Além de professora e pajé, a a indígena Maria de Fátima Muniz, que foi assassinada a tiros em um ataque de fazendeiros, na cidade de Potiraguá, no sul da Bahia, também era irmã do cacique Nailton Muniz, do povo Pataxó Hã Hã Hãe, baleado na mesma ação.
Segundo informações do Ministério dos Povos Indígenas, Nega Pataxó, como era conhecida na região, tinha importante atuação junto aos jovens e mulheres indígenas.
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Maria de Fátima integrava redes de saberes tradicionais de universidades brasileiras, sendo doutora em Educação por Notório Saber pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já o irmão dela é doutor por Notório Saber em Comunicação Social pela mesma universidade.
O corpo da vítima foi velado na segunda-feira (22) com a presença de dezenas de indígenas, da ministra Sônia Guajajara e de uma comitiva formada por lideranças, que viajaram juntos para a Bahia.
Entre os presentes, estava a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, e a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL).
Ataque a tiros
O ataque aconteceu no domingo (21), um dia depois que a área de uma fazenda da zona rural do município foi ocupada por indígenas, por ser considerada pelos Pataxó Hã Hã Hãe como de território tradicional.
Durante o ataque, os fazendeiros e comerciantes da região cercaram a área com dezenas de caminhonetes e tentaram recuperar a propriedade com uso de violência, sem decisão judicial. Segundo o Ministério, tudo foi armado em um grupo de WhatsApp.
O filho de um fazendeiro, de 20 anos, e um policial militar reformado foram presos em flagrante. A Polícia Civil (PC) de Itapetinga, que investiga o caso, disse que um laudo de microcomparação balística confirmou que o tiro que matou Nega Pataxó partiu de um revólver calibre 38, disparado pelo jovem.
Além da morte da indígena, a dupla presa é suspeita de tentar matar o cacique Nailton Muniz Pataxó. Ele foi atingido no rim e passou por cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga.
Depois do procedimento, o indígena foi transferido para outra unidade de saúde, cujo nome não foi divulgado por questão de segurança.
Outros indígenas ficaram feridos na ação, entre eles uma mulher que teve o braço quebrado. Eles foram hospitalizados, mas não correm risco de morte. Um fazendeiro também teve o braço ferido por uma flecha.
Por causa da violência na região, comunidades tradicionais pediram reforço de segurança à Força Nacional. Até a manhã desta quinta-feira, ainda não receberam resposta.
Alan Oliveira
Alan Oliveira
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