O Comando-Geral da PM diz que apenas um terço da corporação aderiu ao motim iniciado na terça-feira passada. No entanto, apesar da presença do efetivo em diversas Companhias Independentes da PM (CIPM) visitadas ontem pelo CORREIO, muitos PMs aguardam, de braços cruzados, o fim das negociações. No pátio da 18ª CIPM (Mirante de Periperi), no Subúrbio Ferroviário, a concentração dos PMs ontem pela manhã em nada tinha a ver com as reuniões diárias para começar as atividades nas ruas. “Estamos aquartelados para nos respaldar administrativa e juridicamente. Ninguém vai para a rua e a região está sem patrulhamento”, disse uma soldado, em anonimato. Em frente à companhia, que tem efetivo de 123 PMs, um carro da ronda está com pneus furados há mais de cinco dias. “Só temos uma viatura funcionando, mas nem essa está saindo”, completa a policial. O Exército não é visto nas ruas de Periperi, segundo moradores. “A gente nem pode sair com essa sensação de insegurança. A gente nem pode sair. As mortes, o vandalismo, tudo isso está deixando todos assustados. Aqui (Mirante de Periperi), nem o Exército apareceu. Estamos abandonados”, lamenta a estudante Jeane Alves, 32 anos. AtestadosNo Lobato, os policiais militares estão enviando atestados médicos para justificar as faltas. Só ontem, segundo o comandante da 14ª CIPM, major Waldilson Cerqueira, cerca de 20 PMs não compareceram. “A adesão ao motim é o motivo principal e alguns estão colocando atestados. Estamos fazendo o controle diário de faltas”, ressalta. Ele diz que a unidade dispõe de 16 carros, mas apenas dois fazem ronda na área de atuação. “Disponibilizamos cinco viaturas por turno, mas com essas faltas só duas estão circulando. Inclusive, tenho vindo à noite e ido para a rua com outros PMs”, admite. Segundo um PM dessa mesma unidade, que pediu para não ser identificado, alguns colegas têm participação ativa no motim. “Os PMs daqui estão botando pra f... lá (na Assembleia). Enquanto isso, alguns seguram as pontas aqui ou então metem atestados”, relata. É da 14ª CIPM o soldado Queiroz, que foi atingido no rosto por uma bala de borracha no início da semana. O major Cerqueira reconhece a presença de policiais da companhia no motim, mas considera injusta a afirmação de que PMs dali estejam “bagunçando”. “Não sei quantos estão lá dentro, mas o pessoal daqui aderiu ao movimento de forma pacífica”, diz. Paripe Na 19ª CIPM, (Paripe), os policiais trabalham sem interrupções, segundo o comandante. “Tivemos algumas faltas de policiais ao longo do período do movimento, mas o efetivo trabalha normalmente”, enfatizou o major Raimundo Gomes Filho. Em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana, a 52ª CIPM também funciona no regime de aquartelamento. “Os policiais vêm para a unidade, mas não saem. Dos cinco carros disponíveis, só dois vão para a rua. E, ainda assim, são dirigidos por oficiais do comando”, contou um soldado da unidade, sem querer se identificar. Em Simões Filho, a fachada da 22ª CIPM foi pichada com os dizeres ‘PM em greve’. Já o 18º Batalhão da PM (Centro Histórico) teria mantido as atividades normalizadas desde o início do motim. Segundo policiais da unidade, na Avenida Sete, Praça da Sé e Pelourinho, os PMs continuam fazendo o policiamento ostensivo. “Aqui (na Avenida Sete) tudo está dentro de um clima ordeiro. A nossa esperança é que esse impasse seja logo resolvido para que a tranquilidade seja devolvida à corporação, aos nossos familiares e a toda a população”, disse um policial que pediu anonimato. Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Militar, todas as unidades no estado estão abertas “e servem como pontos de referência aos cidadãos que demandarem atendimento”.
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