Apesar de ainda não ter informações detalhadas sobre a relação que o padre Francisco Carlos de Souza, 50 anos, morto no último dia 5, tinha com seus assassinos, Robson Sousa Oliveira, 26 anos, e André Ferreira do Amaral, 28, a polícia já chegou à conclusão de que o crime foi premeditado. “As ligações nos levam a acreditar que o local já tinha sido estudado. A forma de prática do crime, tudo isso já nos leva a crer e nos traz um grau de certeza de premeditação”, afirmou, na manhã de segunda-feira (13), o delegado Marcelo Sansão, na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba, durante a apresentação dos acusados. Outra situação já esclarecida seria o tipo de participação que cada um teve na execução: enquanto Robson teria atraído o religioso ao terreno em Stella Maris, e segurado a vítima, André seria o autor dos 18 golpes de chuço (arma artesanal) em padre Francisco. “Robson teria feito apenas o ato de puxá-lo para a parte interna do terreno. Os golpes foram efetuados pelo André”, afirmou Sansão. A polícia ainda não sabe se parte da mesada que o padre dava a Robson era repassada a André. A participação de uma terceira pessoa foi descartada. Na apresentação, os suspeitos quase não falaram com a imprensa. Robson apenas disse que “não recebia nada” do padre e que não o conhecia. “Eu não fiz nada”, declarou. André preferiu se calar. Segundo a polícia, Robson informou que conheceu o padre dois meses atrás, na mesma região onde ocorreu o crime. “Mas acreditamos que tenha mais tempo, por tudo que foi coletado nos autos”, ponderou o delegado. O local é perto do Centro de Formação de Líderes da Igreja Católica, onde Francisco fazia celebrações esporadicamente.IndiciadosRobson é desempregado e conhecido na região por praticar surfe. Ele conheceu o comparsa André em um centro de tratamento para usuários de drogas. A dupla foi indiciada por homicídio qualificado, pela impossibilidade de defesa e pelo sofrimento causado à vítima. Eles já foram encaminhados ao sistema prisional. A polícia ainda não sabe se a aproximação do padre com Robson tem a ver com o fato de ele ser usuário de drogas. “Estivemos no consultório onde o padre (que também era psicólogo) trabalhava, mas ainda não há indícios de que eles eram pacientes de lá”, disse. Ainda conforme o delegado, os acusados foram vistos usando drogas próximo ao lugar do crime. “Uma testemunha viu no local eles usarem droga. Talvez seja o fator gerenciador do crime”, sugeriu. André já tinha passagem na polícia por tráfico de drogas em Dias D’Ávila. Não foram encontrados registros de Robson no sistema da Polícia Civil.
DinheiroOs acusados disseram à polícia que a suspensão do pagamento da mesada teria sido o motivo do crime. “Eles negam a vinculação de um relacionamento como motivação, mas trazem a questão financeira como um fator motivador”, pontuou o delegado. O dinheiro que foi sacado pelo padre no dia de sua morte ainda não foi encontrado – o valor não foi divulgado.O carro do padre Francisco, um Fox prata, que foi encontrado queimado no povoado de Orojó, em Igrapiúna, Sul do estado, também foi levado para que os suspeitos tivessem um retorno financeiro. O carro chegou a ser vendido por R$ 3 mil, mas a dupla desistiu do negócio e incendiou o veículo.Por conta da ausência de detalhes sobre a relação entre a vítima e os comparsas, especialmente Robson, a polícia vai voltar a colher depoimentos. “Vou reinterrogá-lo. Ele (Robson) já foi questionado, mas não cita o quanto recebia do padre e a gente só não sabe o porquê desses valores serem repassados”, afirmou Sansão.A Arquidiocese de Salvador informou, por meio de sua assessoria, que só vai se pronunciar sobre o caso depois que o inquérito for encerrado.Matéria Original Correio 24h: “Eu não fiz nada”, diz surfista acusado de matar padre em Stella Maris; crime foi premeditado
Acusados foram apresentados na sede do DHPP na segunda-feira (13) |
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