Se você não fizer mais nada hoje para proteger a sua saúde, considere fazer uma medição honesta da sua cintura. Fique de pé, solte o ar e, com uma fita, meça sua cintura em um ou dois centímetros acima dos ossos do seu quadril. O resultado tem maiores implicações do que qualquer preocupação que você possa ter sobre sua aparência ou o caimento das roupas. Em geral, se você for mulher e sua cintura medir 88,9 cm, ou homem com 101,6 cm, as chances são de que você abrigue uma quantidade de gordura abdominal perigosa.
A gordura subcutânea que se esconde sob a pele, nas coxas, nádegas ou braços superiores, pode ser esteticamente desafiadora, mas é também inofensiva. Entretanto, a gordura da barriga mais profunda — a visceral, que se acumula ao redor dos órgãos abdominais — é metabolicamente ativa e tem sido fortemente ligada ao risco para uma série de doenças graves, incluindo as cardiovasculares, cânceres e demência.
Você nem precisa estar acima do peso ou obeso para passar por esses perigos se acumula excesso de gordura dentro de seu abdômen. Até pessoas com peso considerado normal podem acumular quantidades prejudiciais abaixo da parede abdominal. Além disso, essa não é uma gordura que se perde de forma simples, com exercícios como abdominais. A perda de peso a partir de uma dieta saudável e exercícios — atividades como caminhadas e treinos de força — é a única maneira infalível de se ver livre disso.
Até a meia-idade, homens geralmente acumulam um percentual maior do que as mulheres, mas esse padrão se inverte quando elas passam pela menopausa. Poucas parecem escapar ao aumento da cintura à medida que a redistribuição da gordura corporal e a gordura visceral empurram nossas barrigas.
Diferentes tipos de gordura
Ao contrário das células da gordura subcutânea, a gordura visceral é essencialmente um órgão endócrino que secreta hormônio e hospeda outras substâncias químicas ligadas a doenças que comumente afligem os mais velhos. Uma dessas substâncias é chamada de proteína ligante de retinol 4 (RBP4), descoberta em um estudo sobre o risco de se desenvolver doenças coronarianas.
Este perigo quase sempre resulta de um dos efeitos nocivos desta proteína na resistência à insulina, o precursor do diabetes tipo 2, e o desenvolvimento da síndrome metabólica, um complexo de fatores para risco de doenças cardíacas.
O estudo “The Million Women” conduzido no Reino Unido mostra uma relação direta entre o desenvolvimento de doenças cardíacas coronarianas e um aumento na circunferência da cintura ao longo de 20 anos. Mesmo quando outros fatores de risco para esse tipo de doença eram considerados, as chances de desenvolver problemas cardíacos eram o dobro entre as mulheres com as maiores medidas de cintura. A cada 5 cm a mais, o risco crescia 10%.
A possibilidade de desenvolver câncer também aumenta de acordo com o tamanho da cintura. As chances de um câncer colorretal eram duas vezes maiores entre as mulheres que estavam na pós-menopausa e que acumularam gordura visceral, apontou uma pesquisa coreana. O risco de câncer de mama aumenta também. Em um estudo com mais de três mil mulheres antes e depois da menopausa na Índia, aquelas cujas cinturas eram tão grandes quanto o tamanho de seus quadris tinham de três a quatro vezes mais risco de desenvolver a doença do que as com a circunferência da cintura considerada normal.
Um estudo holandês publicado ano passado também faz a ligação entre a gordura corporal total e a abdominal a um aumento no risco de câncer de mama. Quando as mulheres no estudo perdiam peso — cerca de 5 kg, em média — mudanças nos biomarcadores para a doença, como estrogênio, indicavam redução nos riscos de se ter a doença.
Não há mágica
Provavelmente, a relação entre obesidade abdominal e risco de desenvolver demência seja uma das mais importantes para famílias e sistemas de saúde. Uma pesquisa feita com 6.583 pessoas, que foram acompanhados por 36 anos, descobriu que aqueles com os maiores índices de obesidade abdominal na meia-idade eram cerca de três vezes mais propensos a desenvolver demência três décadas depois.
Entre outros problemas médicos ligados à gordura abdominal estão a resistência à insulina, o aumento do risco de diabetes tipo 2, o comprometimento das funções do pulmão e a enxaqueca.
De acordo com as descobertas de um estudo realizado com 350 mil homens e mulheres europeus publicado no “New England Journal of Medicine”, ter uma cintura aumentada pode quase dobrar o risco de morte prematura mesmo que o peso corporal esteja normal.
Todas as pesquisas, portanto, levam a uma questão principal: como eliminar a gordura abdominal e, ainda mais importante, como evitar o acúmulo? Você provavelmente já viu propagandas na internet que mostram formas mágicas para isso. Antes de jogar dinheiro fora, entenda que não há comprovação científica de que uma pílula ou poção dissolve a gordura abdominal. É preciso trabalhar para isso, o que significa evitar ou limitar drasticamente certas substâncias em sua dieta, controlar a média de calorias ingeridas e se engajar em exercícios que queimam calorias.
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Redação iBahia
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