O corpo de Ruana Karina Santos Silva, morta com golpes de faca na frente dos filhos em Salvador, foi enterrado sob forte comoção no estado do Pará. O sepultamento aconteceu na sexta-feira (1º), em Marabá.
Segundo informações do g1 Pará, a família cobra por justiça depois do assassinato da jovem de 24 anos. ”Queremos que esse caso não fique impune, que a Justiça tome as devidas providências. A gente quer muita ajuda para trazer as crianças pra cá e que ele não consiga ficar com a guarda e pague pelo que fez”, diz Suane Silva, prima da vítima.
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No momento, a família de Ruana Karina tenta conseguir a guarda dos dois filhos que ficaram em Salvador, com uma irmã do pai.
O crime aconteceu no dia 27 de fevereiro, há quase um ano a vítima já tinha entrado com medida protetiva em caráter de urgência contra o marido. Ruana vivia na capital baiana há 6 anos.
Dois dias após o crime, Edemir Pereira Lima, marido de Ruana Karina e principal suspeito, foi preso. De acordo com a Polícia Civil, o homem prestou depoimento e confessou o crime no dia 29 de fevereiro.
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Ruana previu a própria morte
Em uma mensagem enviada para a família, Ruana alertou o risco que corria. Três meses depois, ela foi assassinada. As mensagens foram enviadas no dia 25 de novembro do ano passado, em um dos desabafos da vítima, após agressões sofridas por ela. "O pai dos meninos quase me mata agora. Eu vou morrer. Vocês vão só receber a notícia", escreveu.
Na mesma ocasião, Ruana ainda descreveu como tinha sido o ataque do companheiro. "Amiga, jogou aqui a lata de cerveja em mim. Molhou a casa toda. E tá aqui agressivo, que tá bebendo".
Pouco antes de ser morta, Ruana voltou a pedir ajuda, dessa vez para amigas. Uma delas chegou a se deslocar para a casa onde ela morava com o companheiro, mas não deu tempo.
"Ela ligou para a Cássia, que é amiga dela, e pediu socorro, porque ele disse que iria matar ela. Cássia falou em áudio que estava chegando. A última ligação ela não respondeu mais", dise Lígia Imbassahy, amiga da vítima.
Uma das primeiras pessoas a chegar no local do crime após o assassinato foi um outro vizinho do casal. Clayton Sales relatou cenas de terror ao entrar no quarto onde o corpo estava. Segundo informou à TV Bahia, o suspeito avisou sobre a morte para um parente, antes de fugir.
"Ela estava caída no quarto, próximo à cama, como se estivesse ajoelhada, e tinha marcas de sangue pela parede. Não tinha mais como ajudar. Quando cheguei, já tinha acontecido. Ele já tinha avisado para um parente", contou o vizinho.
Relacionamento conturbado de Ruana
Natural do Pará, Ruana se mudou para Salvador ainda na adolescência. Ela vendia filtros de porta em porta, até que conheceu o companheiro, engatou o relacionamento e não conseguiu mais trabalhar, porque era impedida por ele.
O relacionamento durou 7 anos. O casal tinha um menino e uma menina. Segundo a família, as agressões eram constantes. Em entrevista à TV Bahia, vizinhos do casal também relataram situações de violência contra a mulher.
"Briga para lá, briga para cá. Chamava, dava atenção, mas não tinha jeito. Ele dizia que: 'mulher é assim e eu vou fazer coisa errada'. E eu dizia: 'não faça coisa errada. Você tem que olhar seus filhos'", pontuou Nicomendes de Jesus, vizinho da vítima.
A irmã de Ruana Karina dos Santos Silva afirmou que o suspeito do crime tentou afastar a vítima dos parentes. Daiane Oliveira destacou que Edemir nunca teve contato como a família e o suspeito nunca se interessou em conhece-los. Eles vivem em Marabá, cidade natal da vítima, no estado do Pará.
Em entrevista à TV Bahia, ela detalhou que o suspeito chegou a tentar rasgar uma passagem para Ruana não visitasse a família. "Nunca nem vimos ele, ele nem queria ter contato com nenhum nós", disse. "Ele não queria que ela tivesse contato com a família, ele queria rasgar a passagem", disse.
O caso é apurado pela 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central) como feminicídio. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), 11 casos de feminicídio foram registrados na Bahia até 25 de fevereiro. No mesmo período do ano passado, foram 13 casos registrados.
Mayra Lopes
Mayra Lopes
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