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Gandulas soteropolitanas participarão da Copa do Mundo

As jovens falam sobre suas expectativas para o mundial e experiências vividas na Copa das Confederações

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12/06/2014 às 11:43 • Atualizada em 02/09/2022 às 3:49 - há XX semanas
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O sonho de 18 jogadoras baianas está prestes a se concretizar. Apaixonadas pela bola, as jovens, de 13 a 16 anos, vão entrar em campo na Arena Fonte Nova sob o olhar de mais de 50 mil torcedores. Ainda não como jogadoras, mas como gandulas. Elas ganharam a oportunidade depois de vencerem, no ano passado, a etapa regional da Copa Cola-Cola, disputando com outros três times.
Em 2012, a mesma equipe já havia conquistado o torneio, por isso, 11 delas também estiveram em campo, ainda que de fora das quatro linhas, na Copa das Confederações. Além de comprovarem o talento com a bola nos pés, para participar da Copa do Mundo, as meninas precisaram passar por um curso de formação que incluiu palestras sobre o mundial e orientações sobre como se comportar durante a partida. Obedecer uma cartilha de regras rigorosas é um exigência da Fifa.
Time do Centro de Formação de Futebol da Bahia (CFFB). Foto: Betto Jr/Correio 24h
Disciplinadas, elas têm na ponta da língua o que pode e o que não deve ser feito durante um jogo. “Nós não podemos comemorar o gol, por exemplo, mesmo se for da seleção que estamos torcendo. Temos que ficar sérias e concentradas”, relembra a atacante Érica Oliveira Bispo, 16, que está ansiosa para o início do campeonato mundial.
As instruções são reforçadas pelo treinador Francisco Cardoso dos Santos, o professor Quinho, 50, fundador do Centro de Formação de Futebol da Bahia (CFFB), local onde as meninas treinam. O técnico enfatiza que as gandulas têm que manter a postura, não vale ficar procurando conversa com os jogadores e a bola deve ser devolvida sempre nas mãos dos atletas.
De cara com o ídolo - Em todo o país, cerca de 700 meninos e meninas foram capacitados com aulas teóricas e práticas, durante o mês de março. Os gandulas não são remunerados. Voluntários, ficam hospedados em um hotel nos dias de jogos e ganham apenas alimentação e uniforme. Mas, para a meio-campista Andressa Silva, 13, a maior recompensa é poder ficar bem perto dos ídolos. “Vou estar no mesmo campo que alguns dos maiores craques do futebol mundial”, relata a fã de Neymar que lamenta não poder ver o jogador.
Esta também será a primeira vez que Dara Maria Diniz, 16, a melhor lateral esquerda do time, vai assistir, do campo, a partida de um campeonato mundial. Dara diz que quem quiser tomar a vaga dela, terá que pagar caro, “só por um milhão de reais”, brinca. Se o preço não fosse tão alto, certamente, teria gente disposta a pagar o valor para passar pela experiência. Os meninos que também treinam no Centro de Futebol acompanham a preparação das colegas com uma pontinha de inveja. “Eu queria ter esta oportunidade de poder ficar no campo durante a copa. Mas as meninas merecem. Muitas delas jogam melhor que a gente”, admite Arlei de Jesus Santos, 18.
Planos para Cristiano Ronaldo - Quando o assunto é Copa, ansiedade é a palavra que melhor define o estado de espírito das gandulas. A maioria delas quer ver de perto o melhor jogador do mundo, o português Cristiano Ronaldo. Para conseguir uma lembrança do ídolo Amanda pretende, discretamente, “burlar” as regras. “Vou tentar falar com ele no final da partida, se conseguir, vou pedir a camisa. Tenho certeza que ele me dará”, planeja a jovem que não tem dúvidas que vai ganhar o presente.
Lembranças - Ficar frente a frente com os astros do futebol foi uma emoção já vivida por Vanessa Bispo, 16. Ela atuou como gandula durante os três jogos que aconteceram em Salvador, no ano passado, pela Copa das Confederações. Cada partida conta com 14 gandulas. São três em cada lateral e mais quatro em cada um dos fundos dos gols. Vanessa ficou atrás das redes e lembra que por causa dos chutes do atacante Mário Balotelli, ela teve que trabalhar muito na partida entre Brasil e Itália. “O Balotelli chuta forte para o gol. Eu tive que pegar umas 30 bolas”, relembra.
Mas as lembranças da meia-esquerda não terminam aí. Ela ainda recorda detalhadamente do pequeno diálogo que teve com o jogador Lucas, da Seleção Brasileira. Na hora do intervalo o atleta se aproximou e a cumprimentou. Ciente das regras Vanessa respondeu discretamente, mas a discrição foi questionada pelo meio campista da Seleção. “O Lucas perguntou por que eu não queria falar com ele. Eu expliquei que não podia fazer isso, mas ele insistiu”. Vanessa relembra que o jogador brincou dizendo que no campo quem ditava as regras era ele, diante da insistência a jovem não perdeu tempo e aproveitou para dar um recado da amiga, também fã do jogador. “Ele mandou um beijo na bochecha para ela”, explica.
Não satisfeito, na hora de comemorar o gol marcado contra a equipe italiana, Lucas correu até a lateral, abraçou a gandula e a jogou para cima. Vanessa conseguiu se controlar e permaneceu séria, mas os trocedores vibraram por ela. “ A gandula ganhou o dia”, todos começaram a cantar. E não foi só o brasileiro que brincou com a repositora. “O goleiro da Itália ficava piscando para mim (risos).
História da profissão - Por atuarem fora das quatro linhas, quando o assunto é futebol, os gandulas são pouco lembrados, apesar de serem fundamentais para a realização de uma partida. Raramente algum rouba a cena como o que aconteceu com Vanessa. No Brasil, função de repositor de bolas surgiu assim, de forma, em 1939. Tudo começou quando o time carioca Vasco da Gama contratou o atacante argentino Bernardo Gandulla. Por causa do seu pouco talento com a bola no pé, o atleta demorou a conseguir uma vaga no time titular.
Querendo mostrar serviço, toda vez que a bola saia pela lateral, Gandulla corria para pega-la e devolvê-la ao campo. Aos poucos o jogador foi ganhando a simpatia dos vascaínos e sua atitude fez os outros clubes perceberem a importância de ter alguém responsável por devolver as bolas ao jogo. Quando uma pessoa era colocada para desempenhar esta função, os torcedores encontravam um bom jeito de apelidá-la: gandula. Foi assim que a expressão ganhou força no futebol e até os dias atuais o sobrenome do atacante batiza a profissão. Matéria original: Correio 24h Gandulas soteropolitanas participarão da Copa do Mundo

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