Tancredo Neves Feliciano de Arruda, de 26 anos, teve a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva, após passar por audiência de custódia, em São Sebastião do Passé, nesta segunda-feira (12). De acordo com reportagem da TV Bahia, o homem teria confessado criar a história de sequestro e ainda afirmou que usou o cinto de segurança do carro para se defender em uma discussão com a delegada Patrícia Neves Jackes Aires.
O corpo da delegada foi encontrado no próprio carro, com sinais de estrangulamento, próximo a São Sebastião do Passé. A polícia afirma ainda que ele é suspeito de violência contra outras três mulheres, uma delas caiu do 5º andar de um prédio, no Paraná. O velório da delegada aconteceu nesta segunda, na Câmara Municipal de Santo Antônio de Jesus. O corpo foi levado para Recife, onde será enterrado na terça-feira (13), no Parque das Flores.
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Ex de suspeito de matar delegada já teve medida protetiva concedida pela Justiça
Em 2022, a mãe da filha de Tancredo Neves pediu medida protetiva de urgência pela Lei Maria da Penha contra ele e a Justiça acatou. A medida teve validade de seis meses a partir do deferimento. O processo correu na Vara de Violência Doméstica Contra a Mulher de Feira de Santana. O iBahia teve acesso com exclusividade aos documentos. Veja o trecho abaixo:
À época, em complemento à decisão, foi determinado ainda ao suposto agressor que comparecesse à Vara Especializada – Setor de Atendimento Multidisciplinar ao Agressor - no prazo de cinco dias, das 8h às 12h, para agendar acompanhamento, com a ressalva de que poderia ser decretada a prisão preventiva, caso não obedecesse às medidas aplicadas.
Foi determinado ainda o dever de manter-se afastado de álcool e drogas, e comparecer aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A medida receberia reavaliação após o prazo de 180 dias para ser prorrogada ou não em desfavor de Tancredo Neves. O MP decidiu, portanto, prorrogar por mais seis meses.
A mulher que o processou também entrou com processo pela Lei de Alimentos, ou seja, exigindo pensão alimentícia para a filha dos dois. É importante ressaltar que a requerente da medida protetiva também havia sinalizado que Tancredo utilizava o carimbo médico de outra pessoa, na oportunidade, não sinalizou de quem seria.
Tancredo Neves já foi indiciado por falsidade ideológica e exercício ilegal da medicina
Ainda em 2022, uma paciente foi atendida por Tancredo Neves no Hospital Português de Euclides da Cunha. Segundo boletim de ocorrência, ela foi até a unidade de saúde, por sofrer um acidente de trânsito no mesmo município, onde foi atendida por um suposto médico, que seria o pai de Tancredo Neves. A informação é exclusiva do iBahia.
A requerente diz suposto porque, segundo ela, não foi atendida pelo profissional que estava carimbando e assinando na prescrição médica, mas, sim, por outra pessoa, que até então não sabia de quem se tratava. O inquérito posteriormente deu conta de que o carimbo usado era do pai de Tancredo Neves.
A mulher alegou no Boletim de Ocorrência que, ao fazer a pesquisa pelo CRM do suposto médico, se tratava de uma pessoa idosa, quando a pessoa do atendimento era uma pessoa jovem.
Ainda de acordo com este boletim que o iBahia teve acesso, ao retornar ao Hospital, porque a medicação prescrita por ele não estava fazendo efeito, foi atendida por outro profissional de saúde. O crime foi registrado nos Artigos 390: FALSIDADE IDEOLÓGICA e artigo 338: EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA, ARTE DENTÁRIA OU FARMACÊUTICA, ambos do Código Penal Brasileiro (CPB).
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público da Bahia e segundo a Polícia Civil, houve indiciamento, no entanto, de acordo com documentos exclusivos que o iBahia teve acesso, eles não foram encontrados para interrogatório. A respeito deste processo, houve novamente intimação para interrogatório no dia 15 de julho deste ano.
O iBahia buscou o Ministério Público, mas, até a publicação da matéria, não obteve retorno. O portal também entrou em contato com a assessoria do Hospital Português em Euclides da Cunha, que disse estar apurando o caso junto a diretoria do HP e a unidade do interior. Já o Cremeb - Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia, informa que não há médico registrado com o nome do indivíduo suspeito de envolvimento no assassinato da delegada Patrícia Neves Jackes Aires.
Outra mulher denunciou Tancredo Neves por lesão corporal
Também em 2022, foi instaurado um inquérito pela Polícia Civil, por parte da então noiva de Tancredo Neves, por lesão corporal dolosa. O exame pericial constatou que a mulher de 38 anos, à época, tinha escoriações compatíveis com estigmas ungueais, ou seja, marcas de unhas na região cervical.
O exame constata ainda que houve ofensa à integridade corporal ou à saúde da examinada, e que o instrumento ou meio empregado foi "ação contundente", que na medicina legal é todo agente mecânico que atua violentamente por pressão, explosão, flexão, torção, sucção, percussão, distensão, compressão e outros desta natureza.
Desacato à autoridade e descumprimento de decreto sanitário na época da Covid-19, em 2020
Em 2020, Tancredo Neves desacatou a autoridade e foi conduzido até a delegacia para prestar esclarecimentos. Ele foi autuado nos artigos 268 e 331 do Código Penal Brasileiro, ou seja, infringiu determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa (268) e desacatou funcionário público no exercício da função ou em razão dela. Pagou fiança no valor de R$ 1.045 e foi liberado. O fato aconteceu em São Francisco do Conde, na Bahia.
Segundo o Auto de Prisão em Flagrante de 2020, Tancredo Neves estaria em uma aglomeração de pessoas, inclusive, em um jogo de futebol em que outras pessoas também estariam desobedecendo e contrariando as medidas sanitárias do local para evitar o contágio da Covid-19.
Policiais se deslocaram até o local indicado e viram ao menos trinta pessoas em uma praia de São Francisco do Conde. Segundo o policial que conduziu a ocorrência, Tancredo Neves se negou a apresentar os documentos e agrediu verbalmente os agentes, afirmando que os mesmos implantariam drogas para prejudicá-lo, bem como gritava perguntando se "os soldados sabiam quem ele era", e dizia ainda "quem são vocês para me revistar".
Ilana Pêpe
Ilana Pêpe
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