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Coluna ValoRH: A balança dos empregos sempre muda

Novos empregos vêm sendo criados diariamente, juntamente com novos negócios

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27/03/2013 às 7:57 • Atualizada em 31/08/2022 às 9:23 - há XX semanas
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O Brasil inteiro parece ter virado a Nação dos Concursos. Abrimos a página do jornal, ou site de notícias e está sempre lá, que o órgão tal abriu milhares de vagas prometendo remunerações estupendas. Para onde a vista alcança o que se vê são concurseiros e fazedores de provas, todos em busca de uma nota de qualificação, a qualquer custo, começando pelo Enem, síntese suprema da atestagem do conhecimento adquirido, passaporte para a Universidade Pública e gratuita, trampolim para um cargo público, eterno e indivisível. Todo o processo de ensino parece ter se resumido a formar fazedores de provas, sonho de muitos pais que almejam que seu filho seja um exímio concurseiro. Este é o único caminho para o sucesso ? Será que Bill Gates, Steve Jobs, ou mesmo Einstein conseguiriam tirar uma boa nota no Enem? Será que algum deles tiraria uma boa nota em um concurso público, ou por outra perspectiva, será que eles não se sentiriam seduzidos pela carreira de concurseiro e abandonariam seus sonhos empreendedores antes mesmo de começar? Bom, pelo que conhecemos da vida de Einstein, é quase certo que, pelo menos para Einstein, seria improvável a sua qualificação para um cargo público no Brasil. Sabe-se que muitos dos maiores empreendedores e cientistas nunca foram propriamente alunos padrão, porque antes se revelaram rebeldes. O Enem, cujo propósito inicial era o de aferir a qualidade do ensino, tornou-se o paradigma da educação, objetivo final de toda uma vida escolar. De uns tempos para cá, parece que todo o sistema de ensino brasileiro passou a ficar subordinado às sumidades do MEC, que não andam merecendo muita confiança, pelo visto. Pior do que o episódio das correções despropositadas são as diretivas, algumas de caráter ideológico e revisionista às avessas que vêm determinando a grade curricular e o formato da educação no País. A “Enenização” do ensino no País e a submissão de todo um sistema ao propósito único de tirar a maior nota possível neste exame pode minar e sufocar a criatividade de nossas crianças. O Brasil vive um momento de intensa valorização do serviço público, o qual vem conquistando as melhores mentes. Aqui reside parte do perigo. O Estado não produz nada, não resolve e tão pouco empreende, mas requisita os melhores talentos cujo destino poderia ser o empreendedorismo.
"O Brasil vive um momento de intensa valorização do serviço público, o qual vem conquistando as melhores mentes"
Nos países de maior sucesso as maiores recompensas são obtidas através do empreendedorismo e aceitando seus riscos. No Brasil, estamos tentando inverter a ordem das coisas, mesmo sabendo que todo ciclo tem um fim. Em algum momento “alguém” vai ter que gerar o “output”, ou seja, não pode haver mais gente taxando do que produzindo, uma tendência que terá que ser revertida em algum momento. Para quem ficou de fora da festa, ou seja, do lado do taxado, pode parecer, às vezes, que o momento é altamente desfavorável. Não é. Existe uma revolução em andamento e que está alterando radicalmente as formas de trabalho e interações. Um dos melhores exemplos pode ser encontrado na área de Tecnologia da Informação e o efeito sobre os empregos nesta área que a tecnologia de “Nuvem” (Cloud) propicia. Muitos empregos estão migrando de dentro das empresas para provedores de serviços na nuvem, notadamente na área de segurança da informação, aplicativos e armazenamento de dados. As empresas começam a ter dificuldades para contratar profissionais de TI, simplesmente porque não há como formar todas as competências necessárias. O que vem ocorrendo em massa é o enxugamento das áreas de TI das empresas rumo ao serviços externos terceirizados. As tecnologias de Nuvem (Cloud), revivem de certa forma, ainda que se tratando de tecnologias bem diferentes, dos velhos bureaus de processamento, que proliferavam nas décadas de 70 e 80. Calma, talvez seja algo do que você nunca ouviu falar, caso tenha menos de 50 anos, mas é o retorno da velha ideia de entregar a uma empresa externa o processamento de dados da sua empresa, ou pelo menos parte substancial deste processamento. Tais exemplos apenas demonstram que novos empregos vêm sendo criados diariamente, juntamente com novos negócios. O fato é que a massa de informações e conhecimentos existentes no mundo não pode mais ser aprendida dentro das escolas e universidades. Além de o aprendizado ser constante, melhor fariam as escolas e universidades se procurassem fornecer uma base mais sólida de conhecimentos, retornar até mesmo ao bê-a-bá, e ensinar o aluno a pesquisar e exercer mais a criatividade, ao invés de focar tanto em sequências de provas, engessando o conteúdo, naquela preocupação obsessiva que desemboca no Enem. Com tanta massa de informação disponível, não seria melhor o ensino ser mais focado no lúdico ao invés de doutrinarmos nossas crianças rumo ao Enem? A economia sempre apresenta seus ciclos. Se hoje o processo é francamente favorável ao serviço público - aqueles que taxam, e parece desfavorável a quem empreende, o lado taxado, os sinais recentes de recrudescimento da inflação, o esgotamento do modelo de financiamento público através dos bancos oficiais e exaustão do pilar Petrobras podem indicar que o ciclo atual está no fim. Para a criançada de hoje é bem provável que se deparem, nas próximas duas décadas, por volta de sua entrada no mercado de trabalho, com um ciclo pró-empreendedorismo. Para quem gosta de história e geografia, não custa lançar um olhar para o passado e para outros países para ver como a coisa se desenrola. A Grécia teve a sua Olimpíada em 2004, viveu um momento efêmero de glória e quatro anos depois estava completamente quebrada contando com um quadro estatizado muito elevado. O Brasil corre o sério risco de ser a Grécia amanhã, embora, é claro, tenhamos muito mais recursos, capacidade e tamanho para não descermos tão fundo. Quem estiver bem preparado e antenado com o que se passa no mundo estará, no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo, em posição privilegiada. Leia as colunas anteriores: Empregabilidade: A proatividade, o interesse e a disciplina podem favorecer a sua? Empregabilidade. Como está a sua? Consultora dá dicas de como ter sucesso em Processo Seletivo Qual a sua maior habilidade ou competência? Já pensou nisso?
Sergio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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