Exemplo de liderança nas quadras e na vida. Alba Oliveira iniciou a paixão dela pelo vôlei aos 12 anos, por inspiração dos irmãos e mesmo 30 anos depois, o amor pela modalidade esportiva só aumentou.
A técnica baiana fez a transição do voleibol de quadra para o de praia aos 18, e desde então conquistou premiações pessoais, coletivas, além de crescimento não só como atleta, mas também cidadã. Ela foi decisiva para a conquista de medalhas de atletas baianos, como por exemplo, Fabrine Santos.
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"Fui convidada por Ivanise Santos e aí comecei a carreira no vôlei de praia como atleta e há 10 anos sou treinadora. Comecei treinando atleta de divisões de base, treinei adultos e nessa trajetória como técnica eu fiquei uns seis anos como treinadora da seleção baiana de divisão de base e trabalhei com o Sub 17, 19 e 21. Atualmente sigo com alguns atletas de divisões de base e também com Fabrine", iniciou a treinadora.
Alba sempre entendeu que a busca pelo conhecimento era o caminho para que coisas grandes acontecessem na carreira dela como treinadora e por esse motivo a baiana foi em busca de se aperfeiçoar ainda mais.
"No finalzinho da transição de carreira atleta-treinadora eu fiz alguns cursos para me especializar mais e oferecer um trabalho bom, de qualidade. Em 2018 e 2019 eu fiz um curso do Institulo Olímpico Brasileiro que era sobre alto rendimento. Estudamos bem sobre as categorias de base e sobre o adulto também e de lá para cá atuei apenas como treinadora mesmo", continuou.
'Vôleiterapia'
O esporte move pessoas. Sejam elas profissionais ou amadores. É considerado por muitos uma "terapia" fora de um consultório convencional. No Centro de Treinamento Alba Oliveira, inaugurado há pouco mais de 10 anos, e que funciona na praia de Jardim de Alah, em Salvador, não é diferente. Segundo a técnica, que por causa da demanda resolveu treinar atletas amadores, as pessoas a agradecem não só pela mudança no corpo, mas pela melhora na saúde e mente.
"Nosso CT começou de forma despretenciosa, de forma básica, mas foi pensando também lá na frente [futuro]. Era pouca coisa, mas com o pouco que eu tinha foram surgindo alguns atletas. Sempre achei importante a renovação em todas as modalidades esportivas e é preciso ter uma continuidade é por isso que eu gosto mesmo de trabalhar com categorias de base", avaliou a treinadora.
"Eu trabalho lá no CT com pessoas que querem jogar vôlei só por lazer, nunca foi meu intuito, mas na pandemia meus horários foram permitindo que eu tivesse essa oportunidade e aí eu comecei a trabalhar só com esse público também e aí hoje estamos trabalhando com vários públicos, vários horários e temos ideia de ampliar logo em breve e acreditamos que vai ter público sim", destacou Alba.
Durante toda essa trajetória como treinadora, Alba Oliveira já conseguiu mudar a perspectiva de vida de inúmeras pessoas. "Gratidão", palavra que significa no dicionário brasileiro "reconhecimento por um benefício recebido; agradecimento", é uma das que mais ela escuta na rotina.
Sobre a transformação entre o indivíduo e pessoa ela refletiu: "Muitas pessoas me agradecem. Tenho noção [de que mudo a vida de alguém]. Volta e meia ouço isso. É como se a gente marcasse a vida de alguém em alguma coisa. Muitas pessoas chegam para o nosso CT como uma vertente para saúde mental, elas dizem que o vôlei serve como uma terapia. São vários os relatos".
Representatividade feminina ainda é tabu?
Após quase 130 anos de competição, as mulheres são 50% dos participantes nas Olimpíadas de Paris, na França. A histórica edição, que terá a paridade de gênero pela 1ª vez, terá início no dia 26 de julho.
Ao longo dos anos, 46.789 mulheres participaram da maior competição esportiva do mundo. Foi por causa de um árduo trabalho pela busca do reconhecimneto, que neste ano, 5.250 homens e 5.250 mulheres vão representar diferentes países nas diversas modalidades.
Alba ficou realizada com equidade de gênero no torneio, mas refletiu sobre a participação feminina no esporte, especialmente no vôlei de praia. Para ela, barreiras e preconceitos ainda precisam parar de existir.
"Isso [a falta de espaço] é algo que eu sempre percebi e que me incomodou. Vagas para clube, a maioria dos espaços da modalidade e que a mulher está inserida, os homens são sempre privilegiados, são sempre citados, convidados. Nesse meu percurso eu fui para um evento e tinham cinco quadras, e me chocou que em cada quadra tinha uma mulher sentada [...] nós nos reunimos, tiramos uma foto. Me chamou muito a atenção. São poucas mulheres comandando as equipes", dividiu ela.
Acredito que ainda está engatinhando esse processo e acredito que todos os órgãos estão começando a enxergar esse desequilíbro na profissão. Agora a gente tem uma visibilidade e importância que antes não tínhamos. Isso é fundamental Alba Oliveira
Projeções futuras
Amante de uma boa gastronomia, música, filmes e viagens, Alba acredita que pode ir muito além dentro do esporte que escolheu como projeto de vida. O lazer da treinadora envolve também quesitos como qualificação profissional. Ela tem um sonho de trabalhar com o vôlei de praia fora do país e almeja, um dia, ter a oportunidade.
"Quando eu estou fora do meu ambiente de trabalho, eu continuo no meu ambiente de trabalho. Trabalhar fora do Brasil seria algo desafiador. Quero também dar continuidade as formações. Sou instrutora da Comissão Nacional de Treinadores de Vôlei de Praia e participo das formações de nível 1 nível 2 e eu queria dar também segmento a fazendo mestrado doutorado para também ter uma capacitação maior para estar direcionando", finalizou a treinadora.
Lucas Sales
Lucas Sales
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