Familiares do menino Erick de Jesus dos Santos, 10 anos, baleado na cabeça durante um tiroteio, colocaram fogo em um ônibus da empresa Expresso Vitória, na tarde desta quinta-feira (20), na localidade da Bate-Estaca, no bairro do Uruguai. Por volta de 16h30, os manifestantes começaram a apedrejar o coletivo, obrigando os passageiros a descerem. Em seguida, eles atearam fogo.
Por conta da manifestação, o trânsito está bloqueado na rua Resende Costa, principal via de ligação com o bairro de Caminho de Areia. Policiais da Rondesp e da 17ª CIPM (Uruguai) chegaram ao local atirando para o alto para afastar os manifestantes. O ônibus incendiado fazia a linha Ribeira-Fazenda Garcia. O garoto está internado em estado grave no Hospital Geral do Estado (HGE). Ele passou por uma cirurgia no crânio na noite de ontem (19) e tem quadro de saúde considerado estável. Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), os danos causados pelo disparo que atingiu a criança ainda não podem ser determinados, assim como a possibilidade de Erick sofrer ou não sequelas.Dois homens morreram no tiroteio que deixou o garoto ferido na tarde de quarta, na região da Prainha, no Lobato. Existe a suspeita de que policiais militares sejam os autores dos disparos. Segundo a assessoria da Polícia Militar, o crime foi provocado por um conflito entre traficantes da região dos Dois Fundões, que liga o Uruguai ao Lobato. Ainda segundo a versão da PM, para fugir dos rivais, Misael Moreira da Silva, o Chiclete, 39 anos, invadiu um barco ancorado próximo à Prainha. Na embarcação, estavam o pescador Gilvan Santos Santiago, 33, e seu vizinho Erick. Durante a fuga, houve uma troca de tiros entre Misael e os rivais. Ele foi baleado diversas vezes e morreu no local. Gilvan foi atingido na cabeça e socorrido para o Hospital do Subúrbio, na Estrada Velha de Periperi. Segundo o posto policial da unidade, ele deu entrada na emergência sem vida. Em nota, a Polícia Militar informou que os policiais encontraram três pessoas baleadas na embarcação e que os PMs não teriam participado do tiroteio. No entanto, parentes e amigos das vítimas contestaram a versão da polícia. Segundo testemunhas, Gilvan tinha voltado de uma pescaria e estava mostrando o motor do barco para Erick quando eles foram abordados por Misael em um barco a remo. Ele estava baleado e pediu socorro ao pescador. Gilvan parou o barco a motor para oferecer ajuda ao ferido. “Eu estava perto e vi tudo. Os policiais chegaram na beira da praia e viram o bandido no barco do meu pai e começaram a atirar”, contou o filho de Gilvan, um menino de 9 anos. Durante a troca de tiros entre a polícia e Misael, Gilvan tentou se abaixar, mas foi atingido na cabeça. Os tiros dos PMs, segundo versão da família de Gilvan, atingiram também Erick e Misael. Depois de o pescador ser baleado, o barco ficou à deriva até ser rebocado para a Prainha. De acordo com a PM, Misael era detento que não havia retornado da saída temporária de Natal. Ontem à noite, familiares das vítimas e moradores do Uruguai fizeram um protesto pedindo a punição dos culpados. Eles queimaram pneus, pedaços de madeira e lixo para bloquear o cruzamento das ruas Bela Vista e Rezende, na região do Bate-Estaca. Policiais militares da Rondesp e da 17ª CIPM (Uruguai) estiveram no local. Durante o protesto, manifestantes atiraram pedras contra viaturas e os PMs, que revidaram com bombas de gás lacrimogênio e tiros para o alto. Os quatro pneus de uma viatura da Rondesp foram rasgados, segundo informações da 17ª CIPM (Uruguai), e o veículo precisou ser rebocado.“Isso é um absurdo. Eles tiraram a vida de um pai de família. Meu irmão era um trabalhador”, afirmou Gilmara Maria Santiago, irmã de Gilvan. O pescador deixa mulher e quatro filhos. O Comando da Corporação informou que abriu Inquérito Policial Militar para investigar as denúncias feitas pela população. Moradores prometem novos protesto para hoje. * Com informações do repórter Gil Santos Matéria original: Correio24hFamiliares de menino baleado queimam ônibus na Cidade Baixa* Com informações do repórter Gil Santos
Fumaça de ônibus queimado em protesto é vista de longe (foto da leitora Gisele Neves) |
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