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SAÚDE

Tomar café em excesso pode aumentar risco de pressão alta

Indicação para a população é tomar menos que três xícaras diárias do líquido, pois predisposição só pode ser diagnosticada com exame genético

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Redação iBahia

20/07/2019 às 22:00 • Atualizada em 30/08/2022 às 4:37 - há XX semanas
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Um estudo feito na Universidade de São Paulo (USP) mostra que o hábito de consumir mais do que três xícaras de café por dia aumenta em até quatro vezes a chance de pessoas geneticamente predispostas apresentarem níveis elevados de pressão arterial . A pesquisa foi publicada na revista “Clinical Nutrition”, da Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo.
Foto: Divulgação
O trabalho analisou fatores genéticos , consumo de café e níveis de pressão arterial de 533 pessoas, com mais de 20 anos. Os dados foram baseados no Inquérito de Saúde do Município de São Paulo (Isa-Capital 2008), estudo que abrange a área urbana da capital e avalia as condições de saúde dos moradores.
— Sabemos que a pressão arterial é influenciada por fatores externos, como a alimentação e o consumo de café , mas também pela genética. Neste estudo, procuramos saber como o café poderia influenciar na pressão de pessoas predispostas a ter hipertensão — explica Andreia Machado Miranda, pós-doutoranda no Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP) e primeira autora do artigo.
Na pesquisa, foram considerados como pressão alta valores acima de 140 por 90 milímetros de mercúrio (14 por 9). Nos resultados, não foi observada associação significativa entre o café e os níveis de pressão arterial no caso de pessoas que consumiam até três xícaras ao dia, mesmo em pessoas com predisposição. Porém, tomar mais que esta quantidade — que equivale a 150ml da bebida — aumenta o risco de hipertensão.
— É preciso sequenciar o genoma para saber há ou não predisposição para hipertensão. Como este exame não é acessível para população em geral, a indicação é que todos façam um consumo moderado de café — indica a pesquisadora, cujo trabalho foi apoiado pela Fapesp.
Para avaliar a chance de hipertensão , os pesquisadores criaram um escore genético de risco. Com base em informações já descritas na literatura científica, os pesquisadores identificaram no rol de dados disponíveis no Isa-Capital 2008 quatro polimorfismos (variantes dos genes estudados) capazes de indicar predisposição a hipertensão. O escore genético de risco variava de zero a oito: cada um dos quatro polimorfismos tem pontuação de zero a oito. Variáveis de ajuste que poderiam influenciar o resultado, como idade, sexo, raça, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, índice de massa corporal, atividade física e uso de medicação anti-hipertensiva, também foram levados em consideração na pesquisa.
As análises estatísticas mostraram que, à medida que aumentava o escore de risco e a quantidade de café consumida, crescia também a chance de o indivíduo apresentar pressão alta . Nos voluntários com pontuação mais elevada e consumo diário superior a três xícaras, a chance de pressão alta foi quatro vezes maior que a de pessoas sem predisposição genética.
Consumo moderado faz bem
Por outro lado, suspender por completo o consumo de café não significa minimizar o risco de pressão arterial elevada. Um artigo anterior publicado pela mesma pesquisadora encontrou agentes benéficos no líquido que é tão querido pelos brasileiros.
— Os benefícios do consumo moderado do café se dão por causa dos polifenóis, compostos bioativos de origem vegetal que não são metabolizados pelo organismo e por isso precisam ser adquiridos por meio da alimentação. Ele tem poder antioxidante, impende a formação de trombos (coagulação de sangue no interior do vaso sanguíneo) e promovem a vasodilatação — lista Miranda.
Segundo a pesquisadora, estudos recentes mostraram que consumir moderadamente a bebida pode ajudar a prevenir a calcificação da artéria coronária. Já a ação sobre a pressão arterial, segundo Miranda, está relacionada à cafeína.
— A cafeína pode estar associada à vasoconstrição e ao aumento das concentrações de gordura no sangue — alerta a pesquisadora.

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