Após seis anos do assassinato de Marielle Franco, foram presos na manhã deste domingo (24), os três suspeitos de mandarem matar a vereadora em um atentado em março de 2018. Também foi vítima do crime o motorista Anderson Gomes.
Os presos são: Domingos Brazão, que é atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado; Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro e irmão de Domingos Brazão; e e Rivaldo Barbosa, que é ex-chefe de Polícia Civil do Rio.
Leia também:
A prisão ocorreu durante a Operação Murder, Inc., deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Procuradoria-Geral da República e Ministério Público do Rio de Janeiro. Saiba todos os detalhes das prisões abaixo
Quem são os presos
Os irmãos Brazão são políticos do Rio de Janeiro, onde mantém um reduto eleitoral e político em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, região dominada por grupos paramilitares.
Domingos Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), o que lhe dá direito a foro especial. Por causa disso, ele será julgado diretamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o g1, esse foi o motivo para que a investigação do assassinato de Marielle fosse federalizada em fevereiro de 2023.
O deputado federal João Francisco Inácio Brazão (União Brasil) também tem foro especial. Já o delegado Rivaldo Barbosa foi empossado como chefe da Polícia Civil no dia 13 de março de 2018, um dia antes do atentado. Graduado em direito, Rivaldo era coordenador da Divisão de Homicídios e foi convidado para o posto pelo então interventor federal, o general Walter Braga Netto.
Irmãos não resistiram à prisão
De acordo com apuração do jornalista César Tralli, os irmãos Brazão não resistiram à prisão e não ficaram surpresos ao receberem os agentes em casa.
Segundo a apuração, ambos atenderam a porta com educação e permitiram a entrada da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) na casa.
“Foi como se eles já estivessem esperando por este dia, já tivessem contando que uma hora trocaríamos a campainha da casa deles”, disse uma fonte que acompanhou a prisão de Domingos Brazão ao blog.
Ainda de acordo com o que foi apurado pelo jornalista, Domingos Brazão "expressou profunda tristeza" ao saber que seria preso por tempo indeterminado. Os irmãos pediram permissão para fazer uma mala de roupas antes de saírem de casa.
Durante as buscas, foram recolhidos celulares e computadores que serão periciados pela equipe da PF que cuida da investigação no Rio de Janeiro.
Planejamento do crime
Segundo a investigação, a morte da vereadora Marielle Franco foi idealizada pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e "meticulosamente planejado" pelo delegado Rivaldo Barbosa.
A informação consta no documento que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), expede os mandados de prisão dos mandantes. O sigilo dos documentos foi retirado após as prisões.
Enquanto os irmãos Brazão foram os mandantes, o delegado participou da montagem do crime e também de obstruir as investigações do assassinato. Conforme a investigação, o delegado deu uma "garantia prévia de impunidade" aos mandantes do crime. Os presos negam as acusações.
Motivação para assassinar Marielle Franco
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandoski leu, neste domingo, uma reprodução do relatório da investigação da Polícia Federal sobre a motivação do assassinato da vereadora Marielle Franco.
Segundo o trecho lido, o segundo semestre de 2017 foi o período de origem do planejamento da execução da vereadora. Ainda segundo o ministro, foi neste período que Chiquinho Brazão demonstrava "descontrolada reação à atuação de Marielle pela apertada votação do projeto de Lei à Câmara número 174/2016".
Lewandowski acredita que este projeto de lei possa ter sido o estopim para o crime contra vereadora. O relatório diz ainda:
"No mesmo sentido, apontam diversos indícios do envolvimento dos Brazão, em especial do Domingos, em atividades criminosas, incluindo as relacionadas com milícias e grilagem de terras. Por fim, ficou designada a divergência no campo político sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito de moradia".
Um dos motivos do assassinato da vereadora seria, então, por ela se opor a este grupo, que na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, queria regularizar terras para fins comerciais, enquanto o grupo da vereadora queria usar os locais para fins sociais.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!