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Há um ano e dois meses o boêmio bairro do Rio Vermelho perdeu um de seus espaços mais marcantes. O Teatro Sesi estava fechado para sua primeira grande reforma desde a fundação, em 1997. A requalificação, além de melhorar a estrutura do casarão com reparos elétricos e hidráulicos, proporcionou novas instalações com equipamentos modernos e mecanismos de acessibilidade. “Essa é uma casa que está perto do mar e teve sua última reforma na inauguração. Foi uma grande reforma e quanto mais mexíamos mais coisas apareciam”, contou a gerente do teatro, Rosa Villas-Boas. A nova estrutura conta com uma sala administrativa maior, com novo mezanino superior. Uma sala também foi criada para a realização de eventos e reuniões. A Varanda do Sesi, espaço de efervescência musical, também foi requalificada. E o teatro, o núcleo do espaço, ganhou novas poltronas para os 100 lugares, além de nova passagem para os bastidores e um camarim todo reformado. “Esse espaço tem uma localização privilegiada, em um bairro de vocação cultural, e com uma programação que funciona todos os dias. Ele fez muita falta”, afirma Rosa.
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ReinauguraçãoA reabertura do teatro acontece hoje, às 20h, com o início da temporada de Love, peça encenada pela atriz Cyria Coentro e dirigida por Jackson Costa. O monólogo, com roteiro dos dois e da escritora Elisa Lucinda, reúne poemas de vários autores sobre amor e relações afetivas. A temporada segue, sempre aos sábados e domingos, até dia 21 de dezembro, com ingressos custando R$ 50/R$ 25. “Esse teatro tem algo especial, que é a proximidade com o público. Então, essa característica é perfeita para um monólogo. Love é uma peça olho no olho e o tamanho daqui proporciona isso”, destaca Jackson Costa. Nos dias 16 e 17 de dezembro tem as sessões da comédia No Pirex, do grupo de teatro carioca Amatrux. A montagem mistura teatro físico, comédia muda, clown e manipulação de objetos cotidianos para contar a história de cinco personagens em um divertido jantar surrealista. A programação continua com o espetáculo de dança Tributo a Paco de Lucía, com apresentações dias 18 e 19 de dezembro, às 20h. Homenagem ao músico Paco de Lucía (1947-2014), a coreografia é dirigida por Presentación Gonzales e Sibelle Lelis e mostra, em dois atos, a influência recebida pelas composições do cantor. O elenco reúne alunos de várias escolas de dança de Salvador. Para a gerente de Cultura do Sesi, Angélica Ribeiro, a nova programação do espaço reflete a essência do teatro. “Essa é uma casa que sempre esteve aberta aos novos talentos, tanto do teatro e da dança, quanto da música baiana”, reflete. FestivalApesar de abrir as portas, efetivamente, hoje, a abertura oficial acontece no dia 1º de dezembro, com o festival Que Onda! – Movimento Internacional da Cultura da Infância e Juventude, que reunirá, até 14 de dezembro, eventos e apresentações nacionais e internacionais. “A ideia do projeto é que a gente faça reuniões com propostas coerentes para diversas áreas da cultura”, diz Rosa. Do Brasil, o evento vai contar com a presença dos grupos Teca de Teatro e Teatro Griô em Flor. Da Espanha, tem o projeto Vino & Dendê – Rede Criativa Brasil e Espanha; e de Portugal vem os representantes da cidade de Fafe. Outra novidade do Teatro Sesi são as exposições. O espaço vai lançar, também no dia 1º de dezembro, uma galeria a céu aberto que projetará obras de artistas e fotógrafos através de vídeo mapping, uma técnica de projeção de vídeo em superfícies. “Sempre tivemos essa demanda de exposições e não conseguíamos fazer. Mas agora vamos fazer essa galeria a céu aberto e projetar o trabalho de diversos artistas”, revela a gerente do teatro.A projeção de estreia é uma mostra que contará a história do teatro na fachada do casarão. Para Rosa Villas-Boas, o investimento em inovação é uma marca do espaço. “Fomos o primeiro teatro do país a ser certificado pelo ISO 9001. E agora estamos trabalhando para que o teatro deixe as quatro paredes”, pontua, referindo-se ao selo de qualidade. Segundo Rosa, os esforços vão refletir na qualificação das ações culturais desenvolvidas em um dos mais movimentados espaços da cidade. “Nós funcionamos de segunda a segunda, porque temos mais de 420 pautas por ano entre música, teatro, dança e outros eventos”, dispara.
Espaço ganha importância cultural no bairro boêmio Construção do século XIX, o casarão do Teatro Sesi já foi residência de um jurista e até uma fábrica de café. Depois que se tornou propriedade do Sesi, passou a abrigar diversos serviços oferecidos pelo órgão para os trabalhadores da indústria.“Eram serviços de odontologia, por exemplo. Mas não deu certo essa função aqui no casarão”, revela Rosa Villas-Boas, a mais antiga funcionária do teatro. Ela, na época integrante da equipe de cultura do Sesi, propôs a criação de um espaço cultural no local e teve a aprovação do órgão. “O Rio Vermelho é um bairro com essa veia artística e cultural, e não tinha nenhuma casa de espetáculos. Vi que essa casa podia suprir essa ausência”, lembra. O primeiro espetáculo encenado no Sesi, em 1997, foi Abismo de Rosas, com Wagner Moura no elenco e direção de Fernando Guerreiro. “Foi o lançamento oficial de Wagner. Com esse espetáculo ele foi premiado e se projetou”, disse Guerreiro em entrevista ao Sesi. Rosa também destaca a temporada da montagem Lábios Que Beijei, com Nilda Spencer (1923- 2008) e Wilson Melo (1933- 2010). “Muita gente veio já consagrada e muita gente começou aqui como o Wagner Moura e o Vladimir Brichta, que vimos no início da carreira”, recorda.