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De bike para o trabalho? Soteropolitanos contam a experiência

Eles contam como lidam com o suor e com o trânsito e dão dicas para quem quer começar

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10/05/2013 às 7:30 • Atualizada em 02/09/2022 às 5:45 - há XX semanas
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Estimular a adoção da bike como meio de transporte para ir ao trabalho: esta é a proposta do dia 'De Bike ao Trabalho', campanha promovida nesta sexta-feira (10) pelo Bike Anjo. Em Salvador, pedalar para ir trabalhar pode parecer uma tarefa muito difícil, entretanto, moradores da capital baiana mostram que é possível adotar este veículo, que pode ser uma ótima alternativa para os engarrafamentos e para trazer mais qualidade de vida para quem pratica, além de colaborar, e muito, com o meio ambiente. Há cinco anos, a bicicleta é o meio de transporte utilizado pelo professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Eduardo Luedy, de 46 anos. Ele sai de sua casa, no bairro da Vitória, em Salvador, por volta das 5h15, e pedala até um ponto que fica no Iguatemi para pegar um ônibus que parte diariamente, às 6h, com destino à universidade. Quando sobe no veículo, Eduardo acomoda a bike no bagageiro e, na volta, faz o caminho inverso em um trajeto que tem cerca de dez quilômetros.
Já o publicitário Ricardo Cury, de 34 anos, começou a optar pela bicicleta há dois meses e a utiliza pelo menos três vezes na semana para sair de sua casa, em Patamares, e chegar ao seu trabalho, em São Lázaro, na Federação. "Desde que ia para o trabalho na [avenida] Tancredo Neves eu já ficava no engarrafamento pensando nessa ideia. De Patamares até São Lázaro eu estava ficando uma hora e meia no trânsito para chegar na agência", conta. Agora, Ricardo sai pedalando de casa às 7h30 e chega em São Lázaro às 8h20. E quando não vai de bike, pensa no tempo que economizaria se estivesse utilizando o veículo. "Sempre que estou no trânsito parado fico pensando onde estaria se estivesse ido de bicicleta", afirma o publicitário.
"Sempre que estou no trânsito parado fico pensando onde estaria se estivesse ido de bicicleta"
Para fugir do engarrafamento, o pintor William Conceição também prefere ir de bicicleta para o seu trabalho. Ele mora no Nordeste de Amaralina, trabalha em Ondina e conta que, quando ia de ônibus, levava quase uma hora no engarrafamento. "De bicicleta é mais rápido, levo 30 minutos", relata William. Mulheres também apostam na ideiaAs mulheres também estão adotando a bike como meio de transporte para ir trabalhar. A jornalista Clara Corrêa, de 25 anos, conta que sempre gostou de andar de bicicleta e, inclusive, praticava mountain bike desde 2006. Por trabalhar com sustentabilidade, ela tinha vontade de utilizar a bicicleta também como meio de transporte, mas somente no ano passado, ela decidiu utilizar o veículo como meio de transporte.
Clara mora no Costa Azul e pedala até a avenida ACM
"Ir de bicicleta para o trabalho significa mais liberdade, mais controle do meu tempo - já que eu sei exatamente o tempo que vou levar para ir e voltar menos estresse -, economia de combustível e muito mais qualidade de vida. Clara mora no Costa Azul e seu trabalho, na av. ACM, fica a cerca de sete quilômetros de distância, um percurso que ela completa em 25 minutos de bicicleta, com ou sem congestionamento. "A bicicleta é sempre a minha prioridade, mas às vezes eu preciso usar o carro, como nos dias em que está chovendo muito, que eu preciso ficar até mais tarde no trabalho ou quando eu preciso ir de lá para outro lugar que não dê para ir de bike", relata Clara.E quem quer usar salto alto ou saia para ir trabalhar? A jornalista garante que é possível. "Para tudo existe um jeitinho. Eu evito usar saias justas ou muito curtas, mas adoro um vestido e os shortinhos por baixo são meus melhores amigos nessas horas. Também amo sapatos, especialmente com salto, mas acabei aprendendo a me sentir elegante usando sapatos baixos. Claro que tem dias que baixa a perua em mim e eu resolvo usar um saltão, aí coloco ele em uma sacolinha e uso uma sapatilha para pedalar. Depois é só trocar quando chego lá", explica. Suor e bicicletaAs desculpas para não utilizar a bicicleta para o trabalho são as mesmas: o suor e o medo do trânsito. Mas os adeptos desta prática mostram que estas questões podem ser superadas quando pensamos nos benefícios que este meio de transporte pode nos oferecer. O suor, segundo o professor Eduardo Luedy, é algo que não pode ser evitado e, de fato, uma das desvantagens da bike. Como não tem como tomar banho quando chega no seu primeiro destino, ele leva consigo uma muda de roupa para trocar. "Acho que o que entra em jogo é o cálculo objetivo do que se ganha e do que se perde ao adotar a bicicleta como meio de transporte", afirma Eduardo. Ele conta que ganha tempo, comodidade e economiza dinheiro (do transporte e da academia!). "E, o mais importante, me divirto durante o ato de pedalar, que acho extremamente prazeroso", relata.
"Me divirto durante o ato de pedalar, que acho extremamente prazeroso"
No trabalho de Clara Corrêa não tem chuveiro, logo o suor e o calor também era uma preocupação para ela. "O calor de Salvador, a falta de estrutura urbana e de educação dos motoristas, e o próprio relevo da cidade com suas ladeiras gigantescas não são nem um pouco estimulante", conta a jornalista. Por todos esses motivos decidiu investir em uma bicicleta elétrica. "Com ela eu quase não faço esforço, mesmo nas ladeiras, e descobri que assim é bem mais fácil lidar com o calor. Sempre uso protetor solar e levo comigo uma toalha de rosto. Até de batom vermelho eu vou!", afirma. O trânsito de Salvador Quanto ao trânsito, Eduardo ressalta que é fundamental saber escolher os trajetos. "O trânsito de Salvador, como em qualquer grande cidade, pode ser tanto selvagem como tranquilo", explica. A escolha, de acordo com o professor, deve recair sobre as rotas mais tranquilas e evitar as avenidas de vale. Já Ricardo tem a vantagem de ter uma ciclovia de sua casa, em Patamates, até Amaralina. Depois, ele utiliza caminhos com fluxo intenso, onde carros e ônibus não conseguem atingir alta velocidade. "Eu só uso nos horários de engarrafamento. Confirmo que tá tudo travado e saio de bike. Torço pelos engarrafamentos. Não teria coragem de trafegar em uma avenida sem trânsito", afirma o publicitário. Para Clara, o ideal é seguir ao pé da letra as regras de trânsito e nunca fazer nada imprevisível. A jornalista, que passa em seu trajeto por uma avenida muito movimentada, sempre dá preferência para sair nos horários mais engarrafados e tenta sempre andar no sentido dos carros e na pista da direita. Quer começar a usar a bike? Veja dicas Nunca é tarde para começar a usar a bike para ir trabalhar. Para quem só vai usar a bicicleta como transporte trabalho-casa, Ricardo Cury recomenda "usar os engarrafamentos a seu favor, buscar esses horários, colocar uma roupa na mochila, sabonete, desodorante, shampoo e trafegar pelo trânsito como se realmente fosse um intruso, com todo o cuidado. Pouco importa se a preferencia é sua, diriga como se não fosse".
"Depois que você descobre como é bom trocar o carro pela bike, você nunca mais vai ver o trânsito da mesma forma"
Já Clara Corrêa aconselha começar aos poucos e na companhia de alguém que tenha mais experiência, preferencialmente. "Tem uma galera muito bacana disposta a ajudar quem está começando, eles se chamam Bike Anjos [ela é até uma] e estão presentes em diversas cidades, inclusive em Salvador. É só entrar no site e solicitar um 'bike anjo'. É tudo gratuito e os ciclistas experientes que acompanham os novatos fazem tudo de forma voluntária", conta a jornalista. Também é importante, segundo ela, só ir até onde a sua coragem alcança. "No início é normal ficar nervoso e isso faz com a gente cometa mais barbeiragens na bike – o que pode causar graves acidentes. E acredite, depois que você descobre como é bom trocar o carro pela bike, você nunca mais vai ver o trânsito da mesma forma", afirma.

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