O ex-soldado da Polícia Militar (PM) Eraldo Menezes de Souza foi condenado nesta terça-feira (7) pela morte do menino Joel da Conceição Castro. Ele foi responsável pelo tiro que acertou a criança 13 anos atrás, durante uma operação policial. Já o tenente Alexinaldo Santana Souza, que coordenava a equipe envolvida na ação e também era réu do caso, foi absolvido.
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A decisão do Tribunal do Júri foi anunciada no final da tarde, depois do segundo dia seguido de audiência no Fórum Ruy Barbosa, no bairro de Nazaré, no Centro de Salvador. Na segunda-feira (6), foram ouvidas testemunhas e os réus. Nesta terça, acusação e defesa apresentaram as teses, seguidas do parecer do júri. O ex-militar deve cumprir 13 anos e 4 meses de prisão em regime fechado. A decisão cabe recurso.
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O menino Joel morreu no dia 21 de novembro de 2010. Em uma ação da polícia, no Nordeste de Amaralina, um dos tiros disparados pelos PMs no bairro atravessou a janela da casa do garoto, que se preparava para dormir, e atingiu a cabeça dele. Após as investigações, o Ministério Público (MP-BA) denunciou nove policiais militares por crime doloso em 14 de janeiro de 2011. No entanto, a Justiça da Bahia tornou apenas dois réus.
Réus do caso Joel choraram no júri
O primeiro dia de júri do caso do menino Joel da Conceição Castro só chegou ao fim depois de 11h, na noite da segunda-feira. Ao longo do dia, dez pessoas foram ouvidas, incluindo o militar e o ex-militar.
Os relatos de tiro acidental e choro dos réus estão entre os destaques da sessão, que começou às 9h e só acabou por volta das 20h. Ao todo, sete jurados estavam presentes: cinco homens e duas mulheres. Familiares e amigos do menino, que tinha 10 anos quando foi morto, também acompanharam.
O primeiro a citar a versão de tiro acidental foi o ex-soldado Eraldo Menezes de Souza, que é apontado como responsável pelo disparo que acertou a cabeça de Joel. Enquanto estava sendo ouvido, ele disse que o tiro foi o segundo disparado na região no dia da morte do menino. O primeiro teria sido em direção aos suspeitos, que os policiais alegam que estavam perseguindo no dia em que aconteceu a situação.
De acordo com Eraldo, nesse segundo momento, ele teria escorregado, com a arma para cima, e apertou o gatilho sem querer. O tiro teria batido em um toldo, ricocheteado e seguido para a janela do quarto do garoto. O ex-soldado chorou no momento em que foi questionado se viu o corpo. Ele disse que só soube que tinha atingido a criança depois que tudo acabou.
Já o tenente Alexinaldo Santana Souza disse durante a audiência que não teve nenhuma responsabilidade sobre o tiro disparado acidentalmente pelo comandado. O militar alegou que estava mais à frente no dia da ação. Ele disse ainda que encontrou uma arma ao lado da casa de Joel e que apresentou o artefato na delegacia.
Segundo Alexinaldo, ele só soube que Joel tinha sido baleado no fim da operação e creditava que o tiro tinha sido disparado pelos criminosos, com a arma encontrada do lado da casa do menino. O tenente chorou muito e disse que tinha dois filhos com idades parecidas com a do garoto na época da ocorrência. Afirmou ainda que isso pesou muito para ele nos últimos 13 anos.
Alan Oliveira
Alan Oliveira
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