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Os 'Operários da IA': um tema novo que já nasceu com velhas questões

Pesquisa 'Operários da IA', realizada em 2023, revela um mercado que movimenta bilhões e paga ‘tostões’

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Cristina Mascarenhas

19/06/2024 às 18:01 - há XX semanas
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Quando falamos em alta tecnologia, Inteligência Artificial (IA) e similares não tem como não pensar num mercado bilionário. Um pensamento correto se a linha for com foco em grandes empresas, engenheiros, matemáticos, em resumo, mão-de-obra altamente qualificada. No entanto, esse mercado tem uma outra ponta com uma realidade muito distante. São os “Operários da IA”, mas pode chamar também de microtarefeiros ou ainda “operário de dados”.


				
					Os 'Operários da IA': um tema novo que já nasceu com velhas questões
Os 'Operários da IA': um tema novo que já nasceu com velhas questões. Foto: Reprodução / Canva Pro

Trata-se de um grupo de profissionais que permanece nas sombras, realizando tarefas cruciais para o funcionamento das IAs, mas em condições de trabalho precárias e com remuneração baixa.

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Um estudo realizado, em 2003, pelos pesquisadores Paola Tubaro, do Centro Nacional de Pesquisa Científica, Mateus Viana Braz, da Universidade do Estado de Minas Gerais, e Antônio Casilli, do Instituto Politécnico de Paris-Telecom Paris, tirou esse profissional das sombras e trouxe à tona uma dura realidade.

A pesquisa, intitulada ‘Microtrabalho no Brasil: Quem são os trabalhadores por trás da inteligência artificial’ traz um retrato de quem são estes brasileiros que ajudam a alimentar a Inteligência Artificial.

São em sua maioria mulheres, entre 18 e 35 anos, que têm nessa atividade a sua principal fonte de renda, trabalham sete dias por semana e uma média de 15 horas por dia. O salário médio é de R$ 582,71, sendo 31,5% inferior ao da população em geral.


				
					Os 'Operários da IA': um tema novo que já nasceu com velhas questões
Pesquisa 'Operários da IA', realizada em 2023, revela um mercado que movimenta bilhões e paga ‘tostões’. Foto: Reprodução / Canva Pro

E os que não são 'Operários da IA'?

Ao contrário dos trabalhadores convencionais que são pagos por hora, os operários de dados recebem por tarefa concluída, por isso o alto número de horas trabalhadas não corresponde ao valor da remuneração. A incerteza, a instabilidade, a insegurança, a falta de transparência, o cansaço e a falta de interação estão entre as principais queixas dos “operários da IA”.

A pesquisa ainda revela que “o microtrabalho se torna um fenômeno cultural entre adultos urbanos, sobretudo entre as mulheres. Tal mercado se alinha a outras formas de trabalho em plataformas, como serviços de entregas e transporte, ao mesmo tempo, em que representa um prolongamento do trabalho informal nas cidades".

Contrastando com a desvalorização da atividade, temos a importância do trabalho desempenhado. A pesquisa destaca que “todo aprendizado de máquina depende da geração, classificação, preparação, verificação e anotação de dados. E é aqui que o trabalho humano é vastamente necessário”.

Caminhos para a Valorização

Aqui nos arriscamos a lançar um olhar sobre possibilidade de melhorar as condições desses trabalhadores essenciais e até a sugerir algumas estratégias que podem ser adotadas.:

  • 1. Regulamentação e Direitos Trabalhistas: Estabelecer regulamentações específicas que garantam direitos trabalhistas básicos, como remuneração mínima, carga horária justa e benefícios como seguro saúde e aposentadoria.
  • 2. Transparência e Reconhecimento: as empresas de tecnologia devem ser transparentes sobre o uso de microtrabalhadores e reconhecer publicamente a importância de suas contribuições. Isso pode incluir créditos em projetos ou a criação de programas de premiação.
  • 3. Capacitação e Desenvolvimento Profissional: investir em programas de capacitação que permitam aos operários de dados desenvolverem habilidades adicionais e progredirem na carreira. Isso pode incluir cursos de tecnologia, linguagem de programação e outras áreas relevantes.
  • 4. Melhoria da Remuneração: estabelecer políticas salariais que garantam uma remuneração justa, compatível com a importância do trabalho realizado. Ajustes regulares e bônus por desempenho também podem ser considerados.
  • 5. Suporte Psicológico e Bem-Estar: prover suporte psicológico e iniciativas voltadas para o bem-estar dos trabalhadores, reconhecendo o impacto que a natureza repetitiva e frequentemente isoladora do trabalho pode ter na saúde mental.

A valorização desses trabalhadores não é apenas uma questão de justiça social, mas também de eficiência e sustentabilidade para o próprio mercado de IA. Sistemas de inteligência artificial de alta qualidade dependem diretamente da qualidade do trabalho desses “operários de dados”. Portanto, investir na melhoria de suas condições de trabalho é, em última análise, investir no futuro da tecnologia.

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