Foto: Allana Gama / iBahia
Nesta segunda-feira (14), o poeta baiano Castro Alves completaria 175 anos de nascimento. Filho do médico e professor, Antônio José Alves e da dona de casa, Clélia Brasília da Silva Castro, o artista deixou um legado não só nas letras, mas por onde viveu como cidadão soteropolitano. Poucos sabem da vida, da rotina e dos lugares que Antônio Frederico de Castro Alves viveu.
A praça que leva o nome dele, no centro de Salvador, está bem longe do que podemos chamar de preservação do legado deste brasileiro. Prova disso é o casarão localizado no Parque Solar Boa Vista. O imóvel fica no Engenho Velho de Brotas e segue em completo abandono.
O iBahia esteve no local e conversou com os moradores sobre a situação do espaço e a falta de preservação da memória deste artista, que viveu no imóvel durante a infância. SeuAdeildo Gonçalves trabalha em frente ao casarão há 27 anos. Ele destacou que é triste ver tudo deste jeito.
Ele, quando criança, já teve a oportunidade de ver o local de outra maneira. "Antes era lindo, era perfeito, era todo intacto. Hoje, está uma tristeza de ver, totalmente abandonado. Eu acho que deveria restaurar e resgatar a história, né?!", disse o chaveiro.
A comunidade do "Engenho Velho", apesar da situação de toda a estrutura, mantém um respeito pela história do local e busca, sempre que possível, soluções temporárias como capinar a área externa.
Leia também:
Mas, as ações não são suficientes. O morador Lúcio Cláudio, de 42 anos, fez questão de falar com o iBahia e questionar o estado do casarão. "Outras prefeituras atuam em prédios antigos e conservados. E, aqui em Salvador, um prédio desse, importante e famoso, onde morou Castro Alves, assim desse jeito", disse o morador.
Nas imagens abaixo, é possível a situação do local. Não há mais teto em alguns cômodos, vigas estão destruídas, escadas desmoronaram, imóveis foram deixados no local. Mas como o casarão ficou assim? Nós explicamos...
Início da degradação
O espaço começou 'a ficar abandonado' após um incêndio registrado em janeiro de 2013. Na ocasião, lá funcionava a Secretaria de Educação do Município. Em 3 horas, tudo virou cinzas. Um curto-circuito foi a causa para o início do incêndio.
O prédio, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1938, já foi o Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, e até a Prefeitura de Salvador. Mas, hoje, não tem estrutura para ser uma área de lazer para a comunidade ou qualquer outra instituição.
Foi em 1858 que o pai de Castro Alves comprou o espaço. Historiadores revelam que o sonho do pai do poeta era transformar o casarão em uma casa de saúde. Há relatos ainda de que o governo só adquiriu o casarão em 1869 e foi aí que o primeiro hospício de Salvador foi criado em 1873.
A unidade se transformou no Juliano Moreira em 1935 e, em 1982, o prédio virou sede da prefeitura. A Secretaria da Educação só ocupou o espaço em 2003, ficando até 2013, data do incêndio.
Casarão sem dono
Com as estruturas danificadas, nada foi feito para restauração ou manutenção do casarão. Antes, tapumes protegiam a área, mas agora o acesso ao imóvel é livre. O iBahia entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Salvador. Elainformou que, após o incêndio, as responsabilidades do imóvel foram retomadas pelo governo estadual.
Por sua vez, o Governo da Bahia relatou que é responsável pelo espaço e que o parque é assumido por duas secretarias que possuem estruturas de atendimento à comunidade.
A primeira delas é a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Esta informou que "A despeito do terreno do Parque Solar Boa Vista, no que tange as estruturas administradas pela Sesab no local, encontram-se em funcionamento o Centro de Infusões e Medicamentos Especializados (Cimeb) e a primeira unidade de referência no tratamento de doenças do fígado no território baiano, que é ligada ao Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (Cedap). Quanto ao projeto de implantação da Central Estadual de Laudos da Parceria Público-Privada (PPP) de Imagem em uma das edificações do Parque Solar Boa Vista, o Governo do Estado reavaliará de modo intersetorial uma nova destinação para a estrutura, bem como a sua revitalização".
Já a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), segunda responsável do parque, relatou que tem responsabilidade apenas sobre a manutenção do Teatro Solar Boa Vista. E a pergunta permanece...Quem é dono do casarão de Castro Alves e vai assumir a restauração do espaço?
Leia mais sobre Salvador no ibahia.com e siga o portal no Google Notícias
Veja também:
Redação iBahia
Redação iBahia
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!