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Assaltos na área externa do Alphaville assusta trabalhadores

Por dentro, ruas do condomínio têm câmeras e vigilantes motorizados. Do lado de fora, canteiro central e passarela são palco de assaltantes

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14/08/2012 às 9:44 • Atualizada em 30/08/2022 às 18:24 - há XX semanas
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Os portões são imaginários, mas separam duas realidades bem diferentes. E quem atravessa os limites entre o condomínio Alphaville I e a Avenida Paralela passa de um estado de segurança para uma área tomada pela sensação de medo. O final da tarde, momento de saída da maioria das pessoas que trabalha no condomínio - principalmente empregadas domésticas -, virou a hora da preocupação.
Por dentro, ruas do condomínio têm câmeras e vigilantes motorizados
“Parece que aqui dentro é outro mundo. Tá vendo ali e ali? Estamos cercados de segurança”, diz a doméstica Nildete Silveira, 52 anos, apontando para câmeras de monitoramento e vigilantes motorizados. “Aqui a gente tem essa certeza. Já lá fora está demais. No ponto de ônibus mesmo, o pessoal tem medo de ficar após certos horários ”, complementa. Apesar de nunca ter sido assaltada na região, Nildete conhece muita gente que não teve a mesma sorte. “Muitas colegas já foram abordadas. Eles levam tudo: celulares, bolsas, dinheiro”.
Do lado de fora, canteiro central e passarela são palco de assaltantes
Com medo de ser identificado, um comerciante afirma já ter testemunhado dezenas de assaltos a trabalhadores. “Nos últimos meses, já vi pelo menos 20 assaltos por aqui, dou graças a Deus que não mexeram comigo”. Na semana passada, nem o McDonald’s que fica ao lado do condomínio escapou. No dia 8, invadiram a lanchonete, saquearam o caixa e roubaram clientes (ver box). PerigoNos depoimentos ouvidos pelo CORREIO, pelo menos três pontos se destacam como locais onde a ação dos assaltantes é recorrente: bambuzais e coqueiros em frente ao próprio Alphaville I e o condomínio Le Park, no canteiro central da Paralela, o ponto de ônibus em frente ao Alphaville I e a passarela que leva até o Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge). “Quando tem menos pessoas, sempre acontecem assaltos na passarela”, afirma a doméstica Marileide Assis, 40. “Tem muita gente reclamando de assalto perto dos bambuzais. Para mim, são os mesmos ladrões que me assaltaram. E o pior disso é que é na luz do dia”, emendou a doméstica Lorença Santos, 35. Ela diz ter sido surpreendida por dois homens armados quando atravessava o canteiro central com uma colega. “Levaram o celular da moça e o dinheiro que eu tinha para o transporte. Depois, eles foram para o ponto e pegaram um ônibus”, relata Lorença. No três pontos, os assaltos também acontecem com mais frequência em determinados horários. “Sempre saio às 17h, 17h30. Um dia, um pouco mais cedo, quando passei perto dos bambus, um descarado armado levou meu celular”, lembrou Lourdes Santos, 41. Ciente do perigo, a saída encontrada pela professora Uyara Tavares, 29, foi reduzir os horários das aulas particulares de Língua Portuguesa. “Só fico no máximo até as 18h, depois disso fica deserto por aqui, é perigoso”, diz. QuinzenaApós o encerramento de um dos seus primeiros dias de trabalho, e ainda sem conhecer a má fama da área externa do Alphaville, a diarista Florizete Santana, 41, resolveu andar até o ponto de ônibus que fica perto da loja Ferreira Costa. Acabou sendo assaltada. “Faz uns dois meses que aconteceu isso. Um rapaz aparentando ter uns 19 anos colocou uma arma perto do meu rosto, mandou eu passar o celular, me revistou, chegou a colocar a mão no meu sutiã para revistar, procurando dinheiro. Ele levou a quinzena do salário que eu tinha acabado de receber na casa da patroa”, revelou. Florizete reclamou da falta de policiamento no local. “O rapaz que traz pessoas para trabalhar aqui em uma van já foi assaltado duas vezes”, emendou a diarista. Para o comerciante que já presenciou muitos assaltos, o fato de a diarista ter sido assaltada justo no dia em que recebeu parte do salário pode não ser coincidência. “Eles costumam atuar perto das quinzenas, quando o pessoal recebe dinheiro”, alerta. “Faz um mês que um carro parou em frente ao condomínio (Alphaville I), desceram três caras e assaltaram todo mundo que estava no ponto de ônibus. Era por volta de 19h e muita gente tinha recebido dinheiro”, ressaltou. A secretária Denise Carvalho, 51, que mora no Alphaville há um ano, passeia tranquilamente com seus cachorrinhos pelo condomínio, mesmo sabendo que, até dentro da área teoricamente segura, já ocorreram assaltos. “A filha de uma vizinha já teve o carro roubado aqui. Apesar disso, a sensação que a gente tem aqui dentro é de segurança. É outro mundo”, arrematou. Procurada, a assessoria de comunicação da rede nacional de condomínios Alphaville informou que os casos relatados à reportagem refletem um problema de segurança pública, por isso não havia por que se posicionar. A assessoria não informou o valor investido em segurança privada nos condomínios da Avenida Paralela. Área de desova fica atrás do condomínioAlém dos relatos de assaltos, outros dois casos nos arredores de Alphaville chamaram a atenção. Ontem, policiais da 82ª CIPM encontraram três corpos em estado de decomposição em um terreno baldio atrás do condomínio. O delegado Sérgio Schlang, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), informou que o local é área de desova. “Não é a primeira vez que encontramos corpos aqui”. Os corpos ainda não foram identificados. Já o arrastão na loja do McDonald’s está sendo investigado pela Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos(DRFR). “As imagens da lanchonete estão sendo analisadas”, diz o delegado Marcos César. O valor roubado não foi divulgado.
PM desconhece casosO major César Castro, comandante da 82ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), responsável pela área dos assaltos relatados ao CORREIO, diz desconhecer o volume de crimes. “As pessoas não têm feito registros nas delegacias. Apesar disso, há sempre policiamento na região”, diz o oficial. Segundo Castro, há cerca de 15 dias, condôminos do Alphaville II queixaram-se de ações semelhantes. “Funcionários do condomínio estavam sendo assaltados por indivíduos da região de Mussurunga”, diz. O aumento do policiamento no local, com o apoio do Esquadrão de Motociclistas Águia, tem colaborado com a redução de assaltos, segundo o PM. Castro não descarta, entretanto, a possibilidade de ter ocorrido uma migração. “Vivemos nessa dança de gato e rato. Vamos levantar informações sobre as ocorrências em Alphaville I”.

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