A educação é o caminho para o sucesso e um fator essencial para a movimentação social de muitas pessoas negras. Em mais uma mesa do Festival Negritudes, que acontece em Salvador nesta quinta-feira (18), na Casa Baluarte, a potência de uma educação antirracista foi discutida. O momento, com dedicação do prêmio LED, foi mediado pela cantora e atriz Larissa Luz e contou com a presença do economista Gil do Vigor, a empreendedora Monique Evelle e da escritora e idealizadora da Escola Maria Felipa, Bárbara Carine.
Durante a mesa, os convidados destacaram a necessidade de se racializar a educação, ferramenta essencial para uma sociedade mais igualitária. A educadora Bárbara Carine, conhecida nas redes sociais como a "Intelectual diferentona", pontuou que a criação da Escola Maria Felipa veio do desejo que a filha tivesse uma educação mais libertadora.
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Pensando uma educação afrobrasileira, na escola idealizada por ela, a história de grandes reinos africanos e outras importantes contribuições vindas de África, e hegemonicamente ignoradas, são valorizadas. Por vezes, a iniciativa da influenciadora foi questionada sob a alcunha do "racismo reverso", termo incorreto historicamente.
"É uma escola e educação formal como todas as outras. Mas já ouvi pessoas que não concordam com uma escola afrobrasileira", afirmou ela.
Observando a diferença da aceitação da metodologia em Salvador e no Rio de Janeiro, onde a escola foi altamente procurada, Bárbara entendeu que o racismo, base formadora da sociedade brasileira, impede que negros e negras se conectem com um aprendizado que rejeita a invisibilização da história da negritude. Além disso, a intelectual pontuou como a presença de uma pessoa branca no apoio à iniciativa mudou a aceitação do público carioca.
Convidados do Festival Negritude falaram da educação como caminho
Com uma trajetória bastante conhecida, a empreendedora Monique Evelle ressaltou como a educação foi essencial para sua trajetória. Com sua entrada pioneira no Profissão Repórter, Monique conseguiu unir o que fazia nos movimentos sociais no Nordeste de Amaralina, em Salvador, ao mundo da televisão, ampliando a potência das discussões que sempre fez.
Além disso, Monique falou também de como caminhar entre esses diferentes espaços a expôs para questionamentos que tentavam invalidar sua inteligência. Por vezes, questionada se poderia gostar de pagode e ser investidora, Monique falou de como o exercício de desmistificar essa questão é eterno.
Exemplo do caminho entre o popular e o acadêmico, Gil do Vigor corroborou a fala da empreendedora a partir da própria trajetória. O economista contou que a revolta que sentiu ao não ter dinheiro para pagar um plano de saúde para mãe, ainda que fosse doutorando, foi o que levou a entrar no Big Brother Brasil.
Fazendo pós-doutorado, Gil falou que também recebe questionamentos constantes, como se não pudesse ser inteligente e ex-BBB.
"Podem até não gostar de mim, mas não podem negar minha qualificação. Precisam entender que minha capacidade intelectual não está ligada a se eu danço. Eu não estou disposto a viver um personagem", pontuou ele.
Gil também falou de como a educação foi essencial para seu autoconhecimento. Para ele, se entender como homem negro foi um processo e, por isso, ver e ouvir outras pessoas negras em espaços de mídia foi essencial. Nesse sentido, iniciativas como o LED são poetas para dar visibilidade a iniciativas ainda invisibilizadas e com grande potencial transformador.
O Festival Negritudes reúne grandes artistas, produtores e comunicadores do audiovisual brasileiro e acontece até o fim desta quinta-feira (18). O evento está sendo transmitido, ao vivo, no Globoplay e no G1.
Iamany Santos
Iamany Santos
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