Os mais agressivos preferem a adrenalina do mercado de ações, enquanto os conservadores se sentem mais confortáveis com a segurança da caderneta de poupança. Mas, seja lá qual for o perfil do investidor, uma coisa é certa: todos querem lucro. E num ano onde as incertezas dominam a economia mundial, as aplicações em renda fixa são apontadas por especialistas como uma das melhores opções para quem não quer perder dinheiro em 2012. O professor de finanças da Escola de Economia da FGV Samy Dana indica aplicar em títulos públicos, um dos investimentos com menor risco do mercado. A alternativa, segundo ele, pode garantir um retorno de até 10% do valor investido em um ano. “Você consegue comprar de maneira direta, no Tesouro Direto, até pela internet. É um dinheiro que você empresta para o governo, que tem um rendimento alto e um risco baixo”, explica. Dana lembra que algumas corretoras não cobram taxa - que é de até 1,5% no banco -, o que vira uma vantagem. Mas, antes de investir, alguns fatores devem ser analisados. Primeiro, é essencial saber o seu perfil de investidor - agressivo, moderado ou conservador. O agressivo não se importa em correr riscos. O conservador tem aversão ao risco e o moderado se arrisca até certo ponto. Outro aspecto que deve ser avaliado é a questão da necessidade do recurso – se é de curto, médio ou de longo prazo. “Essa situação deve servir de parâmetro, pois alguns investimentos poderão ter resultados negativos no curto prazo, mas a perspectiva futura é de crescimento”, observa o coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina, Reginaldo Gonçalves. Para ele, na escolha das melhores aplicações não se deve esquecer a questão do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que poderão incidir sobre os rendimentos e reduzir significativamente os ganhos. Nas aplicações de renda fixa inferiores a 30 dias, por exemplo, incide IOF, que varia de acordo com o tempo de resgate. No caso do Imposto de Renda, a taxa será reduzida à medida que o investidor aumenta o tempo de aplicação. “A análise que se deve fazer é o montante investido e o tempo em que esse recurso será resgatado para, assim, maximizar o retorno. Os impostos devem ser sempre calculados, pois, em diversos casos, os rendimentos em títulos de renda fixa foram inferiores à poupança”, diz Gonçalves. E ele exemplifica: no caso de uma aplicação em renda fixa, se o investidor tem R$ 20 mil disponíveis e aplicou em poupança no início de 2011, o rendimento será de R$ 1,5 mil. Se foi aplicado em títulos vinculados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), com mais de dois anos de aplicação, o lucro líquido será de R$ 1.955. Já em títulos vinculados ao CDI com prazo de um ano, o retorno será de R$ 1.840. “Ou seja: mesmo com a tributação, o rendimento é superior à poupança”, completa. Mas Gonçalves lembra que, para pequenos investidores, não se consegue uma taxa de um Certificado de Depósito Bancário (CDB) de 100% do CDI. “Isso depende do volume que foi empreendido para conseguir a taxa máxima”. Portanto, se for ofertado um título que renda menos que 82% do CDI em um ano, ele já perde para a poupança. No caso das aplicações na Bolsa de Valores, Gonçalves explica que o IRRF só incide se houver ganhos no mês, abatidos os prejuízos gerados com negociações efetuadas dentro do próprio período. Havendo ganho, a tributação é de 15% e se a negociação for até R$ 20 mil por mês não haverá incidência do imposto. Já a poupança, que está na lanterna dos investimentos em termos de ganhos, não tem tributação do IRRF e IOF. Desempenho Em 2011, o grande negócio foi o investimento em ouro, que teve um rendimento de 15,85%. A crise internacional fez com que o metal, que também sofre oscilação do câmbio, atingisse um patamar elevado. O dólar apareceu em segundo lugar quando o assunto for lucro (11,84%). Depois veio o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), com 11,5%; o euro (8,64%) e a poupança (7,5%). O pior investimento foi com as operações em Bolsa, com queda de 18,43% no ano. O professor Carlos Widonsck, do curso de especialização em Gestão de Operações e Serviços Bancários (MBA) na Fundação Vanzolini, diz que é difícil traçar um cenário para 2012, mas aponta alguns caminhos. “Para quem tem um perfil agressivo, a Bolsa ainda pode ser sim um bom negócio. Ações de empresas dos ramos eletrônico, de telefonia e alimentos são boas apostas”. Segundo ele, não é adequado investir em empresas que tenham negócios no exterior. O dólar e o ouro também devem continuar em alta. “Vamos ver um mercado com alta volatilidade, possivelmente com uma moeda americana mais forte e o ouro também. Eles são considerados um porto seguro no ambiente de incertezas”, apontou. Para quem é conservador, títulos indexados à inflação são uma opção que se mostra rentável. A poupança, apesar do baixo rendimento, ainda é um investimento mais seguro. “Este é um perfil que vai sempre ganhar, pois não corre risco”, ressaltou. Mas, para o professor Gilberto Gonçalves, o ideal é que se mantenha o dinheiro parado no banco por, no mínimo, seis meses. Com relação à quantia, os especialistas afirmam que não existe uma regra. Com exceção de alguns fundos que possuem aplicação mínima de R$ 5 mil, como o Certificado de Depósito Bancário (CDB), a poupança ou até mesmo o mercado de ações aceitam quantias menores. Para o professor Gilberto Gonçalves, o importante é dar o primeiro passo. “Investir sempre vale a pena, mesmo com pequenas quantias. É bacana entrar no mercado, ver como funcionam os investimentos. É como se fosse um curso. Mesmo que se tenha algum prejuízo, vale o aprendizado”.
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