Respirar e permanecer em determinadas posições por alguns segundos. Sem nenhuma tecnologia, a prática de ioga se tornou uma aliada da medicina. De acordo com estudos apresentados na 125ª Convenção Anual da Associação Americana de Psicologia, a ioga é capaz de diminuir os sintomas da depressão.
Uma pesquisa feita pelo Centro Médico de Veteranos de São Francisco identificou redução significativa dos sintomas da doença após oito semanas de prática de hatha ioga, uma das modalidades mais conhecidas no ocidente.
Para realizar o estudo, os pesquisadores submeteram 23 veteranos de guerra a aulas de ioga duas vezes por semana. Depois de praticar durante oito semanas, os veteranos classificaram a ioga com nota 94, — em uma escala de 1 a 100 — no que diz respeito à sensação de prazer, e afirmaram que recomendariam o exercício para outras pessoas. Pacientes com níveis altos de depressão reduziram significativamente seus sintomas.
— A ioga tornou-se cada vez mais popular no ocidente e muitos novos praticantes citam a redução do estresse e outras preocupações relacionadas à saúde mental como principal motivo para praticar. No entanto, a pesquisa empírica sobre ioga está atrasada em relação a sua popularidade como uma abordagem de primeira linha para saúde mental— afirmou Lindsey Hopkins, pesquisadora do Centro Médico de Veteranos de São Francisco.
A ioga combina exercícios corporais com uma respiração mais consciente e profunda, além da meditação. Outras pesquisas apresentadas no congresso reforçaram a eficácia do método para reduzir problemas de saúde mental. Em dois outros trabalhos do Centro de Psiquiatria Integrativa da Holanda, os pesquisadores analisaram o impacto da prática em pacientes com diferentes níveis de depressão. No primeiro relatório, os médicos avaliaram 12 pacientes com depressão crônica e resistência aos tratamentos convencionais que sofriam com a doença há 11 anos.
Os participantes foram submetidos a nove sessões semanais de ioga de 2 horas e meia cada. Antes de iniciarem a prática, os pacientes tiveram seus níveis de estresse, depressão, ansiedade e preocupação medidos. A mesma aferição foi feita nove semanas após o início das aulas e quatro meses depois. Os médicos constaram que os índices de estresse melhoraram consideravelmente e os benefícios foram mantidos mesmo quatro meses após o início da ioga.
Combinação com outros tratamentos
Já no outro estudo feito pelos pesquisadores holandeses, a amostra de pacientes foi maior. Nesse caso, foram analisados 74 estudantes considerados “ligeiramente deprimidos”. Além disso, os cientistas compararam os efeitos da ioga com outras práticas de relaxamento. Os indivíduos receberam 30 minutos de instrução ao vivo de ioga ou relaxamento e foram convidados a realizar o mesmo exercício em casa por oito dias. Após dois meses, os níveis de depressão já tinham caído. Os médicos observaram ainda que a ioga era mais eficaz e promovia melhores resultados que o relaxamento.
— Os estudos sugerem que intervenções utilizando ioga são uma promessa para estados depressivos e alternativas viáveis para pacientes com depressão crônica e resistentes ao tratamento — afirmou a pesquisadora Nina Vollbehr.
Os pesquisadores alertam, no entanto, que a prática deve ser combinada com os tratamentos convencionais para depressão.
— Neste momento, podemos apenas recomendar a ioga como uma abordagem complementar, provavelmente mais eficaz em conjunto com abordagens padrões oferecidas por terapeutas licenciados. Claramente, a ioga não é um remédio, mas com base em evidências empíricas, parece haver muito potencial para isso— explicou Lindsey Hopkins
Benefícios em diversas áreas
Considerada Patrimônio Cultural da Humanidade, a ioga se tornou muito mais que uma atividade física e de desenvolvimento espiritual. Diversos estudos nos últimos anos apontam os benefícios de se exercitar e considerar o papel da respiração no bem-estar humano. Em junho, uma revisão de estudos feita por pesquisadores das universidades de Coventry e Radboud, no Reino Unido e na Holanda, revelou que atividades que unem corpo e mente, como a ioga,podem reverter reações químicas no DNA provocadas pelo estresse crônico. De acordo com a pesquisa, essas atividades eram capazes de promover alterações moleculares nesses genes, ativando ou desligando determinados mecanismos.
Em abril, um relatório da rede de pesquisadores profissionais de saúde Cochrane revelou que a prática também pode ter efeitos positivos em pacientes com asma. O relatório levou em consideração outras pesquisas produzidas anteriormente e verificou que os exercícios de respiração e postura propostos pela ioga poderiam atenuar sintomas como respiração ofegante, falta de ar e tosse.
Novamente os especialistas alertam que a prática deve ser combinada com os tratamentos tradicionais.
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Redação iBahia
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