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Ambulantes são proibidos de dormir no circuito do Carnaval e já protestam

Estão proibidos a ambulantes de improvisar barracas no circuito e de comerciantes construírem balcões nas ruas transversais

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25/01/2012 às 8:24 • Atualizada em 28/08/2022 às 8:08 - há XX semanas
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Faltando apenas 22 dias para o Carnaval, a prefeitura anuncia mudanças polêmicas para a folia. Está proibido colocar bares e balcões em cima de calçadas de todas as ruas transversais aos circuitos, os ambulantes não poderão montar barracas nos circuitos da festa, haverá zonas de silêncio em áreas próximas à passagem dos trios e balões de propaganda não poderão atrapalhar o percurso ou a transmissão das emissoras de TV. Os que se sentem mais prejudicados com a notícia divulgada ontem pelo superintendente de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom), Cláudio Silva, são os ambulantes. Para a maioria, as novas regras significam impossibilidade de trabalhar no Carnaval. “Não durmo aqui porque quero. Durmo porque preciso. Sou licenciado e trabalho há 20 anos no Carnaval. Se eu deixar minha mercadoria aqui roubam”, diz José dos Santos, 43 anos. Ele tem uma banca de balas e outros doces, mas na folia aproveita para ganhar um dinheiro extra vendendo bebidas e lanches. Para isso, todo ano, deixa Paripe, no Subúrbio Ferroviário, onde mora, por seis dias, para se mudar para a Sabino Silva, em Ondina. “Na quarta-feira acordo cedo, coloco bebidas e lanches em quantidade suficiente para vender nos seis dias em um carro alugado, preparo o lençol, colchão, comida, panela, algumas roupas e vou pra lá. É absurdo quererem complicar nosso ganha-pão”, reclama. Para transportar a mudança para o circuito José paga R$ 70 a um carreto. Se tiver que desembolsar o valor diariamente ele perderá quase a metade do que arrecada na festa. “Consigo tirar cerca de R$ 1 mil no Carnaval. Esse extra é para pagar dívidas, comprar algo que preciso ou ter uma reserva para períodos que vendo pouco. E agora, como farei?”. Fiscalização Para o guardador de carro que trabalha no Centro no Carnaval Gilson Severino, 43 anos, a decisão da prefeitura vai provocar muita confusão. “Os ambulantes que dormem aqui são de Feira de Santana, Lauro de Freitas, alguns moram em bairros distantes e armam aqui muitas tendas, sobretudo no Politeama. Se saírem perdem o ponto e não têm como voltar. Com tanto desemprego, eles não vão querer sair daqui e vão encarar a fiscalização”, opina. O titular da Sucom diz que a proibição é válida para os três circuitos, mas o órgão só ocupará alguns trechos desde a segunda-feira antes do Carnaval. O restante ficará sob a responsabilidade das patrulhas que fiscalizarão a cidade durante a festa. “É o primeiro ano que adotamos essa medida e começaremos pela Sabino Silva, Politeama e o Cristo. Nesses locais as pessoas armam tendas, colocam colchões, fazem casas de plástico, madeirite, com caixas de madeira. Fica tudo desorganizado. Se quiser só dormir, não podemos fazer nada. Mas armar estruturas não vai ser possível”, avisa. Proprietário de uma banca de frutas na Sabino Silva, Jaime Almeida, 45 anos, comemora a notícia. “Tudo aqui fica um imenso acampamento. Muita bagunça e sujeira. Os ambulantes destroem o canteiro central. Sempre tem assalto e brigas por aqui. Essa decisão veio em boa hora”. Calçadas Sobre a proibição de balcões e bares nas calçadas de centenas de transversais que fazem parte dos circuitos, Cláudio Silva explica que é reflexo de queixas frequentes da população. “Esses equipamentos atrapalham o fluxo de pessoas andando entre uma rua e outra numa festa lotada de gente. Os baianos e turistas precisam andar com certa tranquilidade”, defende. Quem está apavorada com a decisão é a comerciante Cecília Cerqueira, 38 anos. Há oito anos ela e o marido têm um bar licenciado na Rua Francisco Otaviano, na Barra, e embora o estabelecimento não ocupe a calçada, durante o Carnaval é colocado um balcão na entrada para evitar roubos e furtos. Ao saber da nova medida, Cecília diz que não deve trabalhar. “Meu balcão evita que num momento de arrastão ou briga o povo invada e quebre tudo. É uma questão de segurança. Posso atender sem medo de alguém levar minha mercadoria sem eu ver”, diz. A comerciante deixará de ganhar cerca de R$ 3 mil. “É a minha reserva para o Inverno. A baixa estação é ruim para quem trabalha aqui”, diz. Circuitos da festa terão zona de silêncioO Carnaval tem 14 quilômetros quadrados de extensão. E só. Ele não se estende ao resto da cidade e isso deve ser respeitado”, avisa o superintendente da Sucom, Cláudio Silva. Para garantir que a determinação seja cumprida, o órgão estabeleceu que, entre o Hospital Espanhol e o Forte Santa Maria, na Barra, e entre o Porto da Barra e o Teatro Vila Velha, no Campo Grande, o volume dos trios e de outros equipamentos de som não deve ultrapassar 70 decibéis entre as 7h e 22h e 60 decibéis das 22h às 7h.
Publicidade com o uso dos blimps também será controlada pela Sucom A exceção é para a área do Hospital Espanhol que, de acordo com a Lei 5354/98, já não pode ultrapassar 45 decibéis. “Entrei em contato com os donos de trios, empresários do setor, pessoas envolvidas com camarotes e propagandas e estão todos avisados. Se for manobrar o trio ou fazer a passagem de som fará em volume baixo. Quem mora no Corredor da Vitória, por exemplo, não tem obrigação de se sentir dentro de um circuito de Carnaval”. Ele adverte que fora dos circuitos não será permitido festas populares. “Alguns supermercados, garagens e estabelecimentos comerciais abrem o estacionamento ou seus espaços para colocar som alto e vender bebida. Mas agora Carnaval tem data e local para acontecer”. Para os bairros onde a prefeitura promove festas, Cláudio Silva diz que vale as regras estabelecidas pela Saltur. “As festas devem acontecer nos espaços determinados previamente”.

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