Especialistas se reuniram ontem na Faculdade de Medicina da Ufba, no Terreiro de Jesus, a partir das 14h, para debater soluções para o Centro Histórico de Salvador. O seminário Centros Históricos: O Desafio da Governança, realizado pelo Instituto Antonio Carlos Magalhães, trouxe a Salvador arquitetos e urbanistas que participaram, direta ou indiretamente, da revitalização de centros históricos em Paraty, Rio, Lisboa e Barcelona. Mauro Munhoz, presidente da Fundação Casa Azul (realizadora da Flip - Festa Literária de Paraty), promoveu a palestra A Cultura que Desenha a Cidade, em que relembrou a trajetória de Paraty, que hoje sedia o maior evento literário do país. “Um centro histórico só se desenvolve quando se entende o que há de singular naquele lugar”, ressaltou Munhoz.
Em seguida, o arquiteto participou do debate Centros Históricos: Um Bom Negócio?, que também teve a participação de Joan Romero (diretor da Agência Catalã de Turismo para a América do Sul), Luciano Lopes (diretor executivo da Prima S.A., responsável pela obra do Hotel Fasano, em Salvador) e Paulo Gaudenzi (presidente da Salvador Destination e diretor do Sheraton Bahia). Paulo Gaudenzi ressaltou que o Centro Histórico é uma marca da cultura da cidade: “É um referencial da imagem da cidade. E é essa imagem que diferencia uma cidade da outra, porque é resultado daquilo que foi acumulado pelas pessoas na história”. Gaudenzi falou sobre a importância de o Centro se tornar uma área interessante para os moradores da cidade e não exclusivamente para os turistas: “O visitante é um habitante temporário. Então, a cidade precisa ser boa para os moradores”. Luciano Lopes falou sobre a necessidade de haver pessoas nativas no Centro: “O turista quer ver gente andando, ter contato com a comunidade local. Por isso, precisa haver uma política que permita a habitação de prédios históricos do centro”. Mauro Munhoz destacou que para transformar o centro numa região atraente para negócios, é preciso saber o que a população deseja: “Por isso, é necessário realizar pesquisas com os futuros moradores daquela área para saber o que eles querem”.
O arquiteto lembrou que para os negócios funcionarem bem é necessário investir em mobilidade: “O transporte tem que ser universal e acessível. É essencial investir em transporte público. A era do automóvel acabou”. Luciano Lopes lembrou a importância de o estado oferecer incentivos às empresas: “O incentivo fiscal é muito importante. Um decreto recente da prefeitura determina redução de ISS e IPTU para as empresas que forem instaladas no Centro Histórico. Isso tem um peso muito grande quando o empresário vai decidir onde instalar seu estabelecimento”. Em seguida, a coordenadora do setor de Cultura da Unesco, Patrícia Reis de Matos Braz, realizou a palestra O Papel da Cultura para o Desenvolvimento Urbano. Patrícia esteve também na mesa-redonda Centro Vivo: A Nova Agenda Urbana, que teve a participação de Bruno Tavares (superintendente Iphan-BA), Bernardo Araújo (secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Emprego de Salvador) e Waldeck Ornelas (especialista em planejamento urbano-regional). Pela manhã, houve palestras da arquiteta Branca Neves, que falou sobre sua experiência à frente do Centro Histórico de Lisboa, e Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. Aconteceram também outras duas mesas-redondas. A exposição Centros Históricos ao Redor do Mundo, que também integra a Semana ACM - Ação, Cidadania e Memória, segue em cartaz na Faculdade de Medicina até o dia 30, com entrada gratuita.
Fernando Guerreiro, mauro Munhoz, Joan Romero, Luciano Lopes e Paulo Gaudenzi debateram em uma mesa-redonda (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) |
Waldeck Ornelas esteve em outro debate do seminário (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) |
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Redação iBahia
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