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Bonfim: pesquisadores criticam separação de católicos na Lavagem

Antropólogos Jaime Sodré e Ordep Serra apontam retrocesso na decisão de pôr católicos à frente de baianas. Capinan diz que o papa não aprovaria

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01/01/2014 às 14:25 • Atualizada em 02/09/2022 às 1:46 - há XX semanas
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A separação entre cortejos anunciada pela Igreja Católica para a Lavagem do Bonfim de 2014 vem desagradando os cientistas sociais, que consideram a decisão pouco inteligente e retrógrada diante da convivência harmoniosa dos ritos. Para o antropólogo Jaime Sodré, o sincretismo representa uma evolução, que pode ser comprometida com a decisão. “Hoje a grande marca é a complementação. Pode ser interpretado que essa distância signifique um afastamento no momento que já conquistamos a vivência”, diz. Sodré considera que a Igreja tem direito de fazer o que considera certo, mas as manifestações que acontecem na Lavagem não podem ser consideradas desrespeitosas, já que se trata de características do povo brasileiro. “As manifestações da Lavagem também são religiosas com caráter popular. Não são profanas, são lúdicas”, pontuou. Segundo José Carlos Capinan, presidente do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, o projeto também é equivocado e não reflete o atual pontificado do papa Francisco. “O papa não faria isso. Ele fala para não inibir as relações, sobretudo relações religiosas e essa é uma grande confraternização religiosa”.
O maior prejuízo da divisão de cortejos, de acordo com o antropólogo Ordep Serra, pode ser a privação de aspectos singulares da festa. “Fizemos um convênio entre Oxalá e o Senhor do Bonfim. No mundo inteiro é um culto de flagelação, tristeza e arrependimento. Aqui na Bahia é muito alegre. A gente faz a Lavagem vestido de branco, namorando e bebendo cerveja, o que deve agradar muito mais a divindade”, comentou. O reitor da Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim, padre Edson Menezes, anunciou na segunda que a pastoral sairá às 8h, e não às 9h como costuma sair o cortejo das baianas. A caminhada foi chamada de Lavagem de Corpo e Alma e os fiéis sairão uniformizados. Para a Igreja, os excessos da festa representam a perda do caráter penitencial da Lavagem do Bonfim. Matéria original: Correio 24h Bonfim: pesquisadores criticam separação de católicos na Lavagem

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