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SAÚDE

Ginástica íntima pode corrigir incontinência urinária leve

Técnica pode evitar que o paciente faça cirurgia e também é eficiente para melhorar o desempenho sexual

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06/03/2016 às 16:18 • Atualizada em 27/08/2022 às 23:33 - há XX semanas
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A bióloga Maria das Graças (identidade preservada a pedido da fonte) não conseguia segurar a urina até chegar no banheiro. “Era muito desagradável, sempre vazava xixi antes”, conta, lembrando que o desconforto só foi superado depois que a ginecologista falou sobre fisioterapia uroginecológica, também conhecida como ginástica íntima. De acordo com o ginecologista e diretor médico do Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana(Ceparh), Jorge Valente, a urgência e até mesmo a incontinência urinária leve podem ser tratadas com a ginástica íntima, evitando que o paciente precise de cirurgia. “Geralmente, para esses casos, a técnica é bastante eficiente”, recomenda. O médico lembra que na urgência ou incontinência leve, o paciente tenta, mas não consegue prender quando tem vontade de ir ao banheiro. Já na incontinência, os vazamentos acontecem mesmo quando o paciente não tem vontade de ir ao sanitário.

Exercícios diversos e aparelhos de estimulação ajudam a fortalecer a musculatura da região pélvica
(Foto: Rafael Martins/Arquivo CORREIO)

O médico lembra que a reabilitação do assoalho pélvico – que é a área localizada entre as pernas, a partir do osso púbico na frente até a base da espinha nas costas e que sustenta a bexiga, o útero e o intestino e controla os músculos que fecham o ânus, a vagina e a uretra – garante o aumento na contração da vagina, possibilitando maior fricção no ato sexual, fato que também colabora com o desempenho sexual.
Os procedimentos usados pela ginástica íntima consistem em exercícios e estímulos que fortalecem a musculatura da região pélvica, possibilitando um controle maior da urina. O método – que pode ser usado por homens e mulheres - também apresenta resultados no tratamento de problemas como a incontinência fecal, cólica menstrual, disfunções sexuais. No homem, a fisioterapia uroginecológica pode auxiliar a tratar a impotência sexual, os efeitos da cirurgia de próstata, que ocasiona a perda de urina, ou até, perda fecal de forma involuntária. A especialidade ainda trata problemas como constipação, perda de flatos, prolapsos (queda de bexiga, de útero), com acompanhamento de casos durante a gestação, pré e pós-parto e cirurgia de próstata. TerapiaPara a fisioterapeuta Daniela Guerra, o trabalho é feito através de inúmeros exercícios – como o que contrai essa região e que tem movimentos similares a prender o xixi – e de eletroestimulação no local, chamada de biofeedback. “Métodos podem ser associados ao tratamento para garantir a eficácia ou manter os resultados, a exemplo do Pilates ou RPG”, completa, ressaltando que o comprometimento da ação muscular da região pélvica ocorre em ambos os sexos, em diferentes faixas etárias, sendo mais frequente em mulheres acima de 40 anos. “No caso da incontinência intestinal, 13 em cada 1.000 mulheres idosas relatam a perda do controle das evacuações. Já o descontrole na eliminação da urina está associado a fatores de risco como o peso, gestação e menopausa”, esclarece a fisioterapeuta. Em homens, o tabagismo, obesidade, cafeína em excesso, Parkinson, diabetes e cirurgia de próstata (prostatectomia) são determinantes.
A fisioterapeuta Marcia Zanetti destaca que a musculatura pélvica, como os demais músculos esqueléticos, é de contração voluntária, ou seja, depende da vontade do indivíduo e precisa ser exercitada e fortalecida para que possa manter sua tonicidade e o suprimento sanguíneo adequado . “Acontece que poucas pessoas conhecem esta musculatura e sabem de sua importância o que faz com que ele seja pouco exercitado, provocando precocemente flacidez e atrofia”, diz, concordando que a fase mais crítica é a fase da menopausa quando há uma diminuição do estrógeno, hormônio que atua na produção de colágeno e nas fibras musculares, agravando a flacidez muscular e podendo até mesmo causar os prolapsos (bexiga caída). ConsciênciaUm estudo intitulado Disfunções Sexuais Femininas: A Fisioterapia como Recurso Terapêutico, de Mara de Abreu Etienne e Michelle C. Waitman, mostrou que, no Brasil, 32,4% das mulheres não levam queixas sexuais aos médicos, no entanto, cerca de 45% das mulheres adultas apresentam ao menos uma alteração sexual e tendem a aumentar com a idade. A sexóloga e ginecologista Karla Calil destaca que alternativas que venham a trabalhar essa musculatura e promover o autoconhecimento serão sempre bem-vindas para ajudar as pessoas a ganhar em qualidade de vida. “Uma vida sexual saudável e plena é uma conquista e se ambos trabalham nesse sentido, há um crescimento da confiança e, consequentemente, da intimidade, além do desempenho”, completa.
Com uma postura parecida, Marcia Zanetti destaca que, geralmente, a mulher não percebe essa flacidez muscular, e isto pode gerar desconforto através de dor ou inibição do desejo sexual,falta de excitação e diminuição ou falta de orgasmo. “Com a fisioterapia uroginecológica, os músculos do assoalho pélvicos passam a ser mais irrigados , mais estimulados, mais tônicos e com isto ela vai percebendo melhora na resposta muscular, na sensibilidade, na lubrificação, no contato entre vagina e pênis e na própria textura da pele”, diz. Por ser uma técnica pouco conhecida, a escolha do profissional especializado e a higiene da clínica, que oferece o tratamento, devem ser feitas cautelosamente. “É preciso ter cuidado com a assepsia, pois a clínica dispõe de sondas vaginais e anais que passam por processo de higienização, seguindo todos os critérios da Vigilância Sanitária. Ter um ambiente arejado e adequado para esterilização dos equipamentos, jalecos e óculos apropriados é fundamental”, finaliza a especialista Daniela Guerra.
Correio24horas

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