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Assaltos na passarela da Heitor Dias apavoram pedestres

Sem iluminação, pedestres viram presas fáceis para bandidos, tão logo escurece

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12/07/2014 às 8:48 • Atualizada em 30/08/2022 às 23:11 - há XX semanas
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Ao cair da noite, a batida do coração é mais acelerada, no mesmo ritmo dos passos e do medo que toma o corpo de quem cruza as passarelas da Avenida Heitor Dias. Quem circula pelas duas estruturas — erguidas por conta da construção da Via Expressa, que liga a BR-324 ao Porto de Salvador — tem sido alvo fácil de ladrões. Eles aproveitam a escuridão para agir.
Para se ter uma ideia, na quinta-feira, dos 31 pontos de luz da primeira passarela, que liga a Vila Laura à Cidade Nova, em frente à concessionária Retirauto, 29 tinham a fiação cortada. Os outros dois, apesar de parecerem intactos, não acendiam. Segundo pessoas acostumadas a usar o equipamento, os assaltos ocorrem com frequência, a partir das 18h.
Há cerca de uma semana, duas estudantes do Colégio Estadual Frederico Costa, na Vila Laura, foram roubadas por dois garotos quando voltavam para casa, por volta das 20h. Um deles segurava um caco de vidro.
Conhecendo o perigo local, elas andavam a passos largos, mas os ladrões as esperavam sentados no pilar da passarela, do lado das Sete Portas. Como a estrutura estava sem iluminação, as jovens só perceberam a ameaça a cerca de cinco metros da dupla. “Elas tentaram recuar, mas eles agiram primeiro. Levaram os celulares, as bolsas e as mochilas”, contou uma vendedora ambulante que trabalha no local e acudiu as meninas.

Medo Situações como a vivida pelas estudantes amedrontam outros moradores da região, que até camuflam objetos como celular, carteira e relógio. A dona de casa Érica Patrícia Franca, 32, evita o lugar após o entardecer. Segundo ela, que mora na Cidade Nova, quem sai do trabalho durante a tarde e precisa usar o equipamento, acaba sendo vítima.
Foi o que aconteceu com a recepcionista Luciana Santana, 37, assaltada três vezes. “Eu estava no ponto e um Corsa branco com quatro pessoas deixou um rapaz de blusa tipo abadá. Ele chegou discreto, mostrou a arma e recolheu a bolsa de umas 20 pessoas que estavam no ponto”, disse.
Uma manicure disse que viveu momentos de terror no início deste ano. Ao cruzar a maior parte da passarela na escuridão, percebeu já no final do percurso que estava o tempo todo sendo seguida por um rapaz de bicicleta. “Quando o vi, agilizei”, disse.
Desesperada, ela não parou no ponto, seu destino, e seguiu andando no sentido Rótula do Abacaxi. “Foi quando ele desceu a passarela às pressas e usou a bicicleta para me imprensar na parede”, contou a moça, que teve a bolsa e uma sacola de compras levadas pelo ladrão.
Um morador da região, que não quis se identificar, contou que, só essa semana, viu três assaltos ocorrerem na passarela durante o dia. “Pegaram o ladrão e quebraram ele todo. Depois, chamaram a polícia e ele conseguiu escapar. De noite, é o tempo todo, eles passam de moto e ficam já de olho na vítima. Quando a pessoa termina de atravessar a passarela, eles roubam”, contou.

Iluminação A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) é responsável pelos equipamentos até a conclusão total das obras. As quatro passarelas da Via Expressa foram licitadas a um custo de R$ 17,1 milhões, em março do ano passado. As duas passarelas da Heitor Dias foram inauguradas há menos de um ano, mas ainda há o que fazer. Dos elevadores para deficientes, por exemplo, só existe a estrutura metálica.
Na opinião de quem passou por maus bocados na travessia, as situações poderiam ser evitadas se houvesse luz no local. “Pouco depois de ter sido inaugurada, em janeiro deste ano, os usuários de crack arrancaram as fiações da rede elétrica e as lâmpadas para vender em ferros-velhos das Sete Portas e IAPI”, disse um aposentado.
Um ambulante que trabalha no local, no entanto, disse que antes mesmo de a fiação ser arrancada, as luzes nunca acenderam. “Nunca foi ligada à rede elétrica”, contou.
Questionada, a assessoria da Conder disse desconhecer que a passarela tenha sido entregue sem iluminação, e enviou nota informando que “as ações frequentes de vandalismo e o furto de materiais prejudicam o trabalho de manutenção realizado pela construtora contratada para implantação dos equipamentos que facilitam a circulação de pedestres”. O órgão afirmou que “uma nova vistoria técnica identificará os danos e prejuízos causados e, posteriormente, os problemas mencionados serão corrigidos”.

Em nota, PM promete intensificar policiamento noturno na área
“Há dois meses, a mãe de uma tenente da Polícia Militar quase foi arremessada para fora, quando lutava com um rapaz para não ter a bolsa roubada. Ela seguia para o lado da concessionária e só não caiu porque desistiu e o rapaz fugiu com a bolsa”, contou uma pessoa que mora às margens da avenida há mais de 40 anos. “Passar aqui, de noite? Deus me livre, ainda bem que eu não preciso, porque segurança não tem nenhuma”, afirma outro morador da Cidade Nova, de 62 anos, que se identificou apenas como Jair. Segundo ele, as abordagens na passarela são incontáveis. “Assalto tem em todo lugar, e toda hora. Aqui tem e não é pouco”, afirmou. As pessoas reclamam da escassa presença policial.
“A segurança aqui é de Jesus. O policiamento é ronda. Se eles (ladrões) tiverem o azar de a polícia passar na hora, vão presos. Se não, levam tudo”, comentou um ambulante. Em nota, a Polícia Militar informou que a região é de responsabilidade da
37ª CIPM (Liberdade) e da 58ª CIPM (Cosme de Farias), que fazem o policiamento com radiopatrulhamento, operações estratégicas - com o apoio de unidades especializadas - e abordagens preventivas a pessoas e a veículos. A PM disse que intensificará o policiamento no período noturno através de paradas e permanências estratégicas de viaturas no local, além do emprego do efetivo do Serviço de Inteligência, no sentido de coibir ações criminosas.
Com perigo no entorno, mototáxi vira alternativa para evitar assaltosOs assaltos não são restritos a quem cruza as passarelas. O entorno das estruturas também é perigoso, com assaltos constantes na Ladeira do Capoteiro, que leva à Vila Laura e costuma ficar deserta à noite, e na Rua 24 de Junho, a Ladeira de São João, que leva à Cidade Nova. Quem diz isso são os mototaxistas que atuam no Via Expressa. “A gente cansa de fazer corrida para subir a Ladeira do Capoteiro, aqui perto. Tanto quem sobe, como quem desce, tem sido roubado”, conta um jovem mototaxista. “Se não for com a gente, tem senhoras que não sobem a ladeira porque tem muito pivete para tomar a bolsa”, completou. O ponto dos mototaxistas fica entre as três passarelas. “Mas a gente está aqui só até as 20h. Tem pouca iluminação e não queremos também ser roubados”, finalizou outro mototaxista. Matéria original do Correio Com 'hora marcada', assaltos na passarela da Heitor Dias apavoram pedestres

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