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SALVADOR

Alta temperatura e falta de chuva baixam nível das lagoas

O CORREIO já mostrou que a mais ilustre lagoa da capital, a do Abaeté, sofre com a seca e expõe muito mais de sua areia branca do que da água escura

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12/03/2013 às 7:44 • Atualizada em 01/09/2022 às 5:47 - há XX semanas
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Nas horas vagas, o taxista Carlos de Jesus, 38 anos, dá uma de pescador. Sai de Narandiba e, em vez de seguir até a praia, prefere parar na avenida Paralela mesmo. Pois é. Tem peixe na via mais movimentada da cidade. Ou pelo menos tinha. “Desse jeito aí ta difícil pegar minhas tilápias”, lamenta Carlos. É que, com a falta de chuva, a lagoa localizada na altura do Posto 1 está praticamente seca. Ela e quase todas as lagoas de Salvador.
Na Paralela, lagoa do canteiro central dá sinais de que, se não chover logo, ela vai secar completamente
No sábado, o CORREIO mostrou que a mais ilustre lagoa da capital, a do Abaeté, sofre com a seca e expõe muito mais de sua areia branca do que da água escura. O nível era de 17,24 metros. O patamar mais baixo marcado anteriormente foi de 17 metros, em 2009. Fora dos períodos de pouca chuva, o Abaeté chega a ter profundidade variando entre 50 m e 70 m. O coordenador de monitoramento do Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Eduardo Topázio, explica o que causa a baixa das lagoas da cidade: “Nessa época, com pouca chuva, muita evaporação e muito calor, tende a diminuir. Além disso, tem o fato de que as dunas não estão íntegras como no passado, já que foram degradadas pela ocupação”. Na Paralela, onde Carlos ia pescar, a lagoa praticamente já não existe. As marcas nos pilares da passarela mostram que as águas chegam a ter profundidade. “Algumas pessoas chegam a se jogar lá de cima”, entrega o pescador taxista, conhecedor da área. Na Pituba, outra lagoa pede socorro. Quer dizer, a lagoa, 22 gansos, 16 patos, tartarugas e até um jacaré. Com excesso de algas e, segundo moradores, com o nível mais baixo dos últimos anos, a chamada Lagoa dos Patos é um pequeno ecossistema que sobrevive entre prédios residenciais. “Normalmente, o nível dela baixa a partir de fevereiro. Desta vez, começou a baixar no primeiro semestre do ano passado”, conta Heliana Frazão, moradora da região que alimenta as aves da lagoa. Peixes e tartarugas estão morrendo. Sem os peixes, o jacaré fica sem comida e também sofre. Isso pode ser resultado da alta concentração de nutrientes, segundo o professor do Instituto de Biologia da Ufba Eduardo Mendes, coordenador do Programa de Monitoramento, Avaliação e Reabilitação de Ecossistemas Naturais e Artificiais do Estado da Bahia (Marenba). “Se você pegar essa água e colocar numa bacia, vai ver que quando ela estiver quase acabando, vai estar meio esbranquiçada, graças aos sais que tem”. Com a mudança, é possível até induzir doenças que afetem os animais. PituaçuAté mesmo a grande lagoa do Parque Metropolitano de Pituaçu, alimentada pelas águas do Rio Pituaçu, está baixando além do normal. “Já baixou mais de dois metros. Esse ano tá demais”, disse Daniel Mendes, que trabalha na segurança há 17 anos. Na lagoa, há tucunarés, tainhas, camarões e até jacarés. O Inema também é responsável pelo monitoramento da Lagoa de Pituaçu. Segundo o coordenador Eduardo Topázio, ali ainda pode ser encontrada água com alguma qualidade. “Como tem mais água atualmente, tem melhor qualidade. Pituaçu tem uma barragem. Temos um rio e podemos controlar a água que entra e é liberada”, explica. Topázio diz que há despejo de esgoto na lagoa, mas garante que existe tratamento. “A Embasa capta e faz uma limpeza. Há um tratamento do esgoto antes de entrar na barragem”, disse Topázio. Assim, Pituaçu é quase uma exceção. “A maioria das lagoas tem águas de má qualidade, porque a água se renova mais lentamente”, emenda o coordenador do Inema. StiepPróximo ao Centro de Convenções, no Stiep, a Lagoa dos Frades baixa de forma acelerada. “Alguns peixes estão morrendo. E aí tem pato e ganso também”, afirma o Marcelo Souza Palmeira, que cuida do espaço com ajuda dos moradores da região. Segundo o professor da Ufba Eduardo Mendes, essa lagoa faz parte de um ambiente que originalmente tinha dunas e vasta vegetação. “Tem hotel em cima da lagoa, edifício... Isso influencia”. O coordenador do Inema também destaca que, em áreas como a Pituba e o Stiep, as lagoas dependem principalmente da chuva. “São áreas urbanizadas, tem que chuver pra água chegar. Às vezes, esgotos clandestinos acabam alimentando também”. De acordo com o subsecretário municipal da Cidade Sustentável, André Fraga, as lagoas dos Frades e dos Patos estão sob os cuidados da prefeitura. “Fazemos manutenção, em conjunto com a Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop ) e a Limpurb”. Fraga reconhece, entretanto, que a pasta não conta com a estrutura necessária para o monitoramento ambiental. “Estamos desenvolvendo um projeto não apenas para as lagoas, como também para os rios da cidade”, disse, sem dar detalhes. Quem mora próximo de alguma lagoa e identificar algum problema, pode contatar a secretaria através do número 3186-1546. Matéria original do CorreioAlta temperatura e falta de chuva baixam nível das lagoas da cidade

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