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Conheça a história de pessoas que se deslocam a pé por Salvador

Cinco pessoas que moram na capital baiana e optam por fazer o caminho da faculdade ou do trabalho andando falam sobre suas rotinas

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18/09/2013 às 8:21 • Atualizada em 27/08/2022 às 7:54 - há XX semanas
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Qual a forma que a população da Região Metropolitana de Salvador mais utiliza para se locomover? Se você pensou ônibus ou carro, está enganado. Curiosamente, o modo mais utilizado para se deslocar é a pé, revelou uma pesquisa divulgada no mês passado pela Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia. Na Semana Nacional do Trânsito, que acontece de 18 a 25 de setembro, o iBahia conta a história de pessoas que moram na capital baiana e que optam por fazer o caminho do trabalho ou da faculdade andando.
Rodrigo Souza de Santana, de 29 anos, trabalha como vendedor no Caminho das Árvores e volta todos os dias correndo para sua casa, que fica no Cabula, próximo ao 19º Batalhão de Caçadores. "Geralmente eu venho [para o trabalho] de ônibus por questão do tempo, [de ser] muito cedo, e questão também de chegar suado na empresa. Mas a volta, por questão de faculdade, contratempo, família, eu aproveito esse tempo que eu iria passar uma hora e meia em um ônibus, e vou correndo para casa, aproveito para fazer uma atividade física", conta Santana, que sai do trabalho às 18h. Para o vendedor, a economia de tempo é um das motivações para manter essa rotina, retomada há cerca de dois meses. Segundo Rodrigo, além de ser uma atividade saudável, a corrida evita o estresse que enfrenta nos ônibus. O caminho que leva aproximadamente 40 minutos dura entre uma hora e meia e duas horas no coletivo. "Você não se estressa tanto de estar em um ônibus lotado. Às vezes tem até confusão, principalmente a linha que eu pego (Tancredo Neves/Santo Inácio/Mata Escura), que, para você ter ideia, é gente na porta. Eu chego no ponto seis horas, passam três ônibus lotados, para eu tentar pegar um quarto e ir na porta", relata.
"Você não se estressa tanto de estar em um ônibus lotado"
Do trajeto, o vendedor diz que não tem muito o que reclamar. "Eu vou pela [avenida] Luís Eduardo, então é uma área com uma pista nova, é uma estrutura toda nova, não tem nada esburacado. Para mim é um lugar maravilhoso para se correr. Eu só reclamo um pouco da iluminação. A iluminação é um pouco fraca. Se você não vier com o olho bem aberto ainda é capaz de você ser assaltado", afirma.
Já o técnico de desenvolvimento Rodrigo Ferreira Valverde, de 30 anos, também vai de ônibus para o trabalho, que fica na av. Tancredo Neves, e volta andando para casa, no Itaigara, próximo ao Hotel Fiesta. O percurso de volta para casa leva cerca de 30 minutos, o que, de ônibus, dura entre 40 e 50 minutos. A escolha por voltar andando tem algumas motivações. “Primeiro, tem a questão do trânsito, porque como é muito engarrafado, aí acaba não valendo a pena. Tem também a questão da saúde [...], a questão da qualidade do transporte. Eu acho importante frisar: o valor que a gente paga eu acho que não corresponde ao serviço que a gente tem", argumenta o técnico. Ele diz que gosta de andar e, inclusive, já chegou a voltar andando para Nazaré, onde anteriormente morava, em um caminho de cerca de duas horas. "Andar para mim não é um sacrifício, é um prazer", afirma.
"Andar para mim não é um sacrifício, é um prazer"
A única desvantagem é o suor, de acordo com Valverde. "Desvantagem, para mim, é só porque eu transpiro. Por isso que eu não venho para o trabalho andando. Se eu não transpirasse como eu transpiro eu viria andando também para o trabalho", garante. No caminho de volta para casa, atravessar é tranquilo, devido ao engarrafamento, mas o técnico de desenvolvimento reclama das calçadas. "Elas são bem precárias [...] tem lugares que nem tem calçada, só a rua, o pessoal estaciona e às vezes tem que andar no meio da rua", conta.
O analista de saneamento Leandro Vieira Magalhães, de 32 anos, também trabalha na av. Tancredo Neves. Pela manhã, vai para o trabalho de carro e, no horário de almoço, deixa o veículo em casa. No turno da tarde, vai para o trabalho e volta para casa, na av. Paulo VI a pé, a não ser que haja alguma imprevisibilidade no tempo. "Pela manhã, que o trânsito é mais tranquilo, eu venho de carro, e à tarde, todos os dias, quando não está chovendo, eu venho andando. Por conta tanto trânsito quanto por uma questão de saúde. É bom para a saúde [...] Não é todo dia que tem oportunidade de sair para correr e a gente aproveita para fazer algum tipo de exercício", afirma Magalhães. Em alguns pontos do trajeto, que tem cerca de três quilômetros, ele sente falta de uma faixa de pedestre, nota que as calçadas não estão muito boas e, a depender do horário, se sente um pouco inseguro. O trajeto que leva mais ou menos 25 minutos andando, é de cerca de 40 minutos de carro, sem nenhuma eventualidade, segundo o analista de saneamento. Poder prever o tempo que vai chegar em casa foi uma dos benefícios que optar por ir e voltar a pé trouxe para a vida de Magalhães. "De carro eu não posso prever o tempo que eu vou chegar em casa, tanto eu posso levar 30 minutos em um trânsito mais tranquilo como eu posso passar, como eu já passei aqui quase duas horas dentro do carro para chegar em casa. Então eu tenho uma previsibilidade maior de chegada em casa, posso fazer compromissos sem correr o risco de não poder atendê-los ou poder cumpri-los. E para saúde também, a gente nota uma perda de peso com o decorrer do tempo, você se sente melhor às vezes por conta do exercício que você faz", conta. Andar também é uma opção para mulheres
Não são somente homens que optam por ir ou voltar a pé. A administradora Vanessa Ayres de Carvalho Senna, de 27 anos, mora no Loteamento Aquarius, perto de onde trabalha, e prefere ir andando do que enfrentar o engarrafamento da av. Magalhães Neto, onde fica o seu trabalho, pela manhã. "Porém na volta, por ser já mais tarde, mesmo com todo o movimento de carro e de gente, meu marido me dá carona para casa", afirma. A pé, ela leva mais ou menos cinco minutos para chegar ao trabalho e, de carro, ela estima que leve uns 15 minutos no engarrafamento. A vantagem de ir andando, para Vanessa, é, sem dúvidas, a qualidade de vida. "Eu acordo super tranquila, tomo café, consigo ver televisão até antes do trabalho, sei que não vai ter estresse de carro, de trânsito. E essa é a maior vantagem, saber que você vai chegar no trabalho rápido, não vai perder tempo no trânsito, não vai ter estresse...", relata. Para a administradora, a única desvantagem é a questão da segurança. "Porque de noite realmente não tem como. Eu até já fui assaltada nessa distância de 300 metros", relata.
"Sei que não vai ter estresse de carro, de trânsito"
Sem chover, o trajeto é tranquilo. "Quando chove fica mais complicado para poder chegar lá a pé. Porque fica muito alagado por conta dos buracos, a calçada não é tão boa, tem algum momento que você tem que pegar a pista de carro. Mas só quando está chovendo. Mas, por exemplo, uma pessoa de cadeira de rodas é muito complicado", afirma Vanessa.
Já a estudante Ana Letícia Oliveira dos Reis, de 24 anos, vai e volta andando tanto da faculdade quanto do trabalho. Ela mora na região da avenida Paralela, próximo ao Colégio Dom Bosco, e sua casa fica perto da faculdade, a Unijorge, e do 'EMITec- Instituto Anísio Teixeira', local onde trabalha. Todos os caminhos levam até 15 minutos fazendo a pé. "Morava na Boca do Rio, porém a demora do transporte e a falta de horário certo me incomodavam. Então, busquei um apartamento que ficasse mais próximo ao trabalho e faculdade", conta. Segundo Ana Letícia, da casa dela não tem transporte público para a faculdade e de carro não compensa. No percurso, ela enfrenta alguns problemas: em uma das ruas não tem muito espaço para o pedestre e na calçada já da Paralela tem muitas partes de terra que, quando chove, fica com lama, além da falta de segurança e da iluminação precária à noite, quando retorna do trabalho. A vantagem de ir andando, para ela, é não precisar encarar engarrafamento. "Não sei o que isso significa há algum tempo. E, também, não me estressar com os atrasos do transporte público que é precário. Recomendo a todos morar perto do trabalho", afirma.
"Recomendo a todos morar perto do trabalho"
A pesquisaSegundo a 'Pesquisa Origem e Destino Domiciliar da Região Metropolitana de Salvador 2012', uma parcela significativa das viagens na Região Metropolitana de Salvador é feita através de ônibus municipal (31,5%). Entretanto, o modo a pé é o mais utilizado (35,3%), ficando o automóvel em terceiro lugar (19,1%), sendo 13,5% das viagens como motorista e 5,6% como passageiro. No período de agosto de 2012 a maio de 2013, o estudo mobilizou 342 pesquisadores. O objetivo foi levantar as informações atualizadas sobre os deslocamentos realizados pela população em um dia útil típico.

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