzio Muller garantiu ao iBahia que não há perspectiva para mudança no valor da tarifa.
"Não é a ideia. No Elevador é cobrado uma taxa até certo ponto simbólica. Além de ser um equipamento turístico, ele é um equipamento extremamente importante para a mobilidade da cidade. [...] Não há perspectiva de aumento. O que haverá, sim, é uma perspectiva de melhoria no sistema de bilhetagem, de cobrança, uma modernização nos meios de pagamento dando maior conforto aos usuários", explicou.
Planos futuros
Além da reforma em execução, outras mudanças podem ser implementadas quando a obra for finalizada. De acordo com o secretário, estão sendo definidas e discutidas a possibilidade de integralização do Elevador Lacerda com outros meios de transporte da cidade.
"A gente está ainda em fase de definição final sobre esse assunto, mas a princípio sim. A gente pensa em integrar isso com o Bilhete Único de Transporte, para facilitar o usuário que já tenha o bilhete para debitar da sua conta, e também utilizar os meios digitais, carteira digital, crédito ou débito", destacou Fabrizzio Muller para o iBahia.
Uma das partes do projeto de revitalização do Elevador Lacerda inclui a liberação das varandas situadas nos espaços laterais do acesso da Cidade Alta, na Praça Municipal. A sorveteria A Cubana, por exemplo, instalada na área do ascensor será realocada para o hall de acesso onde atualmente funciona o Centro de Informações ao Turista.
Sobre o tema, Fabrizzio Muller explicou que os andares superiores da Praça Tomé de Sousa estão sendo avaliados sobre a possibilidade de comportar ou não estabelecimentos de comidas e bebidas.
"O que está se avaliando são os andares superiores da Praça Tomé de Souza. Estão sendo avaliados, se buscando alternativas que certamente serão alternativas que trarão ganhos significativos à própria estrutura do Elevador. Com operação talvez de alimentos, bebidas, qualificados para que a gente tenha uma opção ainda melhor ali no Centro Histórico", concluiu.
Reforma
Segundo a Prefeitura, o projeto de restauração e requalificação do Elevador Lacerda envolve atualização técnica da infraestrutura (ar-condicionado, elétrica, sistema de segurança e contra incêndio, entre outros), associada a um tratamento estético que reduza ao máximo o impacto visual e do espaço interno do ascensor.
O projeto prevê forros do teto serão substituídos por soluções técnicas de menor interferência, enquanto os revestimentos terão materiais de alta resistência e durabilidade. O piso das estações será em granito marrom antiderrapante.
O saguão da estação Cidade Baixa terá novas claraboias e paredes revestidas parcialmente com painéis em azulejos artesanais na cor branco. No passadiço e estação da Cidade Alta do elevador, as paredes receberão pintura acrílica na cor bege claro, além de esquadrias substituídas por um novo sistema que faz referência às composições originais de 1930, porém, agora com caixilhos de alumínio com pintura branca e venezianas móveis de vidro, que poderão ser abertas para permitir a ventilação natural.
Já o nome “Lacerda”, existente desde 1930 no topo da fachada do edifício voltado para a Praça Municipal, será restaurado e adequadamente iluminado. Na Cidade Baixa, por sua vez, serão criados novos gradis metálicos sobre as três portas de acesso, com as palavras “Entrada”, “Lacerda” e “Saída”.
Os gradis adotam uma linguagem que faz referência aos mesmos materiais instalados em 1930, apresentando uma tipografia que similar aquela utilizada na arquitetura déco. Todas as intervenções estruturais serão executadas pela Superintendência de Obras Públicas (Sucop).
História do Elevador Lacerda
O Elevador Lacerda foi criado para solucionar um problema existente de desnível na capital baiana. No início do século XVII, o uso de guindastes era a única solução para o transporte de cargas pela cidade. A população precisava se locomover usando longas escadarias e ladeiras íngremes, o que dificultava muito o dia a dia da população.
Desde então, além de ajudar os moradores como transporte, ele tornou-se um cartão postal e uma atração turística.
A estrutura foi idealizada pelo engenheiro Antônio de Lacerda e construído pelo irmão Augusto Frederico de Lacerda. A obra se iniciou em 1869 e foi concluída no dia 8 de dezembro de 1873. O financiamento do empreendimento foi feito pelo pai da dupla, chamado de Antônio Francisco de Lacerda. Na inauguração, o elevador tinha 63 metros de altura - o mais alto elevador urbano do mundo naquele ano.
O equipamento se chamava Elevador Hidráulico da Conceição - por conta da proximidade com a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Depois, ele passou a se chamar de Elevador do Parafuso. O apelido fazia referência à peça em espiral que impulsionava as duas cabines do elevador.
Somente em 1896 que o equipamento foi 'batizado' de Elevador Lacerda, em homenagem ao seu idealizador, o engenheiro Antônio de Lacerda.
A arquitetura do elevador baiano tem estilo art déco - que surgiu na Europa nos anos 20 e características marcantes como o uso de formas geométricas, ornamentos e design abstrato.
Por mês, o Elevador Lacerda chega a transportar 900 mil passageiros ou, em média, 28 mil pessoas por dia, segundo a Prefeitura de Salvador. Por tamanha importância, o meio de transporte se tornou patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2006
Nathália Amorim
Nathália Amorim
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!