Pouco antes das sete da manhã desta quinta-feira (12) já era possível perceber a movimentação de comerciantes e ambulantes na Praça da Sé, centro da cidade. Alguns vendedores separavam colares de contas, outros arrumavam cuidadosamente as rosas brancas, vermelhas e amarelas em um balde desses de tinta, com um pouco de água. Há quem garantisse o estômago "forrado" para o dia todo com um belo prato de feijão. A Cidade Baixa começava a se preparar para receber os devotos, curiosos e turistas. Todos misturados, andantes... a maioria vestia branco.
Logo mais adiante, na Praça Municipal, o fluxo de baianos e turistas em direção ao Elevador Lacerda já dava o tom de como seria a manhã de quinta-feira. Ali do alto, de frente para a Baía de Todos-os-Santos, o sol de verão, gentilmente, parecia dar uma trégua aos fiéis que caminhariam os 8km entre a Conceição da Praia até a Basílica do Senhor do Bonfim.
Às 8h20 uma longa alvorada de fogos saudava o público que aguardava o início do ato ecumênico celebrado em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia.
Conhecida pelas histórias de devoção ao Senhor do Bonfim, a lavagem também é o momento de reunir os amantes do combo: amigos + cerveja + música. O "Arrastão do Vira", bloco de amigos e familiares do bairro da Ribeira se reúne há mais de 20 anos na lavagem com o objetivo de se divertir, beber e celebrar os amigos. Um pouco mais à frente, na altura da Avenida Jequitaia, o iBahia avistou outros tantos grupos de amigos e parentes, quase sempre uniformizados. Em todo o trajeto, havia dezenas deles. Talvez, uma tentativa de distinção no meio da multidão que seguia dispersa. Desde às 8h, o cortejo com a imagem do Senhor do Bonfim seguia sem vacilar até a Basílica.
Este ano também foi possível notar um número considerável de "corredores" durante o percurso. Centenas deles, quase todos com medalhas no peito e, em sua maioria, amadores. A cultura do "corpo saudável" ganhou um novo espaço: a Lavagem do Bonfim. O registro do "suor no Bonfim" estava publicado em tempo real. os pedidos fervorosos, quase sempre silenciosos, seguiam nos olhos daqueles que mal paravam para dar entrevista: orar e caminhar eram os únicos objetivos. As mãos estendidas para o alto ora eram súplicas ora agradecimentos.
Pouco se via do "tradicional Bonfim". Onde estavam as charangas, os homens de terno, os apitos e batuques que marcam a festa popular? Pouco antes das 11h, o cortejo com a imagem do Senhor do Bonfim fez uma pausa em frente às Obras Sociais Irmã Dulce. Momento de pedir pela saúde dos enfermos e profissionais que trabalham na instituição. Um grupo de idosos, sentados em cadeiras de rodas saudava a multidão.Minutos antes das 11h, alcançamos o adro da Basílica. Era o momento de culminância da festa: a expectativa pelas baianas, pelo cheiro de alfazema e flor de laranjeira e pitanga tomarem conta da Colina Sagrada. Ao saudar os fiéis, o padre Edson Menezes, reitor da Basílica fez um discurso que celebrava a igualdade na diferença: a multidão, uníssona, rezava o Pai-Nosso.
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Redação iBahia
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