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SALVADOR

Desde criança, ACM Neto já afirmava à família que seria político

Com passos calmos, se dirige à seção para colocar mais um entre centenas de milhares de votos que o tornariam, horas depois, o novo prefeito eleito de Salvador

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29/10/2012 às 10:48 • Atualizada em 02/09/2022 às 5:17 - há XX semanas
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Passa das 10h quando um Corolla preto chega aos arredores da Faculdade de Administração da Ufba, no Canela, àquela altura já tomada pela batalha entre militantes petistas e democratas. De dentro do carro, sob a troca de vaias e aplausos das duas alas, salta ACM Neto, calça jeans, camisa branca, abraçado às duas filhas, Lívia, 5 anos, Marcela, 1 ano e 9 meses. Ele olha em volta, sorri e, com passos calmos, se dirige à seção para colocar mais um entre centenas de milhares de votos que o tornariam, horas depois, o novo prefeito eleito de Salvador. Em volta, posa para fotos, levanta a mão direita encimada por dois dedos em ‘V’ e sai para conversar com jornalistas. Um eleitor grita: “O senhor vai ser prefeito com menos idade que seu avô”. Ele ri novamente, mas deixa a cautela falar mais alto: “Vamos ver, vamos ver, ainda é cedo”. Como cedo foi tudo na vida de Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Neto, 33 anos. Sua mãe, Rosário Magalhães, conta que, “aos 4 ou 5 anos, ele já dizia que ia ser político, tinha verdadeira convicção disso, e era uma coisa dita com tanta firmeza que me deixava impressionada”. Sentava-se perto do avô, ainda antes que ACM se tornasse uma sigla, para ouvir, mesmo a distância, as conversas sobre política. Nos períodos eleitorais, ia para as ruas distribuir panfletos, pedir votos. “Nunca tive dúvidas de que era esse meu caminho, desde criança”, afirma Neto. Amigo de infância do democrata, o vereador eleito pelo DEM Léo Prates destaca a precocidade como a principal marca da trajetória de Neto. Prates lembra que, aos 11 anos, ele já havia fundado o grêmio estudantil do Colégio Maristas. Anos depois, enquanto ainda cursava Direito na Ufba, começou a trilhar o caminho na política para além dos bancos escolares, quando se filou ao então PFL, partido do qual presidiu a ala jovem no estado e no país. Salto Em 2002, já formado, ensaiou um passo mais alto. Um dos amigos e colaboradores mais próximos do senador ACM lembra que, naquele ano, o avô queria que, inicialmente, o neto tentasse eleição para a Assembleia. O plano era lançá-lo deputado estadual, cargo que serviria como laboratório de experiência política para o pupilo. “Mas o senador mudou de ideia antes da campanha, por causa de um desafeto. Como ACM tinha rompido com (o ex-deputado federal) Benito Gama, ele deixou o neto concorrer a uma vaga na Câmara para tirar votos do inimigo. Benito perdeu mesmo, mas Neto surpreendeu e levou a parada como o mais votado da Bahia”, segreda o aliado. Com 400.275 votos, Neto se tornou deputado federal aos 23 anos, quatro a menos do que quando ACM chegou à Câmara, em 1954, aos 27, idade com a qual Neto se reelegeu em 2006, com votação ainda maior: 436.966. No Parlamento, estreitou os laços com o avô. “ACM, de início, não via muito futuro para ele na política. Achava que ele devia seguir a advocacia. Mas isso se reverteu com as viagens que faziam juntos a Brasília”, revela outro integrante da ‘sala e cozinha’ dos Magalhães. “O avô ficou encantado e orgulhoso com o grau de responsabilidade e com o talento de Neto para a coisa, que se revelou nas comissões da Câmara e na época em que ele foi sub-relator da CPI dos Correios, no escândalo do mensalão. ACM deu todo o apoio, ensinou como andar nos meandros, pediu a aliados para ajudá-lo, e ele foi longe, mesmo novo”, completa o amigo da família. Mas a precocidade não é a única característica atribuída ao democrata. “A vida toda ele foi obstinado e perfeccionista. Sempre foi o melhor aluno. Às vezes, eu tinha que mandar ele parar de estudar para brincar com os outros meninos”, recorda Rosário Magalhães. Ela lembra que, nos anos em que moravam no condomínio Bosque Suíço, em São Lázaro, Neto sempre evitava se meter nas traquinagens dos amigos. “Nunca me deu uma dorzinha de cabeça. Ele, muito novo, sempre se comportou como homem”, garante. Nem uma molecagem, por menor que seja? “Não, nem uma. Graças a Deus!”, ri a mãe. O bom comportamento não o impede, porém, de dedicar o tempo livre a uma das coisas que mais gosta: as festas, sobretudo o Carnaval. “Ah, disso ele não abre mão. E sabe dar seus passos”, completa Prates, que lembra os anos em que o amigo era gordinho, bem diferente do visual de agora, talhado em corridas e caminhadas. “Mas a malhação não é por causa só do visual, ele é preocupado com a saúde”, acrescenta a mãe. PersonalidadeContudo, amigos do democrata aceitaram falar sobre duas outras características de Neto, sob garantias reiteradas de anonimato. Primeiro, o cabelo sempre arrumado. “Ele não gosta que mexam nele. Acho que é a única vaidade concreta de Neto”, diz um dos integrantes da turma do prefeito eleito. A outra: “Rapaz, para sair dinheiro daquela carteira é difícil. A gente diz que ele tem uma cascavel escondida no bolso. Mas, não é que ele seja pão-duro, ele é controlado, não torra dinheiro por nada”, confidencia outro amigo. Sobre a altura de Neto - que os adversários usam sem pudor e com doses de preconceito nas disputas -, os mais íntimos do político asseguram que ele já não dá mais a mínima. “Sabe, meu filho amadureceu muito, aprendeu a não se deixar atingir, um processo que vem desde a eleição de 2008 (Neto ficou em terceiro na corrida pela prefeitura, com 26% dos votos)”, analisa Rosário Magalhães. Sobretudo porque, afirma o ex-deputado federal José Carlos Aleluia, ele sabe que grande é o tamanho da responsabilidade que o espera. Em uma conversa com a reportagem antes do pleito do primeiro turno, Aleluia, vaticinava: “Ele será prefeito, tenho certeza, e vai saber exercer a autoridade que a cidade e o cargo pedem. Isso é dele. Quem trabalhar com Neto terá de ouvir cobranças diárias para que façam o melhor. Raras vezes vi alguém tão novo saber tanto o que quer e com tanta convicção”. Com seis anos a menos do que o avô tinha quando assumiu a prefeitura da capital, em 1967, ACM Neto tem pela frente quatro anos para confirmar se será capaz de aliar precocidade e competência. Matéria original do Correio Desde criança, ACM Neto já afirmava à família e ao avô que seria político

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