O diabetes mellitus é uma doença crônica caracterizada pela produção insuficiente de insulina ou má absorção desta. A insulina é o hormônio que regula a presença da glicose no sangue, o que garante energia ao organismo. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), há mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que equivale a 6,9% da população.
Na Bahia, a condição geral sobre incidência da doença, avanço e ou/complicações é um dado desconhecido. A Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) não possui informações estruturadas e atualizadas ou até mesmo um levantamento específico recente sobre a doença. O questionamento foi feito pelo iBahia à diretora do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), que integra a política estadual de atendimento à doença.
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Localizada em Salvador, o Cedeba foi inaugurado em 1994 e presta assistência especializada à pessoas com diabetes, obesidade, disfunções da tireoide e outras doenças hormonais. Apenas pacientes que não têm sucesso no tratamento na atenção básica de saúde por necessidade de especialistas são encaminhados para o centro de referência.
As ações de controle do diabetes no Sistema Único de Saúde (SUS) é oferecido ao paciente, sem manifestação grave da doença, pela rede de atenção básica de saúde, de responsabilidade municipal.
Em 2023, Cedeba tem cerca de 70 mil pacientes cadastrados. Apesar de não possuir dados estruturados, a estimativa, de acordo com Reine Chaves, diretora do órgão, é de que 60% do total de cadastrados faça acompanhamento do diabetes. Do total de pacientes, cerca de 70% seriam do interior da Bahia.
“Começamos a informatizar os processos e assim conseguiremos ter uma ideia de população cadastrada por CID”, justifica Chaves sobre a falta de precisão dos dados. “O Cedeba não foi criado para atender toda a Bahia. Ele foi criado para atender uma população referenciada. À época, a gente tinha uma prevalência que é bem diferente. Dentro da nossa competência está treinar a atenção básica de saúde para o atendimento básico. Essa garantia nós damos”, explica a diretora.
Questionamentos sobre o número de casos e avanço da doença no estado também foi feito à Secretaria Estadual de Saúde. Por e-mail, foram pedidos dados como números total de casos registrados, comparativos e detalhes sobre a política de pública de saúde. A pasta não respondeu às perguntas feitas.
Em 2022, a equipe do Cedeba prestou atividades de capacitação a 291 municípios baianos.
Diabetes mellitus é desafio global na área de saúde
O diabetes mellitus é um problema crescente na área da saúde para todos os países, independente do grau de desenvolvimento. A Federação Internacional do Diabetes projeta que, em 2045, mais de 784 milhões de pessoas em todo o mundo deverá conviver com a doença.
De acordo com a entidade, o aumento da incidência da doença está associado a diversos fatores, desde a excessiva urbanização da vida, passando por questões nutricionais e estilo de vida.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), glicemia elevada é o terceiro fator, em importância, da causa de mortalidade prematura, superada apenas por pressão arterial aumentada e uso de tabaco.
Diabetes: tipos e principais cuidados
O diabetes mellitus pode se apresentar de diversas formas e tipos diferentes. Independente do tipo, o aparecimento de qualquer sintoma é imperativo para que o paciente procure com urgência o atendimento médico especializado.
Diabetes tipo 1 - é uma doença crônica não transmissível, hereditária, que concentra entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil. O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Pessoas com parentes próximos que têm ou tiveram a doença devem fazer exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue. O tratamento exige o uso diário de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose no sangue. A causa do diabetes tipo 1 ainda é desconhecida e a melhor forma de preveni-la é com práticas de vida saudáveis (alimentação, atividades físicas e evitando álcool, tabaco e outras drogas).
Diabetes tipo 2 - ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. A causa do diabetes tipo 2 está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados. É essencial manter acompanhamento médico para tratar, também, dessas outras doenças, que podem aparecer junto com o diabetes. Cerca de 90% dos pacientes diabéticos no Brasil têm esse tipo.
Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA): atinge basicamente os adultos e representa um agravamento do diabetes tipo 2. Caracteriza-se, basicamente, no desenvolvimento de um processo autoimune do organismo, que começa a atacar as células do pâncreas.
Diabetes gestacional: ocorre temporariamente durante a gravidez. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser classificada como diabetes tipo 2. Toda gestante deve fazer o exame de diabetes, regularmente, durante o pré-natal. Mulheres com a doença têm maior risco de complicações durante a gravidez e o parto. Esse tipo de diabetes afeta entre 2 e 4% de todas as gestantes e implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes para a mãe e o bebê.
Pré-diabetes: é quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não estão elevados o suficiente para caracterizar um diabetes tipo 1 ou tipo 2. É um sinal de alerta do corpo, que normalmente aparece em pessoas obesas, com hipertensão e/ou com alterações nos lipídios. Esse alerta do corpo é importante por ser a única etapa do diabetes que ainda pode ser revertida, prevenindo a evolução da doença e o aparecimento de complicações, incluindo o infarto. No entanto, 50% dos pacientes que têm o diagnóstico de pré-diabetes, mesmo com as devidas orientações médicas, desenvolvem a doença. A mudança de hábito alimentar e a prática de exercícios são os principais fatores de sucesso para o controle.
Dia Mundial do Diabetes é celebrado no dia 14 de novembro
Celebrado no dia 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes. Criada em 1991, a data faz referência ao aniversário de Sir Frederick Banting, co-descobridor da insulina, juntamente com Charles Best. A celebração foi criado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para reforçar a conscientização a respeito da doença, principalmente para evidenciar a importância da prevenção.
Mari Leal
Mari Leal
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