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Temperatura elevada e ar condicionado ligado no mínimo. Pode não parecer, mas esse conjunto tem como consequência a síndrome do olho seco. A doença pode surgir durante todo o ano, só que com o calor do Verão e o uso em excesso do ar condicionado agravam a má qualidade ou quantidade de lágrimas. Isso resulta na lubrificação inadequada da superfície ocular e facilita o aparecimento de inflamações e infecções. O problema atinge qualquer pessoa, porém, os mais velhos têm maior probabilidade de sofrer com a doença. A oftalmologista Fabíola Mansur explica que com a idade, a produção de lágrimas diminui. “Estima-se que aos 65 anos de 15% a 40% da população apresente algum ressecamento ocular. Nas mulheres, o olho seco pode ser agravado na menopausa”. A sensação de ressecamento ocular é constatada com diversos sintomas como ardor, irritação, queimor, olhos vermelhos, visão borrada e desconforto aos esforços visuais. “O uso de medicamentos, lentes de contato que diminuem a quantidade de oxigênio da córnea, ou doenças do sistema imunológico também são agravantes”, ressalta a especialista. Em determinados casos, há lacrimejamento excessivo causado pelo reflexo da glândula lacrimal com o objetivo de equilibrar a deficiência, o que também é um agravante. A oftalmologista ressalta a importância da lágrima ou filme lacrimal para os olhos. “A lágrima faz parte da defesa natural do organismo, hidratando, nutrindo, eliminado impurezas e micróbios, lubrificando a superfície ocular evitando o atrito das pálpebras no ato de piscar e até facilitando a refração e formação das imagens no interior do olho”. Fabíola diz, ainda, que para combater o olho seco, o tratamento deve ser baseado no uso de lagrimas artificiais, composta por substâncias semelhantes aos constituintes da lágrima natural. “O soro fisiológico, por permanecer pouquíssimo tempo na superfície ocular, não resolve o problema”, afirma. Outra alternativa saudável para se livrar da síndrome é aderir à uma alimentação rica em ácidos graxos, omega 3 , vitaminas E e A . “O ideal é uma dieta rica em peixes, nozes e óleo de linhaça, alimentos que estimulem a produção das lágrimas e evitar bebidas alcoólicas, pois facilitam a desidratação”, ressalta a médica. O designer Humberto Neto sofre, há sete anos, com o problema. Ele conta que quando começou a sentir os olhos muito secos procurou logo a ajuda de um oftalmologista. “Foi a primeira coisa que eu fiz. O médico me indicou o uso de lágrimas artificiais”. Para o designer, a maior consequência da síndrome é a sensibilidade excessiva à luz, o que prejudica muito o seu trabalho, que é diretamente com o computador. “Meus olhos ardem o dia todo, e tenho uma sensibilidade maior à luz. Acredito que eu enxergue melhor à noite do que de dia”, conta. Por conta do valor abusivo dos colírios, Neto deixou de comprá-los. “Os colírios são muito caros e duram muito pouco, como eu ando de moto, eles logo deixam de fazer efeito e chegam a irritar ainda mais os meus olhos”. Hoje, para amenizar os problemas que sofre em decorrência do desconforto, ele passou a adotar uma técnica que viu em uma reportagem na televisão. “Comprimo as bolsas lacrimais, pressionando os olhos, assim o olho passa a produzir lágrimas. Também procuro beber muita água e lavar sempre o rosto e os olhos”, explica. Fabíola Mansur diz que a técnica de comprimir os olhos deve ocorrer quando for feito o uso de colírios para que ele dure mais tempo na superfície ocular. Uma alternativa que a médica dá para quem não quer mais sofrer com o problema é a oclusão dos pontos lacrimais com a colocação de
plugs lacrimais, que é uma pequena cirurgia, para a conservação das lágrimas nos olhos.