Para o Dalai Lama, se todas as crianças de 8 anos aprendessem a meditar, a violência seria eliminada do mundo num prazo de uma geração. Pesquisadores americanos também defendem que os mais modernos antipressivos podem, em muitos casos, ser substituídos — ou pelo menos complementados — por esta que é uma das mais antigas práticas do budismo. A meditação também pode ser uma grande aliada na hora de melhorar o desempenho escolar dos alunos, já que desenvolve a capacidade de foco e concentração, além de fortalecer o sistema imunológico.
A lista de benefícios oferecidos por essa técnica milenar não encontra limites. Ela ajuda a disciplinar e acalmar a mente, trazendo conforto emocional e aumentando a capacidade de concentração.
— Com mais foco e equilíbrio, temos condições de fazer escolhas mais saudáveis para as nossas vidas, e isso vale na hora de decidir o que comemos, como dormimos e como nos relacionamos com o outro. A tendência é evitar tudo que possa trazer sofrimento e alimentar o que vai colocar a mente em seu estado mais nobre — explica o antropólogo Arthur Shaker, instrutor de meditação vipassana, de orientação budista.
Arthur é seguidor da escola mais antiga do budismo, a tradição theravada. Em páli, dialeto do sânscrito, "thera" significa "antigo" e vada quer dizer "palavra". O método vipassana, também conhecido como mindfullness, trabalha com a capacidade de ver a realidade com clareza. Na prática, significa alcançar a plena consciência do momento presente e de tudo o que acontece agora. Para isso, é necessário tranquilizar e concentrar a mente, desligando-a de qualquer "ameaça" de distração e ansiedade. Postura e respiração são importantes no desenvolvimento desta técnica: o praticante deve ficar sentado, preferencialmente sobre uma almofada, com a coluna ereta e as pernas cruzadas, para a energia fluir melhor.
Mas, assim como acontece na psicanálise, existem diferentes linhas de meditação, e isso quer dizer que há técnicas para todos os gostos. É possível meditar entoando um mantra ou no mais profundo silêncio, sentado em posição de lótus ou caminhando, ou mesmo contemplando uma imagem bonita. Além da vipassana, a meditação transcendental é muito popular e foi introduzida no Ocidente pelo guru indiano Maharishi Mahesh Yogi, nos anos 1960. A técnida atraiu a atenção de artistas, os exemplos mais conhecidos são os do cineasta David Lynch e dos integrantes dos Beatles. Originada na tradição védica, a meditação transcendental consiste em atingir níveis cada vez mais refinados da mente até chegar à fonte dos pensamentos. Parte desse sucesso se deve ao fato de ser uma técnica simples, fácil e natural, de acordo com Maria Bernardete Paulo Ferreira, presidente da Associação Internacional de Meditação, em São Paulo, e instrutora de meditação transcendental.
— Não existe uma postura específica nem controle de respiração. Também não é técnica de concentração. É só seguir a tendência natural de introspecção da mente, que atinge um ponto máximo de repouso e relaxamento — explica ela.
Já a técnica da raja yoga trabalha em duas etapas. O primeiro passo é desapegar de tudo o que está no seu entorno que possa interferir na sua busca interior: barulho, objetos etc. Depois o praticante escolhe um pensamento positivo e foca nele.
— É uma experiência mística, de olhar para dentro de si num processo de autoconhecimento. Dessa maneira, ficamos sabendo como funcionamos, como podemos expressar da melhor maneira o que sentimos e de que jeito fazemos as mudanças necessárias na vida usando os nossos melhores recursos internos — conta Ivana Samagaia, coordenadora da escola Brahma Kumaris, que funciona na Urca, Rio de Janeiro.
Seja qual for a linha escolhida, o mais importante é criar uma rotina e aplicar os benefícios da meditação na vida cotidiana, como forma de aprendizado e lapidação da própria existência.
— É importante saber que, na vida prática, deixamos nossas marcas no mundo de acordo com o modo que a nossa mente reage às coisas. O mais importante é escolher os seus momentos possíveis e criar um hábito, pois sabemos que a tendência do ser humano é deixar as coisas para lá — conclui Arthur.
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Redação iBahia
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