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SALVADOR

Hábitos noturnos, festa e arte no Rio Vermelho

Um dos bairros mais antigos de Salvador carrega pelas paredes de seus casarões as marcas da história e a cara de quem mora por lá<br />

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15/03/2011 às 15:57 • Atualizada em 29/08/2022 às 14:07 - há XX semanas
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Quem nunca passou um fim de tarde tomando uma cerveja ou comendo um acarajé de Dinha, no Largo de Santana? Tradicionalmente conhecido como o bairro da boemia, devido à quantidade de bares e restaurantes que atraem grande público, o Rio Vermelho traça a história de seus 500 anos pelas paredes, monumentos, artistas, moradores e igrejas.

Contemplado pelas águas do mar, o bairro fica geograficamente localizado entre os bairros Ondina e Amaralina.

A presença de hotéis de luxo e pousadas tornam o local um dos principais pontos de visitação turística da cidade.

O funcionário público Ruy Souza, 37 anos, que mora atualmente em Tocantins, carrega bons sentimentos pelo bairro, onde já morou. "Tenho uma relação muito especial com o Rio Vermelho. Acho um lugar muito bonito, romântico e com muita história".

Ruy é baiano, mas está longe do estado há 16 anos e sempre que pode volta à sua terra para relembrar momentos e felicidades.

Na última visita à capital, Ruy aproveitou para, além de guardar na memória, registrar os passos que mais deixa saudades. "O que me chama atenção no bairro é a sua efervescência cultural, seus prédios históricos, a festa de Iemanjá e também a sua beleza única.”



Não dá para falar desse lugar sem citar a turma que faz jus ao clima boêmio. Eles são frequentadores assíduos e jovens, independente da idade, que gostam de passar os finais de tarde tomando cerveja e comendo tira-gostos típicos do local, sem contar no bom papo que sempre reúne novos amigos à volta. “Esse lugar é mágico, as pessoas são mais abertas e boas de convivência. Não tem como não fazer amigos”, comenta a jornalista e cineasta Ceci Alves, que se mudou para o bairro há mais de dois anos.

“Quero que Deus me dê a alegria de terminar meus dias aqui”. Apaixonada de carteirinha, Ceci frequenta o local desde a adolescência quando já participava da Festa de Iemanjá, uma das manifestações religiosas mais populares que atraem fiéis e admiradores todo ano. Ela conta que, naquela época, não entendia muito bem o significado dos cortejos e dos rituais, mas que com o tempo foi se adaptando e virando fã da pluralidade religiosa que só existe na Bahia.




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O Rio Vermelho é feito de artistas e por artistas. Ateliês e as próprias obram ficam espalhadas pelas ruas, passeios e praças. Um dos exemplos que mais se destaca é o artista plástico Bel Borba, conhecido pelas suas séries em mosaicos coloridos nas paredes, o recente cachorro gigante de garrafas peti, na Praça de Santana e Jogo da Capoeira, escultura pública, em frente à Biblioteca Juracy Magalhães.

Trabalhos de outros artistas, como Sante Scaldaferri e Gil Santana traduzem a raiz artística do bairro. Um deles é Rico Oliveira, também artista plástico que, já morou no Rio Vermelho no início da década de 90 e voltou a residir lá em 2001.

Para ele, o que se destaca no bairro é a arte feita pelas pratas da casa. “É um bairro de artistas, intelectuais e que tem uma cena cultural aberta a todas as tribos”. O artista é um dos poucos que procuram nos detalhes e na simplicidade, a beleza de olhar. “Há coisas que me agradam muito aqui, como o mar que vejo da minha casa, a praia do Buracão, a Festa de Iemanjá, os barcos na colônia de pesca e o canto dos pássaros ao amanhecer”.

Rico é dono de um dom nato, antes mesmo de começar a cursar a faculdade, já fazia trabalhos dignos de técnicas profissionais. Ele passou a trabalhar com arte por volta de 1986, quando começou a se interessar por Graffiti, HQ e Colagens por causa da febre dos fanzines Punks em Salvador.


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No Rio Vermelho, há dois painéis de Rico Oliveira, um no playground do próprio prédio onde mora, e outro em decomposição na Rua Tupinambás, que foi pintado há quase nove anos. Segundo o pintor, ainda resta uma de suas obras na Escola de Belas Artes (UFBA), que é uma releitura da Guernica de Picasso, feita em parceria com o falecido artista Eduardo Thadeu. “Fizemos muitos painéis no meio acadêmico, em várias unidades da UFBA, que foram destruídos”, comenta.

Famoso por acolher artistas que fizeram sucesso no país inteiro, como os cantores e compositores Carlinhos Brown e Gal Costa, o Rio Vermelho terá outros nomes imortalizados em uma galeria que será construída no Memorial Caramuru, parte da revitalização e reestruturação urbana do bairro. Nomes como do poeta Capinam, o escritor Jorge Amado, o pintor Carybé que faleceu em 1997, o cantor e compositor Dorival Caymmi, a quituteira Dinha, a escritora Zélia Gattai e o pintor e escultor Mario Cravo farão parte dos homenageados.



Festa –
Além da pesca, o Rio Vermelho é reconhecido pela Festa de Iemanjá, que acontece anualmente, desde 1924. A homenagem religiosa para a rainha do mar, agrega pessoas vindas de toda a parte do Brasil. No dia 2 de fevereiro, multidões de fiéis cercam a beira das praias do bairro para fazer preces, dar presentes e reverenciar uma das representações religiosas mais famosas cultuadas pelo Candomblé, Iemanjá. Vestidos de branco e ao som de cânticos puxados por adeptos à religião, os devotos atiram balaios no mar, com ajuda de centenas de embarcações locais, além de perfumes, jóias, bilhetes com pedidos, agradecimentos e a oferenda dos pescadores no cortejo náutico.


Projetos - Atualmente, parte do bairro passa por revitalizações. É o antigo Mercado do Rio Vermelho, mais conhecido como Mercado do Peixe, que ganha requalificação. Resultado de uma parceria público-privada, o projeto foi firmado no dia 11 de janeiro durante uma reunião na Paróquia da Igreja de Santana, e garante, também, a reurbanização da Praça Caramuru.

Lá será instalado um memorial, composto por museu, galeria de arte, galeria dos imortais, espaço da comunidade, auditório, loja de souvenires, cafeteria, bar, restaurante panorâmico e jardim oceânico para lazer. A União dos Pescadores da Mariquita, a colônia de pesca mais antiga do Brasil, a Colônia de Pesca Z-1, que fica em frente ao Mercado do Peixe, também faz parte do projeto de reestruturação.


Surgimento – Fundado em 1509 e ainda com pouca povoação, foi com o náufrago português Diogo Álvares Correia apelidado pelos índios como Caramuru, que a história do Rio Vermelho começou. Inicialmente, foram criados três núcleos de povoamento, o da Paciência, o da Mariquita e o de Santana, onde fica a igreja matriz. Hoje, o bairro está dividido em 9 regiões, com 34 setores e 176 logradouros.

Informações gerais:


Topônimo:
Origem Tupi. Camoro (vermelho) ipe(rio)



Ocupações:
Nove regiões (com 34 setores e 176 logradouros)

Área:
2.270.800 m2

Igrejas:
Igreja de Sant’Ana
Capela do Bom Pastor
Capela da Medalha Milagrosa
Capela das Mercedálias
Padre Ângelo Magno Carmo Lopes

Praias:
Praia da Sereia
Praia da Avenida ou Praia da Paciência
Praia de Santana
Praia do Forte
Praia da Mariquita
Praia da Fonte do Boi
Prainha
Praia do Buracão.

Veja aqui galeria de fotos:

Um bairro lindo por natureza

Bairro marcado pelas cores e arte

Boemia do passado no Rio Vermelho

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