O corpo de Geovane Mascarenhas de Santana, 22, desaparecido desde o último dia 2 após uma abordagem policial foi identificado na manhã desta sexta-feira (15), após exame papiloscópico - comparação de impressões digitais. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o corpo dele estava no Instituto Médico Legal (ML) de Salvador desde o dia 5 de agosto, quando foi encontrado queimado e esquartejado no bairro Parque São Bartolomeu. Mesmo sem identificação, a localização do cadáver de Geovane não foi registrado no Boletim de Ocorrências da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA).
Os três PMs que participaram da abordagem ao rapaz tiveram a prisão preventiva decretada e já estão prestando depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Eles foram afastados desde ontem das atividades de rua. Segundo o Departamento de Comunicação Social da PM (DCS), os três policiais iriam cumprir serviço administrativo na unidade em que são lotados. Apesar da polícia informar que o corpo deu entrada sem identificação no IML no dia 5, o Correio24horas já havia divulgado no dia 3 a localização do cadáver de um homem também não identificado no Parque São Bartolomeu pela manhã. Ele tinha sido encontrado próximo às novas obras da Conder, com cabeça e mãos arrancadas do corpo. Segundo dados passados pela Central de Polícia, houve ainda tentativa de atear fogo ao corpo. Esse crime também não foi divulgado no boletim da SSP-BA.
Entenda o caso A única pista que o pai do jovem, Jurandy Silva de Santana, 40 anos, tem é um vídeo, que ele mesmo conseguiu, em que o filho é colocado no porta-malas de uma viatura da PM. Nas imagens, o rapaz é abordado, às 16h58 do último dia 2, por três PMs. Logo na abordagem, mesmo com as mãos atrás da nuca, Geovane apanha de dois policiais – leva dois tapas e um chute - enquanto o terceiro aponta uma pistola para sua direção. Geovane é revistado e, instantes depois, colocado no fundo da viatura. Em seguida, os policiais deixam o local. Um dos PMs sai pilotando a moto (CG 125 Fan, placa JRB-9929), que até agora também não foi localizada. Toda a ação dura cinco minutos. “Tenho certeza que é meu filho ali. Além das características físicas, altura, a roupa, a moto, têm pessoas que conhecem a nossa família e viram”, disse Jurandy. A qualidade da imagem não permite a identificação da Companhia, mas se trata de uma guarnição das Rondas Especiais (Rondesp), citada em duas ocorrências em que o comerciante registrou do sumiço do filho na Corregedoria da Polícia Militar, no dia 4, e no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no dia 9. Pai P2 O comerciante Jurandy não é policial, muito menos militar. Mas, na angústia de encontrar o filho, desaparecido há 13 dias, iniciou uma peregrinação que já incluiu 21 lugares diferentes - entre delegacias, companhias da PM, corregedorias, hospitais, presídios e até o Instituto Médico Legal.
Desde o desaparecimento de Geovane, o pai vem atuando como um “P2”, que no jargão policial se refere a PMs que atuam, sem farda, em investigações. Na investigação por conta própria, foi Jurandy que conseguiu as imagens em que o filho é abordado por policiais militares. Foi a última vez em que Geovane foi visto. O caso veio à tona depois da publicação do vídeo pelo CORREIO, na quarta-feira. Os PMs envolvidos são das Rondas Especiais (Rondesp) Baía de Todos os Santos, localizada na 14ª Companhia Independente (Lobato), mas a corporação se nega a identificá-los. Em, nota, a PM diz que está preservando a identidade dos policiais por uma questão técnica do inquérito policial, “pois as provas colhidas até o presente momento são contraditórias e os indícios de culpabilidade só irão se apresentar com a conclusão do inquérito (Policial Militar)”. Há dois inquéritos abertos sobre o caso: um Inquérito Policial Militar (IPM), que corre na Corregedoria da PM e investiga a atuação dos policiais; e um inquérito civil, aberto no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o desaparecimento do rapaz. Na quarta-feira, a PM havia informado que o prazo para conclusão do IPM era de 30 dias. Ontem, passou para 40. ContradiçãoSegundo o comandante da Polícia Militar, coronel Alfredo Castro, em depoimento na Corregedoria da PM, na quarta-feira, os PMs alegaram que fizeram abordagem a um suspeito de roubar uma moto e levaram o rapaz a uma delegacia. Na unidade, a vítima não o reconheceu e ele foi liberado. O coronel não informou a delegacia, nem o paradeiro da moto.Sendo uma suspeita de roubo, Geovane deveria ter sido levado à Central de Flagrantes (Iguatemi), à 2ª DP (Lapinha) ou à Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV). Procurada pelo CORREIO, a delegada Patrícia Crisóstomo, titular da 2ª DP, informou que o rapaz sequer pôs os pés na unidade. A delegada Dalva Cardoso, da Central de Flagrantes, disse que nenhuma ocorrência foi registrada em sua unidade. Desde quarta-feira, o titular da DRFRV, Marcos César, não atende as ligações. ASSISTA A ABORDAGEM DA PM [youtube UEAry339RQ0] Matéria original do Correio Corpo de Geovane estava no IML desde o dia 5; policiais têm prisão preventiva decretada
Boletim de homicídios da SSP-BA do dia 5 de agosto (Foto: Reprodução) |
O corpo encontrado no Parque São Bartolomeu no dia 3 de agosto também não aparece no boletim da polícia (Foto: Reprodução) |
Corpo de Geovane estava no IML desde o dia 5 |
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade