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Coluna ValoRH: Os profissionais mais procurados no mercado

Especialista fala sobre a dificuldade para se conseguir bons profissionais

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11/06/2013 às 8:44 • Atualizada em 27/08/2022 às 6:45 - há XX semanas
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Recente enquete feita pelo jornal 'Folha de São Paulo' junto a dez das principais consultorias em Recursos Humanos do País, traz um retrato das profissões em que há maior e menor oferta de vagas disponíveis no Brasil. Dentre as profissões que estão no topo da lista, ou seja, aquelas em que a dificuldade para se conseguir bons profissionais é maior e que , consequentemente, oferecem maiores salários, figuram especialidades vinculadas à engenharia (Engenharia da Produção, Engenharia Mecânica, Engenharia Civil e Petróleo e Gás), à área farmacêutica e à da tecnologia da informação (Gerente de TI e Analista de Mídias Sociais), o que não chega a ser uma surpresa. Essas áreas estariam sendo beneficiadas pelo recente boom das indústrias da energia (eólica, térmica e hidráulica), pela intensificação da exploração do petróleo na camada pré-sal, pelo aumento das obras de infraestrutura e de empreendimentos imobiliários e pelo avanço da internet. De acordo com a matéria, nestas áreas, 68% dos empregadores brasileiros tem dificuldade para contratar, o que coloca o nosso país ( pasmem!), como o segundo do mundo com mais esforço para empregar, dentre 42 pesquisados, atrás apenas do Japão.
Enquete aponta as profissões em que há maior e menor oferta de vagas disponíveis no Brasil
Todavia, também em atividades tradicionais, em que a oferta de talentos costuma ser mais pródiga, como a Administração, a Contabilidade e o Direito, cada vez mais são demandados profissionais com perfis diferenciados e que atentem para aspectos específicos do mercado, que impõem novos desafios para as empresas, a cada dia. É o caso do profissional de Recursos Humanos, ou de Gestão de Pessoas. Para além do que é ensinado na faculdade, o mercado precisa de gerentes e diretores que entendam a realidade que os circunda e consigam desenvolver políticas de atração e retenção de talentos efetivas. O mesmo acontece na área de vendas, em que gerentes capazes de entregar melhores resultados em um momento de competição acirrada, como o que vivemos, se destacarão. Ainda na área da Administração, uma especialidade razoavelmente recente, mas que tem levado de volta às salas de cursos de especialização e MBA muitos profissionais experientes, é a Gestão de Projetos. Ora, em um momento em que as grandes obras pipocam país afora, nunca foi mais necessário, para uma empresa, ter um profissional capaz de planejar e gerenciar todas as dimensões requeridas em um projeto. As limitações impostas por nossa legislação e pela precariedade de nossa infraestrutura, popularmente conhecidas como componentes do famoso “custo Brasil” também concorrem para a valorização do trabalho dos contadores e advogados especializados em questões societárias e tributárias e dos profissionais da área de logística, estes últimos, alçados a posições estratégicas nas organizações, face à sua capacidade de reduzir tempo e custos para a indústria. Muitos destes profissionais, por esse encontrarem empregados, não procuram novas oportunidades o que força as empresas de recrutamento e seleção a adotarem, com maior frequência, técnicas de hunting. Em algumas delas, a proporção de contratações oriundas da transferência entre empresas chega a 85% do total. Uma outra consequência da falta de talentos disponíveis é que as empresas estão flexibilizando mais em suas exigências técnicas e apostando em candidatos com potencial para aprender e progredir na carreira, assumindo a complementação da sua formação. Do outro lado da escala, a mesma enquete traz aquelas profissões que, em função de mudanças na economia (algumas delas já destacadas neste texto como fatores de sucesso para outras áreas) ou por excesso de formados em atuação ou á disposição no mercado, estão entre as menos procuradas. Esse é o caso da antropologia, sociologia, geografia, história, jornalismo, pedagogia, direito (excetuando-se as especializações mencionadas acima) e serviço social. É importante perceber que se trata de profissões relacionadas, em sua maioria, às ciências humanas, tidas como não instrumentais, ou seja, profissões que não “ensinam” o exercício de uma atividade prática mas que se situam no plano das ideias e do conhecimento fundamental. Assim, por não se tratarem de formações “para o mercado” ficam restritas, por natureza, à pesquisa e ao ensino, carreiras que, no Brasil, infelizmente não são atrativas e valorizadas.

"Empresas estão mais flexíveis em suas exigências e apostando em candidatos com potencial para aprender e progredir na carreira"

De acordo com a consultoria Michael Page, os atuantes destas áreas devem procurar diferenciais para competir. Esse parece ser bem o caso da área de Direito. Impressiona o aumento de procura que esses cursos tem tido nos últimos anos, muito em função do acesso que proporcionam às carreiras públicas. Esse aumento desmesurado de cursos e de bacharéis gerou uma série de distorções no mercado de trabalho do profissional de Direito, algumas delas já abordadas, aqui, em colunas anteriores. Mas o efeito mais nocivo, além da quantidade de bacharéis que não podem advogar é a crescente competição entre bancas de profissionais. Para os consultores pesquisados, uma boa saída é a especialização em áreas menos procuradas como o direito internacional, o direito da internet ou, ainda, o direito tributário, mais chato e difícil de entender, por isso mais interessante. Sabe-se que essa situação é conjuntural e que, excetuando-se algumas mudanças que vieram para ficar, a exemplo das tendências de ordem tecnológica e informacional, certamente serão diferentes no longo prazo. Mas, como dizia Keynes, “no longo prazo todos estaremos mortos” ou aposentados, então, nunca é demais nos informarmos e considerarmos as variações do ambiente em nossas decisões profissionais.

Profa. Dra. Carolina Spinola E-mail: [email protected] Consultora da Área de Negócios da ValoRH. Administradora, com mestrado em Administração e Doutorado em Geografia, com ênfase em Desenvolvimento Regional. Professora Universitária e Coordenadora de Curso de Pós-Graduação.

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