As quatro avenidas preferidas dos assaltantes de ônibus em Salvador são conhecidas: Bonocô, Paralela, BR-324 e Suburbana. Motivo? A grande quantidade de rotas de fuga nesses corredores facilita a ação dos bandidos. Mas, por onde eles fogem?Ontem, o CORREIO apurou com a Polícia Militar por quais locais escapa boa parte daqueles que, entre janeiro e fevereiro deste ano, assaltaram nada menos que 377 coletivos. É como um jogo de gato e rato. Quando menos se espera, o assaltante entra em um “buraco” (passarelas, escadarias, vielas) e simplesmente desaparece.
Na Bonocô, se enfiam nas imediações da Casa Eloy e na Baixa do Tubo. Na Paralela, escapam pelo Bairro da Paz e São Cristóvão. Na BR-324, os pontos do Calabetão e do Bom Juá são os mais usados. Na Suburbana, a preferência é por Santa Luzia do Lobato, Boiadeiro, Itacaranha e Periperi. O que deveria servir de segurança para os pedestres tem se revelado um desafio para a polícia. De acordo com o comandante da Operação Gêmeos, major Edson Lima, as passarelas facilitam a fuga dos bandidos e, por isso, eles preferem praticar os crimes onde elas estão instaladas. Não à toa, diz o comandante, a Bonocô tem uma das topografias que mais facilitam a ação. Ali, as passarelas mais utilizadas como rotas são as que ficam nas imediações da Casa Eloy, com acesso à Daniel Lisboa, e na Baixa do Tubo, que liga a Cosme de Farias. “Na Bonocô, a primeira e a terceira passarelas, sentido Iguatemi, são as preferidas”, confirma. A secretária Fernanda Oliveira, 28 anos, pega ônibus na passarela da Casa Eloy e já testemunhou a ação de ladrões. “Eles assaltam no ponto e sobem a passarela. Muitos descem aqui depois de assaltar e outros entram no coletivo aqui e anunciam o assalto na frente”, contou, enquanto segurava a bolsa, com força, embaixo do braço. A Avenida Luís Vianna Filho (Paralela) é outro corredor cheio de rota de fuga, principalmente nas imediações do Bairro da Paz e de São Cristóvão.
“Fazemos rondas, mas a Paralela tem 11 km de extensão. A viatura precisa circular 22 km para conseguir fazer a volta completa e, nesse meio tempo, o marginal pode agir”. A mesma situação de insegurança é verificada no Calabetão e no Bom Juá, na BR-324, e nos bairros de Santa Luzia do Lobato, Boiadeiro, Itacaranha e Periperi, na Avenida Afrânio Peixoto, a Suburbana. “Nesses locais não tem passarela, mas tem muitas ruas que servem de rota”. RevistaMoradores dessas áreas afirmam que o policiamento existe, mas precisa ser intensificado. “A viatura sempre passa por aqui e já vi policiais até de moto. Às vezes eles param, revistam algumas pessoas, mas não adianta”, contou a dona de casa Joana Santos, 55. Os rodoviários vivem com medo. O motorista Marcelo Carvalho, 46, já foi assaltado quatro vezes. Ele evita pegar alguns passageiros. “Quando percebo que não é gente de bem eu não paro no ponto. Sei que isso não é certo, mas quando desconfio...”. Para a ascensorista Nete Pimentel, 38, uma alternativa seria fazer o policiamento dentro dos coletivos. “Antes, a gente via mais policiais nos ônibus. Talvez a presença deles intimidasse”. Assustados, passageiros adotaram técnicas para tentar escapar dos assaltos. “Quando eu percebo que tem pessoas estranhas no ônibus, eu levanto e peço o ponto”, contou a estudante Natasha Lim, 27 anos. A polícia tenta mapear as áreas onde agem. O comandante explica que um sargento fica de plantão no Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gerrc), da Polícia Civil, e apura os dados das vítimas. “A gente traça um perfil de onde eles estão atuando, quando e quem são”. Acontece que os bandidos são espertos. Os policiais intensificam as rondas conforme os horários dos assaltos. Mas os assaltantes migram. “Percebemos que em determinada área os crimes acontecem mais no início da manhã. Quando aumentamos o policiamento nesse horário, os bandidos migram para a noite”, contou o major. Passageiro baleado em assalto na Bonocô está em estado grave Um dos passageiros baleados no ônibus assaltado na Bonocô, anteontem, Carlos Luís da Silva Souza, passou por uma drenagem no tórax e está entubado. De acordo com a Secretaria da Saúde (Sesab), ele seria encaminhado ontem para a UTI do HGE. Já o policial civil Josevaldo Conceição dos Santos, 56 anos, que reagiu ao assalto e também foi atingido, foi encaminhado para a enfermaria do hospital após drenagem no abdômen. Outro passageiro atingido, Luis Antônio dos Santos Filho, foi atendido no HGE e liberado anteontem mesmo.
(Foto: Marina Silva/ CORREIO) |
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