O Ministério da Saúde lançou na última semana ação nacional de combate à sífilis e classificou a situação que o Brasil enfrenta como uma epidemia da doença. De acordo com o mais recente boletim epidemiológico, nos últimos cinco anos, foram quase 230 mil novos casos. Em 2015, 65 mil casos, um aumento de 32% em relação ao ano anterior.
Com relação à sífilis congênita, transmitida da mãe para o bebê na gestação e principal foco da campanha, o número quase triplicou. Em 2010, a cada mil bebês nascidos, dois (média de 2,4) eram portadores de sífilis. No último ano, esse número subiu para seis (média de 6,5).
A sífilis, uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum, é transmitida apenas pelo contato sexual e da gestante infectada para o feto. O uso de preservativos é determinante na prevenção e propagação da doença.
— Com o avanço no tratamento contra HIV e como a sífilis não tem tanta visibilidade, as pessoas perderam o medo e abandonaram o uso da camisinha. Elas se esquecem das doenças que vêm a reboque — alerta o urologista Marcus Vinícius Verardo de Medeiros, do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Sociedade Brasileira de Urologia.
No caso da sífilis congênita, o médico explica que, para evitar sequelas no bebê, é preciso identificar a doença na mãe durante o pré-natal, principalmente, no primeiro trimestre da gravidez. Se a infecção não for tratada, pode gerar má-formação da criança, aborto espotâneo e até a morte.
A sífilis tem cura e o tratamento é com antibióticos à base de penicilina. O homem ou a mulher que tiverem a doença, entretanto, não ficam imunes à ela.
— Temos que estimular que as mães façam o pré-natal a tempo de não contaminar a criança. O pré-natal identifica ainda outras doenças infecciosas. A sífilis é silenciosa, dá apenas pequenos sinais. Se não for feita a testagem, a pessoa pode ficar sem saber por décadas. É aí ue entra o perigo — diz o infectologista Paulo Santos, do Oeste D’Or.
De acordo com Marcus Vinícius, os motivos que podem ter causado este aumento no número de casos são: aumento do número de diagnósticos por conta da distribuição de testes rápidos, desabastecimento global de penicilina e o abandono do uso de preservativos pela geração sexualmente ativa hoje.
Os diferentes estágios e o diagnóstico
A sífilis tem diferentes estágios e atinge homens e mulheres. Na fase primária, surge ferida, geralmente única, no local de contato com a bactéria, como pênis, vagina, ânus e boca. A lesão, que surge entre dez e 90 dias após o contágio, não dói, não coça e pode cicatrizar sozinha.
No estágio secundário, os sinais, que aparecem entre seis semanas e seis meses depois, são manchas, principalmente, nas palmas das mãos e plantas dos pés.
Após a fase assintomática, que tem duração variável, há a terciária. Neste estágio, surge, de dois a 40 anos depois da infecção, lesões ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte. O diagnóstico é simples. É feito através do teste rápido de sífilis, que está disponível no SUS.
O resultado pode sair em, no máximo, 30 minutos. O tratamento é feito com a penicilina benzatina, mas recomenda-se procurar um médico para diagnóstico correto e tratamento adequado.
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Redação iBahia
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