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"Eu pedi para ela esconder as facas", diz vizinha de mulher morta

Cássia Cristina Conceição da Silva, 47 anos, foi morta a facadas na madrugada desta segunda-feira (27)

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Redação iBahia

27/03/2017 às 13:59 • Atualizada em 31/08/2022 às 23:03 - há XX semanas
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A madrugada desta segunda-feira (27), é descrita pela dona de casa Matildes de Jesus, 58 anos, como uma "noite de horror". Sob o efeito de calmantes, ela disse que não consegue esquecer os pedidos de socorro de sua inquilina, a cuidadora de idosos Cássia Cristina Conceição da Silva, 47, morta a facadas pelo ex namorado, dentro da própria casa. "Ela gritava 'dona Nena, dona Nena, chama ajuda, Marcos me furou toda'", contou ao CORREIO, visivelmente abalada. O crime aconteceu na Travessa Beira Rio, em Nova Brasília de Itapuã.

Conforme Matildes, que é proprietária do imóvel onde a cuidadora morava há cerca de três meses, ela advertiu Cristina sobre o perigo de deixar o ex namorado, identificado pelo prenome Marcos, se aproximar. "A gente notou a presença dele por por volta de 21h. Ela veio aqui em casa e comentou comigo. Eu pedi - na verdade, implorei - para que ela não deixasse ele entrar na casa. Ela já tinha trocado todas as fechaduras. Quando foi por volta de 23h, mais ou menos, eu ouvi um barulho forte e, em seguida, os gritos de socorro dela", lembra. Cristina tomou cinco facadas e morreu no local.

A cuidadora e o suspeito mantinham um relacionamento há cerca de 10 meses, segundo apurou o CORREIO, e não tinham filhos. Ela passava a semana no apartamento dos patrões, na Barra, e voltava para casa apenas nos finais de semana. "Quando vi ele aqui ontem, cheguei a mandar ela ir para o trabalho ou, então, que dormisse comigo aqui em casa. Mas ela, coitada, falava 'que nada, dona Nena, ele não vai fazer nada comigo, ele não é louco", afirmou a proprietária, que mora no térreo do imóvel em que ocorreu o crime - a vítima morava no 1º andar.

Cuidadora foi golpeada cinco vezes(Foto: Tailane Muniz/CORREIO)

Matildes relatou ao CORREIO que, apesar de morar sozinha, ao ouvir os gritos, não teve medo de sair para socorrer Cristina. "Eu sou mulher. Naquela hora, eu era uma mulher com a missão de ajudar outra mulher. Mas não deu. Quando saí, ela já estava caída na escada, e aquele rio de sangue escorrendo para todos os lados. Nunca vou esquecer essa noite de horror", salientou. "Ele chegou a gritar: 'É mentira, dona Nena, é mentira'. Quando saí, ele já estava caminhando tranquilamente na rua, segurando algo, acredito que tenha sido a faca", completou.

Embora morasse há apenas três meses no endereço, a vítima era querida pela vizinhança. "Uma moça muito alegre, tranquila, não mexia com ninguém. Trabalhava muito, pouco era vista por aqui", disse uma vizinha, sem se identificar. A honestidade de Cássia foi um dos pontos destacados por Matildes. "Ainda ontem, ela veio me dar o dinheiro da conta de luz, dias antes do vencimento. E era assim com tudo, uma pessoa muito confiável", lembrou.

De acordo com os vizinhos, a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegaram rápido ao local, mas já encontraram Cássia morta. O suspeito não foi encontrado pela polícia.

Natural do interior, a cuidadora não tem parentes em Salvador. "Eu pedia tanto a ela que deixasse um contato comigo, parecia que eu estava adivinhando. Não sei nem qual é o interior dela. Liguei para os patrões dela e avisei. A filha da patroa ficou muito triste e me contou que ela já tinha apanhado dele. Eu fico me perguntando se ela não imaginava que esse homem ia matar ela um dia", indagou Matildes.

Em nota, a PM informou que uma guarnição da 15ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Itapuã) foi acionada, por volta de 2h30, para atender a uma ocorrência de violência contra uma mulher na Travessa Beira Rio. Ainda conforme a nota, os policiais chegaram ao local e encontram a mulher morta. "O óbito foi confirmado pela equipe médica da Samu. Até o momento o autor do crime não foi preso", completa o documento.

O corpo de Cássia Cristina permanece no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR). O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

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