O Podcast Pele Preta em Salvador, que é apresentado pela produtora Fran Cardoso e pelo jornalista Rafael Santana, discutiu a presença de monumentos que homenageiam traficantes de escravizados na capital baiana. A conversa teve a presença da jornalista Luana Assiz e do professor e historiador Carlos da Silva Junior, que comentaram quais ações deveriam ser feitas em relação a essas representações.
Um dos monumentos citados como exemplo é o do português Joaquim Pereira Marinho, traficante de escravizados que vivia em Salvador no século XIX e que foi homenageado com uma estátua em frente ao Hospital Santa Izabel, no bairro de Nazaré.
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"Estátuas como a de Pereira Marinho nada mais são do que a lembrança da manutenção de um poder colonial e, com ele, toda a sua carga simbólica e politica. Cobram de nós que vivamos o presente em busca de um futuro melhor, mas a quem interessa que esqueçamos, ou melhor, que nem saibamos a verdadeira historia por trás da imagem doce e cercada de crianças à frente do Hospital Santa Izabel?", comentou Luana.
O professor Carlos apresentou a perspectiva histórica por trás da glamourização de figuras escravagistas, além de explicar como elas chegaram ao status de homenageados, mesmo em uma época em que o tráfico de pessoas escravizadas era proibido no Brasil.
"A estátua do Pereira Marinho vai se tornar um monumento justamente porque há um grupo que faz parte da elite soteropolitana ligada a algumas instituições e que veem no Pereira Marinho algumas características que o aproximam destas pessoas. Só que, ao mesmo tempo, você ignora toda a participação do Pereira Marinho como traficante e a responsabilidade em transportar mais de 11 mil pessoas através do Atlântico", disse ele.
Confira o episódio completo:
Aline Gama
Aline Gama
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