Uma história em quadrinhos sobre Afrofuturismo, que tem Salvador como cenário, será lançada no dia 3 de junho, na capital baiana. O evento acontecerá no Vale do Dendê, com uma roda de conversas sobre afrofuturismo, literatura e infância.
Escrita pelo roteirista e doutor em comunicação baiano Marcelo Lima, a história combina referências da mitologia africana e da cultura afro-brasileira com o universo dos super-heróis, trazendo uma linguagem jovem, permeada por gírias e citações da cultura baiana.
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O livro, que foi batizado de "Os Afrofuturistas", está disponível no site da editora Veneta e na Amazon, e nas livrarias Escariz e LDM. A obra é um projeto apoiado pelo programa Rumos Itaú Cultural. A HQ é realizada em parceria com o ilustrador Renato Barreto, coautor da obra.
A publicação em formato de livro mostra a jornada dos irmãos Tereza, Dandara e Cosme, em conflito com o pai que deseja ensinar os saberes ancestrais da família, enquanto as crianças desejam passar as férias conectadas com a tecnologia e os videogames.
A história se desenrola quando os irmãos precisam salvar o pai de misteriosas criaturas, através desses conhecimentos ancestrais e da experiência conquistada na leitura de gibis e campeonatos de videogame.
A narrativa cheia de aventura apresenta para o público infanto-juvenil a estética e os conceitos do Afrofuturismo, que se caracteriza como um movimento cultural que envolve ancestralidade e protagonismo negro.
O livro contempla ainda um glossário com personagens históricos, como Zumbi dos Palmares e Maria Felipa, e termos da mitologia afro-brasileira presentes na história. Ao decorrer das páginas é possível encontrar um cruzamento entre gerações com referências negras do passado e do presente.
Marcelo conta que a ideia dos “Afrofuturistas” surgiu das memórias de infância, quando brincava de “faz de conta” com os amigos em Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador.
“Desde pequeno eu já adorava quadrinhos, séries, RPGs, games e filmes de sci-fi e fantasia. Em minha fértil imaginação, eu e meus amigos éramos como membros de uma espécie de clubinho nerd e o quintal da minha casa virava o lugar seguro para nossas imaginações gerarem personagens, mundos e grandes aventuras".
Mesmo com toda afinidade por esse universo geek, o autor destaca que faltava um elemento que o fizesse mergulhar mais nas histórias: identificação. Ainda no final dos anos 90 quase não existiam protagonistas negros e negras nas produções voltadas para crianças.
“Quando comecei a pensar nessa história, um dos meus principais objetivos foi o de preencher essa ausência de identificação. Gosto de ver que hoje adultos e crianças têm um leque bem maior de protagonistas negros e negras para se relacionarem, mas ainda é preciso muito mais”, afirma Marcelo.
Roda de Conversa
Para comemorar o lançamento da HQ “Os Afrofuturistas”, o autor Marcelo Lima realiza uma roda de conversa para discutir afrofuturismo, literatura e infância. O evento terá como convidados o professor e escritor Marcos Cajé e a atriz, diretora e escritora Cássia Valle. Ambos também autores de livros infanto-juvenis com temática racial. A entrada é gratuita e aberta ao público.
O encontro tem como objetivo debater cultura, educação e arte através de uma perspectiva de valorização da identidade afro-brasileira e fortalecimento da autoestima de crianças negras. “Para construir novos futuros possíveis é essencial que desde a infância haja contato com referências positivas da nossa história ancestral”, destaca Marcelo. A programação conta ainda com momento de autógrafos e contação de história.
Redação iBahia
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